A sinopse nos conta que Camille e Georges dançam todas as noites ao som de sua música favorita, Mr Bojangles. Em sua casa, só há espaço para diversão, fantasia e amigos. Até que um dia Camille, uma mulher hipnotizante e imprevisível, desce mais fundo em sua própria mente, e Georges e seu filho Gary precisam mantê-la segura.
Diria que o diretor Régis Roinsard entrou na mesma loucura que entregou para os personagens do livro de Olivier Bourdeaut, pois mesmo a síntese tendo situações insanas, a base em si poderia ter sido melhor controlada, não oscilando tanto de uma alegria generalizada para uma depressão monstruosa, ainda mais com o final escolhido, pois daria para ter um meio do caminho em tudo, mas a dinâmica pediu esse formato e toda a nuance foi muito criativa, desde as festas regadas a bebida e dança, passando pela forma alucinada de ensinar o filho, até mesmo a ideia bater no ponto máximo de destruir o que está incomodando, no caso as contas (fico pensando se todos os endividados virem esse filme e resolverem fazer igual!!!), ao ponto que mesmo que a ideia de Roinsard e Bourdeaut seja bizarra, vemos um fundo de poesia em cima de tudo, afinal a frase viver sem pensar é algo muito comum de se dizer, mas praticamente ninguém entra nessa ode tão louca, e aqui a loucura tem seu peso, que é explosivo e gostoso no começo, mas quando cobra a viagem bate forte, e assim sendo ele entregou tudo com a maior dramaticidade possível. Ou seja, muitos vão achar o filme completamente absurdo e sem nexo algum, mas a beleza dele é justamente essa ideologia louca, e o diretor pede passagem para que você entre nesse clima e fique louco pelo menos por 124 minutos na noite.
Sobre as atuações, o quarteto principal foi muito bem em cena, dando todas as nuances necessárias para segurar a trama sem cansar, e ainda surpreender no meio de tanta loucura, e claro que tenho de começar pelo garotinho Solan Machado Graner que brilhou com seu Gary, entregando doçura e sensibilidade com cada ato seu, sabendo exatamente aonde comover e aonde surpreender, e segurando um papel dificílimo de não soar estranho, ou seja, é daqueles que vamos ficar de olho, pois facilmente pode decolar muito na carreira depois. Romain Duris é incrível no que faz, e já tinha dito sobre o show que deu em "Eiffel", e olhando toda sua filmografia ele só tem grandiosos acertos, e aqui com seu Georges deu um show de mentiras na abertura, se jogou completamente nas danças com a protagonista, e fez trejeitos marcantes em diversos atos, ao ponto que toda sua desenvoltura é marcante, só pontuaria negativamente pelo final, mas nem é pelo ator, mas sim pelo roteiro, pois esperava um algo a mais dele, e não apenas um fim básico. Virginie Efira é assustadora com sua Camille, ao ponto que de super feliz muda completamente para super deprimida, de repente está com uma personificação já na sequência está entregando outra, ou seja, uma base completamente maluca e muito perfeita de ver, que certamente deu trabalho para incorporar na totalidade do papel, e o acerto surpreende. E por fim ainda tivemos alguns atos filosóficos bem encaixados de Grégory Gadebois com seu Charles, que por vezes se entrega como senador, por vezes está apenas nas festas atrás de uma mulher chamada Caipiroska, mas carrega para si a responsabilidade de ser o elo coerente na família de malucos, e assim vemos ele sempre seguro do que entregar e chama a atenção para si.
Visualmente o longa é uma festa ambulante atrás da outra, desde o começo com várias bebidas em diversos ambientes mentirosos por parte do protagonista, passeando por um coquetel, depois vamos para uma fuga de carro e um casamento maluco pelos protagonistas, um reencontro ousado e um parto descrito da melhor forma possível para a época, e na sequência já temos uma rápida cena na escola que é revisitada depois sem muito ganho, as diversas festas na casa dos protagonistas, com o pássaro como pet bem excêntrico, e por fim vamos para um castelo na Espanha bem moldado de detalhes com claro uma festa espanhola regada a dança no melhor estilo videoclipe de filmes de Bollywood, ou seja, a equipe de arte trabalhou tanto para segurar o ar de época como para fazer todas as loucuras funcionarem em cena.
Enfim, é um filme completamente diferente de tudo o que certamente a maioria já viu, que oscila demais de humor, passando da felicidade insana para a depressão mortífera, e assim quem não gosta de coisas tão bagunçadas deve pular ele, mas sem dúvida é algo que vale pelo ar de viver em festa, mas tendo uma base lúcida de fundo para não pirar de vez. E é isso pessoal, esse foi apenas o primeiro filme do Festival Varilux de Cinema Francês desse ano, mas ainda voltarei com muitos outros textos dele nos próximos dias, então abraços e até logo mais.
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