Quando conferi "King Richard - Criando Campeãs" falei que desejava ver outros longas do diretor Reinaldo Marcus Green, e eis que hoje dei o play no filme feito pouco tempo antes do grandioso filme do pai das tenistas, e aqui ele também trabalhou muito bem a sina de um pai em busca de redenção por não ouvir o desejo de seu filho, e olha, o cara é realmente bom demais no desenvolvimento de personalidades, conhece muito do estilo introspectivo, e também deu sorte de ter em suas mãos além de ótimos textos biográficos que dá para estudar fotos, vídeos e tudo mais, ótimos atores dispostos a ir muito além de qualquer personificação que já tenha feito. Ou seja, o diretor foi bem preciso no que precisava mostrar, e mais preciso ainda em como desenvolver isso, ao ponto que ele imprime um carisma forte na trama, coloca toda a essência visual em síntese para ser pensada, e com isso acaba ampliando demais toda a reflexão que o tema já é proposto sozinho, mas que com o filme passa a envolver ainda mais. Sendo assim, se lá no outro filme eu disse que não sabia se ele era um bom diretor realmente, agora com dois trabalhos analisados posso dizer que só posso esperar bons filmes vindos de sua mão, pois ele sabe conduzir bem esse estilo, e deve se manter sempre em biografias que vai ir mais longe ainda, aliás seu próximo filme é a biografia de Bob Marley, então vamos esperar para ver o que acontece.
Sobre as atuações, Mark Wahlberg entrega demais com seu Joe, inicialmente desligado sem perceber nada do filho, sem se entregar para ele, sem lhe ajudar, apenas deixando como diz em determinado momento o curso natural seguir, mas como bem sabemos isso não dá certo, e aí vemos sua jornada de redenção numa caminhada imensa, com palestras que alguns fingem ver, outros nem dão atenção, mas sempre pronto para falar e muitas vezes nem ouvir o que fala também, não ouvindo a própria família e não ouvindo a principal dica do filho já morto no começo da caminhada, que vai resultar no final do longa, ou seja, o papel é marcante e fala até mais do que o próprio ator, mas ele se impõe com trejeitos tão bons e fortes que acaba funcionando demais. O jovem Reid Miller já tem mostrado há algum tempo nas diversas séries que fez parte do seu potencial, mas aqui com seu Jadin o garoto se soltou completamente e deu nuances tão incríveis e bem feitas que acaba ficando marcante e facilmente será muito lembrado para qualquer papel, pois tem estilo e domina o que faz, agradando com sutilezas e ares bem marcados nos olhares. Ainda tivemos bons momentos mais espaçados com a esposa vivida por Connie Britton, alguns atos fortes com o outro filho vivido por Maxwell Jenkins, e até um ótimo diálogo de Gary Sinise como um xerife que acolhe o protagonista nos últimos atos do longa, mas uma pontuação forte de expressividade pode ser destacada para Igby Rigney com seu Chance e toda a forma envolvente que passa nas dinâmicas com o jovem garoto, ou seja, o elenco de apoio foi muito bem em todas as cenas, dando as devidas conexões e funcionando para não sobrepor os dois protagonistas.
Visualmente o longa tem dois vértices bem montados que é antes e depois da tragédia, e que vão se intercalando na tela, no primeiro mostrando a família na casa com conflitos tradicionais e praticamente ninguém enxergando o garoto realmente, com uma casa comum de família simples, temos todo o ambiente pesado na escola também tradicional com seu time de futebol, os conflitos no vestiário, uma festa a fantasia, tudo bem direto no ponto, e no segundo plano temos todo o road-movie vivido pelo protagonista passando por outras escolas com palestras, por bares aonde vê o preconceito rolando solto sem querer brigar, temos sua cabana, seu carrinho, as várias ambientações climáticas e claro as dinâmicas de pai e filho que ele imaginaria ter se fosse diferente, ou seja, um jogo bem trabalhado da equipe de arte, que com simplicidade consegue funcionar demais.
Enfim, é um longa bem reflexivo sobre o tema, que tem ótimas atuações dos protagonistas, e que a direção soube montar muito bem todo o ambiente funcional para ir além, porém volto a frisar que a surpresa e o impacto seria diferente se não fosse entregue tão rapidamente a condição do garoto, pois iríamos ir refletindo tudo no caminho, vendo os acontecimentos, para num ato anterior ao fechamento a queda vir com tudo, e aí sim seria o filme perfeito como obra até mais ficcional do que biográfica, mas é apenas uma opinião, afinal tudo funciona bem e agrada, valendo a indicação para conferida de todos na plataforma de streaming. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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