Quem já leu meus textos anteriores dos filmes do diretor e roteirista Robert Eggers sabe que mesmo achando muito bom "A Bruxa", até hoje é um filme que não curti muito, e "O Farol" achei genial, porém extremamente lento que quase dormi, agora o que ele fez hoje foi a perfeição completa, mantendo seu estilo seco com imagens incríveis e imponentes, um texto forte e com pegada, daqueles que ficam na cabeça várias frases, seguindo claro uma mitologia nórdica, uma lenda interessante, e que já vimos aparecer com outra aparência no clássico de Shakespeare, "Hamlet", mas principalmente melhorou consideravelmente o ritmo, e não fazendo algo acelerado, mas sim algo com as devidas pausas cênicas, com todo um traquejo bem montado de horas fortes e horas mais brandas (não tem nada que desse para usar a palavra leve no filme!), e que mesmo você estando extremamente cansado de uma semana quase inteira de trabalho não piscasse ou hesitasse em dormir, o que é completamente diferente de seus dois longas anteriores que o sono vinha na velocidade máxima durante cada ato. Ou seja, muitos vão achar um filme violentíssimo que não dá para conferir, mas quem entrar de cabeça no filme vai amar cada detalhe e sair impressionado no sentido mais positivo da palavra, afinal é cinema de arte, mas com uma pegada comercial perfeita.
Sobre as atuações, Alexander Skarsgård deu seu nome para Amleth, se jogando por completo nas cenas mais fortes, lutando com imposição, fazendo trejeitos marcantes, e claro dando literalmente seu sangue pela produção, pois se cortou algumas vezes nos depoimentos que deu, mas claro na maioria das cenas usando muita maquiagem, se sujando sem dó nem piedade, e marcando muitos pontos com tudo o que precisasse fazer com muita disposição e desenvoltura, ou seja, caiu como uma luva para o papel e vai ser lembrado por tudo. Anya Taylor-Joy tem crescido tanto nos papeis que pega, que diria que seu agente é um dos melhores de Hollywood, pois estão lhe entregando papeis fortes, aonde ela pode se expressar bem e impor trejeitos próprios, afinal ela é bem seca de nuances, e isso cai muito bem nos personagens que faz, e aqui sua Olga tem cenas fortíssimas de expressividade tanto facial, quanto corporal e sensual, incluindo um arremesso que muitos vão chocar, mostrando personalidade e clareza no que desejava fazer em cena, ou seja, perfeita. Claes Bang não é daqueles atores que aparecem muito, e aqui seu Fjölnir poderia ser mais forte no miolo, ao ponto que ficássemos com mais ódio dele, afinal é um vilão em suma, se seguirmos a ideia do protagonista, ou não se seguirmos outra lógica que nos é contada próxima do final, mas se impôs bem, cortou algumas cabeças humanas e de animais, e na luta final foi bem imponente. Nicole Kidman fez uma rainha interessante, num misto de loucura e imposição, fazendo trejeitos intensos e marcantes, mas sem sair da linha, o que acaba sendo bem bacana de ver, mas como seu papel é ao mesmo tempo importante pela trilha final, mas secundário no meio do conflito todo do longa, acabou ficando um pouco apagada demais, mas foi bem no que precisava ser feito. E ainda tivemos nos primeiros atos ótimas atuações de Ethan Hawke como o rei Aurvandill, com a cena na caverna fortíssima com o filho, e também na mesma cena uma ótima interpretação do sempre incrível Willem Dafoe como o curandeiro Heimir, ou seja, até nos secundários colocaram gente boa demais. Dos mais jovens todos tentaram aparecer bem, sendo expressivos e bem dirigidos, mas a versão jovem de Thórir com Gustav Lindh ficou meio boba demais, o que pesou um pouco para ser algo mais chamativo no papel.
Visualmente o longa é um deleite puro, com cenas filmadas em locais bem amplos, com vilas bem construídas para serem destruídas nas invasões, muitos atos com armas fortes em lutas corporais marcantes, muitas cenas de danças imponentes e cheias de simbolismo, figurinos bem trabalhados sem firulas para retratar realmente o povo viking bem sujo, cenas em barcos, cenas sexuais fortes e também algumas mais trabalhadas, e muita maquiagem, muito sangue, muito visual mesmo real, afinal o diretor já falou que não gosta muito de computação gráfica, e assim sendo a equipe de arte que lute literalmente para que tudo fique o mais real possível, e isso faz valer demais no que é mostrado na tela.
A trilha sonora é bem marcada por tambores e batidas nos escudos, tendo uma ou outra canção simbólica para os atos, e isso deu um ritmo bem cadenciado que não tem enfeites, mas quem achar que é daquelas aventuras frenéticas vai se decepcionar, pois é um longa bem artístico e funciona como tal, mas o melhor é que como já disse não cansa em nenhum momento.
Enfim, certamente colocarei ele no final do ano como um dos melhores filmes que vi, pois é intenso sem pesar a mão, é artístico sem ser chato e cansativo, e principalmente é daqueles que consegue chamar atenção sem precisar apelar, funcionando no que é proposto desde o começo e impactando de alguma forma nas pessoas que forem assistir, valendo demais a recomendação, mesmo que tenha algumas atuações secundárias que poderiam ser melhores, mas que não atrapalham tudo o que tem de bom, e sendo assim se hoje tivesse notas picadas daria um 9,5 para ele, mas como não tenho vou dar 9 com vontade de 10. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...