O diretor Louis Leterrier tem muita experiência em longas de ação, e por isso as cenas mais bacanas do filme são as com carros e as que envolvem certas dinâmicas com mais personagens do que apenas as com a dupla, aliás foi usando essa base que foi convidado para assumir a vaga de Justin Lin no próximo "Velozes e Furiosos X", porém todos os seus filmes tiveram grandes problemas com o ar cômico que não é tão impactante, e acaba falhando na formatação, ou seja a proposta aqui era até que boa e se trabalhado melhor o roteiro acabaria sendo divertida num ponto bacana de ver, mas não ficou nem pastelão, nem engraçado realmente, caindo naquele meio termo que o público fica na dúvida se o que queriam mostrar era realmente aquilo ou algo diferente, sem ir a fundo em nenhuma das formas, o que acaba desapontando bastante. Diria que talvez um diretor de comédias realmente daria frutos melhores sem ter tanta ação, mas a proposta seria mantida.
Sobre as atuações nem é preciso falar muito, afinal sabemos do potencial de ambos, e Omar Sy tem um estilo próprio de dominar o ambiente que é colocado, ao ponto que seu Ousmane Diakité acaba sendo envolvente, direto e cheio de sacadas próprias explosivas que acabam soando divertidas, mas não engraçadas, e ele já fez tantas comédias que acaba parecendo que faltou o diretor pedir algo a mais para ele, ou seja, foi bem, mas não alcançou nem 50% do que sabe fazer em cena. Laurent Lafitte é um dos grandes nomes da comédia francesa, tanto que assina isso como parte do seu sobrenome quando é colocado na tela dos filmes franceses, só que ele geralmente força o riso, e aqui seu François Monge precisava de alguém que fizesse ele ir além, e Omar não é esse estilo, então ficou parecendo estar fazendo gracejos para ninguém, e isso fica estranho na maioria das cenas, ou seja, poderiam ter colocado um terceiro elemento no longa que abriria esse vértice de uma forma maior, e assim divertir mais. A sacada de fechamento da personagem de Izïa Higelin, Alice, era esperada principalmente por forçar sorrisos demais em todas as cenas, não parecendo algo normal, e essa artificialidade pesa um pouco em determinados momentos, e talvez uma explosão mais cedo agradaria para ter um novo eixo na trama antes de tudo, ou seja, foi mal utilizada. E ainda tivemos outros atores que tentaram aparecer, mas só fizeram piadas fascistas ruins, e isso soou um pouco pesado e estranho de ver na tela, tendo um leve destaque claro para o grande vilão vivido por Dimitri Storoge como o prefeito Brunner, mas nada que surpreendesse realmente.
No conceito visual filmaram em locações bem interessantes em Paris no começo e depois na maior parte em Rhône-Alpes, num vilarejo cheio de pessoas que exaltam o branqueamento da população, a pátria como algo exclusiva para eles, e que brincando com nomes das lojas, com o conflito com imigrantes, e claro um ar campal de fazendas, que funcionou com casas incríveis e também alguns gracejos sexuais, ou seja, trabalharam os elementos de uma forma clássica das comédias antigas, mas funcionando para o que o longa precisava, ao menos no visual.
Enfim, é um filme que tinha potencial pela história, pelos ótimos atores, pela direção de ação de primeira linha, e até mesmo pelas dinâmicas em si, mas que na união acabou errando tanto que nem tem como defender, ficando fraco e até falho demais, não sendo algo péssimo, mas que não dá para indicar, e sendo assim é melhor dar play em outra coisa nas plataformas de streaming. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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