O Peso do Talento (The Unbearable Weight of Massive Talent)

5/14/2022 01:48:00 AM |

Costumo falar que o gênero mais difícil de se fazer é a comédia, pois fazer rir de verdade é algo que poucos longas conseguem entregar para uma pessoa, afinal muitas vezes até rimos por alguma forçada de barra do protagonista, outras vezes por uma piada idiota, mas rir mesmo com toda a ideia é algo que poucos filmes fazem, então tentar fazer rir colocando junto uma dose dramática e ainda brincar com metalinguagens de outros filmes e personagens, só um maluco completo se arriscaria, e se falou em maluquice quem aceita qualquer parada: ele mesmo Nicolas Cage, que encarou uma dura missão de se auto interpretar, fazer uso de outros personagens famosos seus, ter cenas memoráveis relembradas, e ainda ousar criar um filme dentro de outro filme, tudo isso nos 107 minutos de "O Peso do Talento". E a primeira pergunta que vem na mente: funcionou? E a resposta é mais ou menos, pois acabou sendo uma trama digamos estranha, que até faz você sorrir, tem boas sacadas, mas que só quem for realmente muito fã do ator, que já viu praticamente todas as suas principais obras, e gostar de uma comédia mais recheada de sacadas irônicas do que realmente algo bem divertido, vai acabar gostando, porém não é algo ruim, pelo contrário, dá para refletir na carreira de Cage, e até curtir a ideia completa que já é notável de como irá acabar, mas pra isso precisa aguentar o filme todo.

O longa nos mostra que sofrendo por não conseguir mais papéis como antes, não ter mais a fama como antes, estando insatisfeito com a vida e prestes a pedir falência, Nicolas Cage chega no fundo do poço e se mete em uma aventura que ultrapassa os seus papéis feitos. Após correr atrás de Quentin Tarantino implorando um papel em seu novo filme e não obtendo sucesso com o diretor, Cage acaba aceitando US$ 1 milhão, como sua última fonte de renda. O dinheiro vem de Javi, um superfã e fanático pelo ator, mas extremamente perigoso. As coisas tomam um rumo inesperado quando Cage é recrutado por um agente da CIA e forçado a viver de acordo com sua própria lenda, canalizando seus personagens mais icônicos e amados na tela para salvar a si mesmo e seus entes queridos. Com uma carreira construída para este momento, o experiente ator deve assumir o maior papel de sua vida - ele mesmo.

Diria que o diretor Tom Gormican melhorou consideravelmente seu estilo de comédia em seu segundo filme, pois o primeiro "Namoro ou Liberdade" até que foi bonitinho, mas faltou aquela história realmente que chamasse a atenção, já aqui ele trabalhou bem a essência e fez algo feito com um primor para os fãs de Nicolas Cage, e a julgar pela quantidade de pessoas na sessão, diminuíram consideravelmente após a pandemia, ou o pessoal não anda curtindo mais seus trabalhos, pois antes todos os filmes dele lotavam, ou seja, a ideia aqui é algo bem diferente dos padrões de Hollywood, ao ponto que se me falassem que era uma trama britânica aceitaria de cara, pois elogia ao máximo "As Aventuras de Paddington 2", tem um estilo dramático melhor inserido do que a própria comédia, e usa tantas referências que acaba indo por rumos até meio desencontrados, mas que funciona e agrada, ao ponto que talvez mais para frente até vire algo cult, mas que atualmente pareceu desencontrado com a proposta, ao ponto que faltou direção no texto para ir além do que é facilmente encontrado logo nas primeiras cenas.

Sobre as atuações, basicamente temos de falar claro de Nicolas Cage fazendo ele mesmo normal, e assumindo trejeitos clássicos de seus personagens mais marcantes, além de assinar também como Nicolas Kim Coppola uma versão mais jovem sua dentro de sua mente com claro o pseudônimo de Nicky, e fazendo claro seu jeito canastrão bem emocionado, seus olhares fortes acaba levando para si mesmo uma referência marcante e bem trabalhada, ou seja, é ele sendo ele mesmo e mostrando para si mesmo que fez bons papeis na carreira. Ainda tivemos um Pedro Pascal com um Javi bem encaixado, cheio de olhares apaixonados de fã para com seu ídolo, trabalhando sotaques e desenvolturas emblemáticas, e marcando bem o território para que o papel não ficasse apenas como um fã milionário, mas sim um algo a mais que brinca com o feitio de um filme e a personificação de um papel, bem como também muitas drogas rolando e deixando tudo ainda mais maluco. Quanto aos demais, tivemos uma participação efetiva de Tiffany Haddish com sua Vivan, algumas boas sacadas com Neil Patrick Harris como o agente do protagonista, e até boas conexões familiares feitas por Sharon Horgan e Lily Mo Sheen como ex-mulher e filha de Cage, mas pareceram um pouco desinteressadas nos atos, o que acabou não chamando tanta atenção.

Visualmente o longa foi filmado em uma área bem interessante de um vilarejo da Croácia que fizeram parecer Mallorca na Espanha, mas que puderam brincar com carros, trombadas e muito mais, além de uma mansão gigantesca contando inclusive com uma área só com elementos cênicos dos filmes de Cage, ou seja, algo bem próprio de um fã riquíssimo, mas sem dúvida a melhor cena cômica fica a cargo do ato de invasão da sala de câmeras de segurança, pois ali embora seja algo mais próximo da comédia pastelão, ficou muito bem feita e retratada no ambiente em si.

Enfim, confesso que estava esperando algo mais chamativo e imponente, mas que funciona bem dentro da proposta, então quem curtir comédias mais reflexivas, sem grandes atos para rir sem parar, e claro for fã dos filmes de Nicky vai acabar gostando bastante, mas do contrário é melhor ir para outro filme, senão a chance de odiar também é bem alta. Sendo assim recomendo ele com ressalvas, mas que se faz valer bem se pensarmos que ultimamente tem pego umas bombas bem difíceis de conferir, claro tirando "Pig - A Vingança". Bem é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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