Globoplay - Deserto do Ouro (Gold)

6/11/2022 05:42:00 PM |

Costumo dizer que alguns filmes mais intimistas precisam trabalhar tão bem a síntese da história para envolver o público que acabam pecando em exageros desnecessários, mas quando conseguem deixar de lado o ego e reflexões ficam literalmente incríveis de ver, e um ótimo exemplar desse estilo é o longa que estreou essa semana na Globoplay/Telecine, "Deserto do Ouro", aonde vemos um futuro não tão longínquo que as pessoas estão indo para o deserto para tentar ganhar a vida minerando, mas por um acaso acabam descobrindo uma pedra imensa de ouro ao pararem para urinar no meio do nada, e quando um dos homens resolve ficar esperando o outro trazer uma escavadeira os dias no sol começam a fazer muitos efeitos na mente do jovem, ou seja, é algo reflexivo sobre o sobreviver, sobre a ganância, e até mesmo sobre a intensidade da vida em certos momentos, que alguns podem até gostar mais, outros menos, mas com certeza todos irão enxergar muito mais atuação de Zac Efron nesse único filme do que em toda sua carreira até agora, e isso mostra que ele deve cada vez mais chamar atenção agora que chegou nesse ponto da vida. Sendo assim deem o play e esperem um final inimaginável, que felizmente foi muito bom e mostra que quem quer tudo fica com nada, já dizia o famoso dito popular.

A sinopse nos conta que quando dois andarilhos que viajam pelo deserto tropeçam na maior pepita de ouro já encontrada, o sonho de imensa riqueza e ganância toma conta. Eles traçam um plano para proteger e escavar sua recompensa com um homem saindo para garantir o equipamento necessário. O outro homem permanece e deve suportar o clima severo do deserto, caçando lobos e intrusos, enquanto luta contra a dúvida de que ele foi abandonado à própria sorte.

Já conhecia o ator Anthony Hayes de diversos papeis tensos no cinema sempre com facetas duras e bem marcantes, mas não sabia que já tinha entrado para o mundo da direção e do roteiro, sendo esse sua terceira investida na carreira por trás das câmeras, mas quem pensa que ele ficou apenas ali se enganou, pois com seus 45 anos colocou-se como personagem secundário bem forte e não cometeu o mesmo erro que muitos diretores acabam enfrentando de dirigir e atuar no mesmo filme, pois como secundário pode ficar fora da tela por muito mais tempo, deixando o protagonista realmente chamar toda a atenção, criando vértices fortes e chamativos, e ele explorando todo o ambiente com sua câmera para os melhores ângulos possíveis, e claro fazendo com que seu roteiro ficasse impactante com todas as situações hostis, como tempestades de vento, cachorros selvagens famintos, cobras, escorpiões, falta de água, muito sol, pouca lenha, pouca comida, e claro transeuntes estranhos que podem estar também atrás da sorte grande como os personagens acharam. Ou seja, o diretor fez muito bem, escreveu um texto minucioso e bem detalhista, mas contou muito com a sorte, pois quem conhece os papeis de Efron sabe bem que ele não tem carisma suficiente para manter sua expressão forte de forma dramática, mas aqui foi muito bem dirigido e deu um show, tornando a parceria perfeita para o diretor decolar a carreira.

E já que comecei a falar das atuações é claro que tenho de enaltecer o trabalho de Zac Efron, pois o ator entregou literalmente tudo em cena, fazendo trejeitos fortes, rolando na areia, se machucando, ficando com cicatrizes e bolhas monstruosas que a maquiagem conseguiu fazer em sua pele, se machucando todo e ainda conseguindo entregar mais densidade ainda nos olhares e tensões expressivas, ao ponto que de forma alguma pensava que ele conseguiria chegar nesse nível de expressividade, sendo bem criativo nos diversos atos e incorporando muita coisa para seu papel, ao ponto que quem estiver com medo de ver o filme pensando nos outros longas que ele já fez, pode esquecer completamente e vivenciar um novo ator, pois aqui ele foi bem demais. Falando de Anthony Hayes pela atuação agora, ele fez um daqueles contratantes sem piedade, que leva os operários para o meio do nada para jogar lá e apenas lucrar com a viagem, sendo bem duro, bem direto nos trejeitos, e ainda tendo um final bem marcante para impactar ainda por cima, ao ponto que vemos suas nuances fortes e podemos pensar até algo a mais, e a ganância é tanta que foi além no que o ator entregou. Ainda tivemos Susie Porter fazendo dois papeis iguais, que por vezes ficamos achando se é uma miragem ou não, mas com um estilo bem direto e expressivo fez suas três ou quatro cenas serem importantes e marcantes, ao ponto que vale reparar nela. Detalhe, não falei nomes, pois eles não possuem, sendo apresentados nos créditos como homem 1, homem 2, estranha e irmã da estranha, então fica sendo assim.

Visualmente o longa tem uma boa intensidade no meio do deserto, com poucas coisas para serem mais representativas, mostrando os destroços de um avião, vários pedaços de árvore espalhados, alguns cachorros selvagens, muita areia, a pedrona de ouro no meio da areia, todo o kit minúsculo de sobrevivência do protagonista com algumas latas de comida e um galão de água para vários dias, um pano, uma faca e um isqueiro, ou seja, praticamente jogado para morrer lá, além do kit da estranha com um pouco mais de coisa, mas sem dúvida uma maquiagem incrivelmente perfeita, suja, com bolhas, cortes, muita mosca rondando, ou seja, perfeição nos mínimos detalhes que envolvem demais.

Enfim, é um tremendo filmaço que não estava dando nada para ele, mas que me envolveu de tamanha forma que só olhei no relógio bem próximo ao final mesmo para saber se estava acabando e imaginar como iriam fechar tudo, e que fechamento que fizeram, pois se a intenção de mostrar que a ganância mata como diz o dito popular, fizeram com gosto, e o acerto é daqueles para aplaudir, que talvez até poderia ser diferente, mas não impactaria tanto. Então fica a dica para dar play, e eu volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Diminui um pouco a nota, talvez desse um 9 para ele, mas como o miolo é um pouco lento para passar o ar de cansaço mesmo, mas ainda assim não diminui em nada o valor do longa.


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