Netflix - Os Opostos Sempre Se Atraem (Loin Du Périph) (The Takedown)

5/07/2022 01:14:00 AM |

Se você olhar o pôster do lançamento da Netflix, "Os Opostos Sempre Se Atraem", irá ver dois grandiosos atores tanto de filmes de arte franceses, como também dois que andam se aventurando bastante em alguns projetos mais ambiciosos e grandiosos no streaming, e com isso arrumando muito mais fãs do que apenas o pessoal que costuma frequentar festivais, porém logo mais vão precisar começar escolher melhor suas produções para encarar, pois já começaram a cair em bombas que tentam parecer com algo bom, mas enganam quem for esperando um algo a mais como é o caso aqui, afinal o longa lembra aqueles pastelões americanos de duplas policiais que vão desvendar um crime e ficam se "sacaneando" durante todo o percurso, enfrentando piadas racistas e de supremacia fascista, e sem chegar no mérito de agradar nem de um jeito, nem chamando atenção de outro acaba ficando simples e bobo apenas. Ou seja, temos boas cenas de ação, algumas sacadas bobas que fazem rir, mas o resultado final completo não vai muito além, e assim desaponta mais do que agrada.

A sinopse nos conta que dois policiais - Ousmane Diakité e François Monge - com estilos, origens e carreiras muito diferentes se reúnem para uma nova investigação que os leva até os Alpes Franceses. Dez anos após trabalharem juntos, a dupla improvável separada pela vida, está reunida mais uma vez para a nova investigação, mas não muito felizes em se encontrar novamente. O que parecia ser uma simples investigação sobre assassinato particularmente sórdido de uma pessoa comum acaba sendo bem complicada, já que a pessoa tem seu corpo dividido ao meio. Metade de um corpo é encontrado na Gare de Lyon, em Paris. A outra metade encontra-se numa pequena aldeia no sopé das montanhas dos Alpes. Ousmane e François terão que ir lá para solucionar esse homicídio. Mas o caso passa a ter envolvimentos com um esquema de drogas e acaba se tornando um caso criminal complicado e perigoso, além de uma comédia inesperada.

O diretor Louis Leterrier tem muita experiência em longas de ação, e por isso as cenas mais bacanas do filme são as com carros e as que envolvem certas dinâmicas com mais personagens do que apenas as com a dupla, aliás foi usando essa base que foi convidado para assumir a vaga de Justin Lin no próximo "Velozes e Furiosos X", porém todos os seus filmes tiveram grandes problemas com o ar cômico que não é tão impactante, e acaba falhando na formatação, ou seja a proposta aqui era até que boa e se trabalhado melhor o roteiro acabaria sendo divertida num ponto bacana de ver, mas não ficou nem pastelão, nem engraçado realmente, caindo naquele meio termo que o público fica na dúvida se o que queriam mostrar era realmente aquilo ou algo diferente, sem ir a fundo em nenhuma das formas, o que acaba desapontando bastante. Diria que talvez um diretor de comédias realmente daria frutos melhores sem ter tanta ação, mas a proposta seria mantida.

Sobre as atuações nem é preciso falar muito, afinal sabemos do potencial de ambos, e Omar Sy tem um estilo próprio de dominar o ambiente que é colocado, ao ponto que seu Ousmane Diakité acaba sendo envolvente, direto e cheio de sacadas próprias explosivas que acabam soando divertidas, mas não engraçadas, e ele já fez tantas comédias que acaba parecendo que faltou o diretor pedir algo a mais para ele, ou seja, foi bem, mas não alcançou nem 50% do que sabe fazer em cena. Laurent Lafitte é um dos grandes nomes da comédia francesa, tanto que assina isso como parte do seu sobrenome quando é colocado na tela dos filmes franceses, só que ele geralmente força o riso, e aqui seu François Monge precisava de alguém que fizesse ele ir além, e Omar não é esse estilo, então ficou parecendo estar fazendo gracejos para ninguém, e isso fica estranho na maioria das cenas, ou seja, poderiam ter colocado um terceiro elemento no longa que abriria esse vértice de uma forma maior, e assim divertir mais. A sacada de fechamento da personagem de Izïa Higelin, Alice, era esperada principalmente por forçar sorrisos demais em todas as cenas, não parecendo algo normal, e essa artificialidade pesa um pouco em determinados momentos, e talvez uma explosão mais cedo agradaria para ter um novo eixo na trama antes de tudo, ou seja, foi mal utilizada. E ainda tivemos outros atores que tentaram aparecer, mas só fizeram piadas fascistas ruins, e isso soou um pouco pesado e estranho de ver na tela, tendo um leve destaque claro para o grande vilão vivido por Dimitri Storoge como o prefeito Brunner, mas nada que surpreendesse realmente.

No conceito visual filmaram em locações bem interessantes em Paris no começo e depois na maior parte em Rhône-Alpes, num vilarejo cheio de pessoas que exaltam o branqueamento da população, a pátria como algo exclusiva para eles, e que brincando com nomes das lojas, com o conflito com imigrantes, e claro um ar campal de fazendas, que funcionou com casas incríveis e também alguns gracejos sexuais, ou seja, trabalharam os elementos de uma forma clássica das comédias antigas, mas funcionando para o que o longa precisava, ao menos no visual.

Enfim, é um filme que tinha potencial pela história, pelos ótimos atores, pela direção de ação de primeira linha, e até mesmo pelas dinâmicas em si, mas que na união acabou errando tanto que nem tem como defender, ficando fraco e até falho demais, não sendo algo péssimo, mas que não dá para indicar, e sendo assim é melhor dar play em outra coisa nas plataformas de streaming. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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