Diria que manter o diretor Colin Trevorrow na direção da trilogia foi uma grande sacada para não termos perdas grandes de sentido, afinal do jeito que ele definiu o estilo desde 2015 e só foi incorporando mais tecnologia para que os animais ficassem mais realistas possíveis, colocando dinâmicas bem encaixadas na produção para que o público ficasse também mais próximo do elenco e dos dinossauros, e foi sagaz nos dois primeiros filmes por mostrar um parque completamente tecnológico e depois todo o sentido de uma casa de leilões para animais modificados, ou seja, foi além e no fechamento quando mostrou os animais indo para as cidades a ideia de um conflito gigantesco, mas não foi bem isso o que rolou, afinal ele trabalhou mais como uma coexistência e claro alguns ganhando mais com isso, como é de praxe, e isso ficou interessante pelo lado técnico, mas o que o público desejava mesmo ver era os dinossauros comendo pessoas na rua, pragas dominando as plantações, e tudo isso até rolou no miolo do filme, mas largaram de lado como sendo apenas uma ceninha de perseguição, e que daria muito mais envolvimento e iria mais além. Ou seja, o diretor finalizou seu ciclo de uma maneira que não foi ruim, mas que certamente poderia ter sido muito mais épica com momentos mais caóticos e envolventes, pois até mesmo os atores pareceram cansados do que estavam fazendo.
E falando nas atuações, posso estar errado, mas Chris Pratt esteve ocupado demais em tantas produções que está gravando que aqui seu Owen até teve algumas desenvolturas bem imponentes, mas praticamente sumia a todo momento, deixando com que os demais aparecessem até mais que ele, ou seja, ele ainda teve atos heroicos, cenas de lutas bem encaixadas, teve suas conversas e olhares para os dinossauros, mas faltou aquela entrega por completo que vimos nos demais filmes, ou seja, foi bem no que fez, mas fez menos do que podia. Já Bryce Dallas Howard melhorou demais nesses 7 anos e 3 filmes, pois se no primeiro sua Claire era meio enjoada, no segundo já tomou formas melhores e mais dinâmicas, e aqui entregou uma personalidade materna mais fechada, uma disposição bem trabalhada, e se jogou completamente para todas as cenas, agradando bastante, e chamando a responsabilidade para si em muitos atos. O trio de protagonistas da primeira trilogia, Laura Dern, Sam Neil e Jeff Goldblum se entregaram completamente nos mesmos moldes e desenvolturas do começo dos anos 90, com sacadas para mostrar ainda a paixão retraída do casal, as briguinhas bobas entre eles, e claro passar também a idade, afinal todos envelheceram bem em 21 anos, mas seus Ellen, Alan e Ian deram um luxo a mais para a trama, fazendo até mais que os novos protagonistas, e isso mostra que não esqueceram como é viver com os dinos. Ainda tivemos Isabella Sermon com uma Maisie bem confusa, cheia de dúvidas sobre quem ela realmente é, mantendo ainda muitos olhares como fez no longa anterior e sendo coerente nas ações, ao ponto que poderia ter ido além em alguns momentos, mas não era o que pedia o papel. Quanto aos demais, foi bacana ver os jovens Mamoudou Athie com seu Ramsay bem colocado, quase um lorde de instruções e DeWanda Wise no lado oposto como uma mulher sem limites, imponente e cheia de desenvolturas com sua Kayla, ao ponto que ambos foram representativos nos seus devidos atos e poderiam ter até usado mais eles. Quando do antagonista/vilão, vivido por Campbell Scott, ficou meio que em cima do muro demais, sem se impor tanto o que acabou ficando falho demais, mas terminou bem como todos os vilões da série. Também tivemos aparições menores com BD Wong, Omar Sy e Justice Smith, mas se nem os protagonistas tiveram tempo suficiente para aparecer, quanto mais os secundários!
Visualmente volto a afirmar que a equipe está anos a frente do tempo com a qualidade dos animais entregues, pois são texturas de répteis perfeitas, com olhares passando sentimento, emoção, força e tudo mais em atos incríveis de selva, neve, deserto e tudo mais, com um instituto fechado cheio de detalhes e ambientes próprios para cada momento da trama, as nuvens de gafanhotos incríveis e assustadoras demais, ao ponto que nem o filme de gafanhotos que tivemos no ano passado conseguiu passar um medo tão grande com esses gigantes aqui comendo tudo o que veem pela frente, além da destruição com fogo que fizeram depois, ou seja, o filme todo é daquelas produções que mereceria levar todos os prêmios possíveis no conceito de design de produção, então podem esperar por isso, pois fizeram valer o ambiente em que nos foi colocado, com cenas de ação no meio da cidade, e um mercado clandestino de dinossauros incrível que daria para fazer o filme quase que inteiro ali, ou seja, perfeição. Agora quanto do 3D, posso dizer 99% inútil, já que uma ou duas cenas deram alguma perspectiva, mas se não borrasse as legendas daria para ver o filme tranquilamente sem óculos que não fez meia diferença.
No conceito da trilha sonora Michael Giacchino honrou tudo o que fez nos últimos anos e ainda se apropriou da canção tema de John Williams com toques que arrepiaram na maioria dos momentos que entra tocando, dando ritmo e força para tudo, como uma orquestra sendo bem dirigida com os devidos contrapontos musicais, ou seja, perfeito demais.
Enfim, é um longa que certamente poderia ter ido muito além, mas que cumpre o papel de um fechamento digno para "essa" trilogia, e friso bem o "essa", pois acredito que deem continuidade para os dinossauros em outros momentos, mesmo o clima esfriando ainda a garotada é muito fã dos bichões, e sobrou coisa para ser trabalhada nesse mundo convivendo ambas as espécies juntas, agora é saber se o diretor vai querer continuar ou se vai passar a bola para alguém inventar algo novo, e quem sabe até melhorar o produto, pois não está difícil com o que foi entregue, que volto a falar que não é ruim, só não vá esperando muita coisa, que aí a chance de gostar mais é maior. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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