O diretor Michael Showalter foi bem esperto em trabalhar com um roteiro desenvolvido em cima de um documentário do ano 2000 feito com os verdadeiros personagens, pegando sínteses, olhares, e claro muito material para trabalhar tudo de uma maneira ficcional convincente, e a sacada de não focar tanto no escândalo, nos conflitos e todo o processo de recuperação deles foi algo bem intenso e marcante para dar vida realmente à personalidade da protagonista, seus conflitos com o marido, toda a desenvoltura de envolvimento, e com isso chamar o foco realmente para que nós nos envolvêssemos com o ambiente, com a vontade deles querer ir além, e como a riqueza muda as pessoas para querer sempre mais, ou seja, o diretor não quis algo muito amplo, mas também não ficou tão fechado, ao ponto que temos uma síntese bem clara de como eles iniciaram nas pregações, nas ideias de crescimento, e claro na personalidade de Tammy, afinal ela sempre teve carisma demais, e conseguiram sem precisar apelar dar todo esse tino apenas com os momentos, não necessitando nada que fosse muito além de uma mulher religiosa e com muita vida.
E falando claro das atuações, temos logo ir de cara no que Jessica Chastain fez com sua Tammy, e já unindo, o que a equipe de maquiagem fez com ela, pois a atriz se entregou completamente à personagem, fazendo trejeitos e desenvolturas tão próprias que em momento algum vemos qualquer outra personagem que ela já tivesse feito, sendo algo único que passa por quase todas as fases de vida da cantora e apresentadora gospel, e que a maquiagem conseguiu fazer tanto as nuances de jovem quanto as de mais velha, com muita força e marcando sempre pela tonalidade chamativa, ou seja, vemos na tela um trabalho completo e que mereceu cada prêmio recebido. Já Andrew Garfield sabemos de todo o potencial que sempre entrega em seus personagens, mas aqui fazendo Jim Bakker ele acabou soando falso demais, seja pela personalidade meia que de falsário realmente do personagem ou de carregarem tanto na sua maquiagem meio que estranha, parecendo ter bochechas demais, e um carisma meio que não tão convincente, mas ele extraiu bem seus momentos e funcionou ao menos até o final mantendo bem a ideia. Ainda tivemos muitos outros bons personagens, com destaque para Cherry Jones como a mãe da protagonista, com uma atitude bem forte e intensa em todos os atos, Mark Wystrach como o músico que Tammy teve um leve envolvimento, e Vincent D'Onofrio bem encaixado como o reverendo Jerry Fawell bem imponente, entre vários outros bem chamativos.
Visualmente o longa foi bem bacana por mostrar toda a riqueza por trás dos ministros cristãos dessas redes de TV gospel, aonde muito se pede para evangelizar, e que acabam fazendo uso para bens próprios como mansões, roupas, e tudo mais, e a equipe de arte trabalhou muito bem cada elemento alegórico para representar o início simples deles, o primeiro carrão, o primeiro fantoche, o programa infantil inicial, o primeiro talk-show, o estouro de crescimento ao ir na casa de outro líder religioso, e daí pra frente toda a base de uma grande rede de TV, a ideia de fazer até um parque aquático que seria a Disney religiosa, os diversos programas com telefones recebendo doações, as gravações musicais, e claro toda a decadência com o escândalo explodindo, perdendo tudo e indo morar na periferia até cantar numa escola, ou seja, perfeição nas escolhas cênicas e muita alegoria para chamar atenção do começo ao fim, e como já disse ótimas maquiagens e cabelos para todos serem bem representados.
Enfim, é um longa que até poderia ter ido mais além, ter trabalhado um processo todo mais crítico em cima das brigas de impostos, os conflitos de quem perdeu tudo e muito mais, mas preferiram dar nuances mesmo na vida da protagonista e seu crescimento, o que funciona bem, e chama atenção, então vale a recomendação para conferirem ele dessa forma, e assim com toda certeza entender um pouco mais de tudo o que está por trás dessas redes religiosas, e das pessoas que vivem disso. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto logo mais com mais textos, então abraços e até breve.
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