Diria que o principal defeito do longa foi ter colocado uma diretora estreante à frente de um projeto imponente de uma pessoa extremamente grandiosa, pois não digo que a diretora Liesl Tommy tenha errado na condução que deu para sua trama, pois é um belo filme, tem estilo, tem vivência e tem a força da mulher que a homenageada merecia receber, porém com alguém mais preparado para o estilo biográfico certamente daria um tom ainda mais forte para algumas cenas, envolveria bem mais toda as ideias e expressividades que algumas cenas necessitavam, e principalmente faria o filme ainda maior não de duração, mas de explosão visual, pois temos algumas cenas bonitas quase que jogadas de lado, alguns atos duros quase que passando em branco e alguns momentos de emoção que funcionaram só por serem mais apelativos, ou seja, acabou sendo uma trama que deu sorte de não soar cansativa, pois tem muitos erros de dinâmica por parte da direção, e assim sendo poderia ter virado algo monótono demais que Aretha não mereceria ter para ser representada.
Quanto das atuações, Jennifer Hudson se entregou completamente para o papel, fazendo uma Aretha incrível, cheia de nuances, botando o gogó para jogo do começo ao fim, mas muito mais do que isso trabalhando olhares, criando vertentes fortes durante todo a trama, e sendo muito expressiva ao ponto de nos convencer do que estava entregando, e o melhor foi ver as fotos no final que mostraram demais a semelhança que conseguiram passar da protagonista jovem, ou seja, perfeita demais, tanto que conseguiu ganhar muitos prêmios pelo papel e ainda ser indicada ao SAG desse ano. E já que falamos da protagonista jovem, indo mais para atrás ainda Skye Dakota Turner foi impressionante na versão criança de Aretha, fazendo semblantes bem coerentes com cada ato, sorrindo na medida do possível, mas também se fechando completamente após os dois ocorridos fortíssimos que a jovem viveu, ou seja, foi bem demais em cena. Outro que trabalhou muito e chamou muita atenção foi Forest Whitaker como um pai duro, que se aproveitou muito do dom da filha, mas que também enxergou muito além na vida da jovem, e o ator fez trejeitos marcantes e soube dosar toda a intensidade dos atos para não soar criterioso demais, o que acabou agradando bastante. Dos companheiros da protagonista, tivemos dois homens completamente diferentes na tela, o primeiro Marlon Wayans que tanto estamos acostumados a ver fazendo comédia acabou saindo muito bem como Ted White imponentíssimo, briguento, cheio de estilo e sendo marcante demais em cena, e do outro lado tivemos Albert Jones fazendo um Ken Cunningham mais fechado, cheio de sensações bem colocadas, e que trabalhou cada momento mais próximo à protagonista entregando muito carisma e boa interação. Pelo lado dos produtores vale o destaque mais para Marc Maron com seu Jerry Wexler direto, criando os hits que tanto a cantora desejava ter, levando ela para uma banda que soube encontrar o ritmo certo para ela, e trabalhando bem a entonação das dinâmicas acabou agradando bastante. Ainda tivemos bons ensejos de Gilbert Glenn Brown fazendo Martin Luther King Jr. que era uma pessoa da casa de Aretha, Hailey Kilgore e Saycon Sengbloh fazendo as irmãs de Aretha que foram cantoras solo também, mas acertaram bem como coral da cantora, entre vários outros bons atores que se doaram para os papeis e encaixaram tudo na tela, mas sem grandes destaques.
Visualmente o longa trabalha bem os anos 50 a 70, mostrando todo o ar familiar conturbado da casa da protagonista, misturando igreja com festas, trabalhando coral e manifestações políticas, mostrando todo o ambiente das gravadoras, dos shows e das viagens, e pontuando detalhes de todos os lados, colocando alguns elementos cênicos marcantes como roupas cheias de peles, muita bebida de todos os lados, e tudo mais que fosse representativo, ou seja, um filme completo de estilo que mostrou bem tudo, mas que poderia ter ido mais além se focasse nos atos finais talvez da cantora que foram ainda mais expressivos e fortes dela.
Musicalmente nem vou falar nada, afinal colocaram desde canções que poucos ouviram até grandiosos hits que já embalaram clássicos do cinema, já tiveram imensas versões e tudo mais, ou seja, dublando a original em alguns momentos ou seja na voz real de Hudson o filme teve um conteúdo monstruoso na tela que agrada demais do começo ao fim.
Enfim, é um bom filme, tem todo o contexto completo de homenagem que agrada bastante, mas certamente poderia ser muito melhor, tanto que a distribuidora nem optou por explodir ele nas telas dos cinemas, saindo direto para o streaming, para nossa sorte também, pois muitos preferem ver assim, então fica a dica para conhecerem mais dessa grandiosa cantora, e quem sabe logo mais alguém encara de trabalhar os anos 80 a 2018 quando a artista partiu, e que nesse miolo ganhou vários prêmios. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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