Telecine Play - Sobreviva Ou Morra Tentando (Run Hide Fight)

3/05/2022 01:51:00 AM |

Sempre vejo tantos filmes de sequestros e tiroteios dentro de escolas que fico pensando o quão comum é isso por lá para que tantos diretores e roteiristas encarem esse tema de uma forma impulsiva para serem criativos no meio, e o mais bacana é sempre tentam dar tons bem impactantes, colocando alunos como heróis, e até sabiamente fazendo trabalhos bem marcados que conseguem chamar a atenção mesmo sendo sempre o famoso mais do mesmo, e com "Sobreviva ou Morra Tentando", que entrou em cartaz no começo do ano no Telecine Play, vemos bem toda essa intensidade, com uma garota digamos problemática que não aceita a morte da mãe continuando vendo ela e até conversando, enquanto está se jogando completamente no meio do caos para salvar os demais alunos da escola de alguns malucos. Ou seja, temos vários conflitos sendo trabalhados, e o resultado tem a abertura certa para impactar, porém poderiam ter feito alunos mais rebeldes como vilões do que apenas um grupo meio bobo de pessoas que sofreram bullying por alguns motivos, que aí sim o clima seria bem mais tenso e explosivo, e aí todas as neuras da protagonista precisariam ser maiores para ter o mesmo sucesso nas empreitadas.

A sinopse nos conta que um grupo de atiradores invade uma escola e o evento é transmitido ao vivo na internet. Zoe, de 17 anos, luta por sua vida e dos seus colegas enquanto tenta sobreviver ao que seria o maior massacre escolar da história.

Diria que o estilo do diretor e roteirista Kyle Rankin é bem simples, pois ele não quis florear sua trama, não quis criar ideais, e muito menos dar muita voz para ideologias, trabalhando bem a base natural de colégios, e amplificar a dramaticidade em cima do surto, que muitas vezes acaba indo além do normal, e que em determinado momento vemos bem a sina tanto da protagonista quanto de um dos atiradores na famosa conversa: "você também ouve vozes?", "como você conseguiu sair delas? foram os símbolos?", e isso mostra muito o que acaba ocorrendo na mente de pessoas que sofrem com bullyings, com rejeições, com mortes, e por aí afora, o que desencadeia ideias tanto boas para lidar com tudo, como algumas bem mais problemáticas, e usando essa temática com o lado adolescente, ele soube brincar bem com tudo, soube armar bem toda a invasão em um dia de trotes, preparar tudo para dificultar os policiais, e claro ter um começo que pareceu inicialmente bem desconexo, mas que no final fará todo sentido, então se faz por valer, mostrando que é um bom maestro para quem sabe ainda explodir mais para frente com algum tema mais forte e conflitivo.

Sobre as atuações, a jovem Isabele May mostrou uma boa desenvoltura para sua Zoe do começo ao fim, parecendo demorar um pouco para explodir, fazendo algumas facetas meio que desanimadas, mas sempre sendo bem direta nas interações, até o ato da invasão realmente começar e ela mostrar todo seu treinamento que teve com o pai para sobrevivência, encarando tudo de frente, mandando ver nas armas, nas dinâmicas e acertando bem até o último momento, não deixando sua adrenalina cair, o que é bem bacana de ver, ou seja, mostrou serviço, mas ainda poderia ter melhorado um pouco os trejeitos faciais para convencer um pouco mais, o que não atrapalhou ao menos. Eli Brown até tentou ser chamativo com seu Tristan, mas pareceu mais um playboy que queria aparecer do que alguém realmente com alguma causa, e assim o ator também não se soltou tanto quanto deveria, ficando naquele meio do caminho que torcemos para ir além, mas que também torcemos para se lascar com tudo, e assim fez  de seus atos algo ao menos expressivo, porém simples demais. Quanto aos demais, o pai da garota só serviu mesmo para dar um tiro, a garota rebelde teve alguns atos de surto, mas sem ir além, o garoto nerd bobo demais quando foi confrontado pela protagonista, então vale um leve destaque para o jovem doidão vivido por Britton Sear, mais pelo personagem em si do que pelo que ele fez, e para alguns trejeitos meio explosivos do xerife que Treat Williams soube segurar, mas que certamente poderia ter ido para cima e chamaria mais atenção.

Visualmente conseguiram criar um clima bem conflitivo dentro da escola, trabalhando alguns elementos cênicos bem interessantes como os jovens vendo toda a transmissão da TV com vários aparelhos, toda a escola preparada para as pegadinhas de fim de ano, mas também servindo de esconderijo/arma para a protagonista, alguns atos exagerados em dutos, alguns tiros meio que forçados também explodindo tudo ao redor, e alguns atos meio que jogados nas salas de aula, mas tudo servindo para o propósito da trama, além claro dos atos de fogo fora da escola, então podemos dizer que a equipe de arte trabalhou bem para ser representativa, mas sem ousar muito.

Enfim, é um filme interessante, forte e bem trabalhado dentro de algo que já vimos muitas vezes, que até poderia impactar mais como falei nos parágrafos acima, mas que serve de passatempo e não sai muito do eixo exagerando aonde não deveria, sendo convincente e agradável sem ter atos nojentos de ver. Ou seja, vale a indicação para todos, mas não espere nada que vá surpreender, e é isso pessoal vou ficando por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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