Diria que o diretor Riccardo Antonaroli quis fazer algo quase que teatral em sua primeira direção de longas, pois o filme facilmente poderia ser desenvolvido em três ou quatro espaços, tirando o fato do protagonista sempre olhar pela janela para ver se as motos dos espiões ainda estão por lá, e dessa forma sua esquete é bem elaborada, porém faltou para ele o tino de um diretor já experiente, já que muitas cenas suas rolam abertas e desnecessárias para o conteúdo todo, ao ponto que não acrescentam muito para o filme, e nem se desenvolvem, ou seja, daria para cortar ou então colocar coisas mais diretas. Ou seja, seu primeiro filme é bem interessante, trabalha bem os temas, e até encaixa atos que vão além, mas depender apenas da ideia e não deixar rolar fica sendo falso, além de depender de falas para que o público note, como é o caso da síndrome de Estocolmo que está na moda de usarem, e também o fechamento bonito escrito no papel, que poderia dar nuances maiores. Sendo assim, o filme funciona para o que foi proposto, mas falta com aquele algo a mais que poderia ter sido por alguém mais experiente.
Quanto das atuações, vou ser bem direto e falar que nenhum dos atores que fizeram os mafiosos convenceram no que tentavam passar, ao ponto que chega a ser forçado os trejeitos e diálogos que entregaram na tela, então é melhor nem citar ninguém para não ser injusto. Já entrando nos protagonistas, Andrea Lattanzi e Brando Pacitto foram bem colocados em cena, o Jack de Lattanzi tendo um lado mais explosivo e direto, mas passando bem o carisma nas cenas certas, enquanto o Ludovico de Pacitto mais recluso, sendo daqueles que não ousam em nada, mas dispostos a mudar, e a química entre eles foi bem usada e certeira para envolver e agradar, ou seja, ambos trabalharam bem e fizeram com que seus personagens funcionassem além até do que precisava, ou melhor, do que o diretor podia pedir para eles, mas ainda assim poderiam ter feito mais com alguém melhor comandando. Quanto das garotas também foram mal-usadas, e isso pesa na tela, então melhor nem citá-las.
Falando do visual da trama, fizeram um bar/quartel da máfia meio simplório demais para o tanto de dinheiro envolvido, mas com cenas bem impactantes de tiros e facadas, usando apenas alguns caça-níqueis e algumas mesas no local, o apartamento do protagonista foi simbólico para mostrar sua bagunça de morar sozinho, e também não saber fazer as coisas, tendo livros espalhados, luzes sem conexões de fios, prateleiras quebradas, e tudo mais servindo de bons símbolos, e o apartamento das garotas também nem foi quase explorado, tendo uma mesa e um chuveiro se for contar a fundo, ou seja, como já disse funcionaria fácil como uma peça teatral, e assim o resultado mais explosivo ficou por conta da perseguição de motos, mas nada muito surpreendente. Porém cada detalhe de uso dos protagonistas no ambiente serviu bem para dar o envolvimento deles, e isso souberam fazer bem.
Enfim, é um filme que está bem longe de ser perfeito, mas que também passa longe de ser ruim, sendo rápido e bem trabalhado nas nuances que desejavam passar, e assim o resultado até que agrada, porém poderiam ter melhorado muitas coisas para que o filme chamasse mais atenção e surpreendesse em tudo, já que no fechamento fizeram essa sacada ao menos para marcar algo a mais. Sendo assim indico ele com muitas ressalvas, mas quem tiver com um tempinho vale pelo cinema italiano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...