Alemão 2

4/02/2022 01:19:00 AM |

Se no primeiro filme lá em 2014 não demos quase nada para a trama de "Alemão" e acabamos curtindo bastante toda a interação policial que foi colocada, cheia de boas desenvolturas fortes bem impactantes e toda uma tensão com o desenrolar da invasão, agora já fomos mais preparados para tudo esperando muito mais de "Alemão 2", afinal como bem sabemos o tráfico apenas muda o dono, mas continua imponente dominando as favelas, então o que poderia rolar dessa vez. E diria que foram bem no desenrolar de tudo, afinal se lá vimos uma invasão bem orquestrada e toda uma explosão própria cheia de nuances, agora tivemos algo mais próximo de um "Resgate do Soldado Ryan" numa versão nacionalizada, aonde não necessariamente o resgate fosse apenas dos policiais, e sim de todo um contexto maior a ser trabalhado na telona. Ou seja, é um filme de sequestro do chefão do tráfico, mas mais do que isso, acaba sendo algo amplo para mostrar os tipos de pessoas que existem nos morros, os tipos de policiais, e como cada um tenta sobreviver na hora que a situação aperta. Claro que passa longe de ser melhor que o primeiro filme, mas tem um simbolismo social muito maior, que acaba sendo interessante de conferir.

O longa nos conta que vários anos após os acontecimentos do primeiro filme, o policial civil, Machado, lidera uma perigosa e secreta ação no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Acompanhado por Ciro e Freitas, o trio entra no complexo à paisana para ir atrás de um grande líder do tráfico de drogas que está no escondido no local. Sendo comandados pela delegada Amanda e seguindo pistas de uma informante, o trio sofre uma emboscada que os colocam em perigo eminente. Foragidos dentro do complexo, os policiais precisam se esconder e escolher bem os próximos passos enquanto são caçados por traficantes. No centro de operações, Amanda, que não foi com o grupo, tenta ajudá-los a sair com vida no local e voltar para a delegacia, enquanto ela também comanda uma investigação para saber o que aconteceu de errado ou quem informou o traficante sobre a ação no Alemão.

Diria que o diretor José Eduardo Belmonte soube usar o que fez de bom no primeiro filme para que aqui tudo fluísse melhor, mas como quis algo com mais ação e também desenvolver mais personagens acabou amarrando um pouco demais todo o ambiente e as situações que dariam um tom mais tenso para a produção. Ou seja, temos um roteiro forte se olharmos do ponto da violência em si, mas também temos algo mais humano em tentar mostrar a senhora que cuida de todos na comunidade, o traficante que desejava ser outra coisa e não pôde, o policial que não tem segurança alguma e sai atirando sem nem pensar, o delegado que quer subir na carreira a qualquer custo, e muito mais, ao ponto que facilmente se o primeiro virou uma série de 4 capítulos, esse se quiserem ampliar e desenvolver cada personagem dá quase para virar uma mini-novela de uns 20 capítulos. Ou seja, é um bom filme, tem felizmente a característica clássica de um longa sem precisar ficar explicando cada um, mas poderia ter ido além se o foco fosse em menos personagens.

Sobre as atuações, foi bacana ver um Vladimir Brichta mais sério com seu Machado, trabalhando uma imposição forte e direta nos atos da trama, trabalhando bem o ar de alguém sobrevivendo após tomar um tiro durante toda a fuga, e até sendo mais "humano" ainda no desenrolar de tudo, ou seja, o ator fez interações bem colocadas e chamou atenção no que fez. Outra que surpreendeu bem foi Leandra Leal com sua Freitas meio reclusa, ainda aprendendo a lidar com tudo o que está ocorrendo em sua primeira missão, trabalhando olhares e forças diferentes em cada momento, e ainda sendo intensa quando precisou, ou seja, mostrou respeito e chamou tudo para si. Gabriel Leone já mostrou o típico policial estourado com seu Ciro, sendo daqueles que atira primeiro e depois pergunta, que soca e trata todos bem mal, e que geralmente todos na equipe acabam brigando com ele, mas foi uma boa representação feita pelo ator, e até poderiam ter usado mais ele em alguns outros atos. Digão Ribeiro foi bem marcante nos atos que fez com seu Soldado, e se doou bem para que o personagem tivesse algo a mais para ser explorado, que não fosse apenas um traficante jogado na tela, mas sim pudesse ser lembrado como alguém maior, e foi. Ainda tivemos Mariana Nunes como a única que retornou do primeiro filme, fazendo o mesmo papel, agora como mãe do filho do líder do tráfico no primeiro filme, e se mostrou intensa e cheia de boas nuances com todos ao seu redor, desde o garoto até o policial da UPP vivido por Dan Ferreira. Ainda tivemos boas participações de Zezé Motta e fora do morro valendo o destaque claro para Aline Borges como a delegada chefe da operação, que foi forte nos atos e impôs boas marcações cênicas sem precisar explodir.

Visualmente o longa foi bem recheado de boas cenas no meio da comunidade, cheia de becos, de conflitos em casas espalhadas, muitos detalhes cênicos para dar as devidas representações do ambiente, uma central de inteligência totalmente brasileira (falhando na hora que mais precisavam dela), e claro muitas armas com tiros para todos os lados no melhor estilo de guerra possível, trabalhando bem cenas fortes com muito sangue, uma ambientação bem movimentada para a direção de fotografia brilhar com a câmera na mão, e tudo numa velocidade bem funcional, ou seja, conseguiram criar o clima tenso e funcionar na tela.

Enfim, é um bom filme nacional, que empolga e tem a devida tensão cênica que prometia, porém ficando abaixo do original por querer ir além demais, e assim sendo vale a conferida com a ressalva de que alguns podem ficar confusos com o que o diretor realmente desejava expressar na tela, já que tem opiniões de todos os estilos na mesma trama. Sendo assim até recomendo ele, mas sabendo que muitos irão reclamar em alguns atos de certos exageros. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, agora do streaming já que as estreias dos cinemas acabaram, então abraços e até logo mais.


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