Reclamei muito do longa anterior de Sebastián Schindel, "Crimes de Família", pelo diretor ter optado por mostrar vários temas dentro da trama e não focar em nenhum, e acredito que ele também tenha visto isso em seu trabalho, tanto que aqui mesmo quebrando o longa em trechos amplos, a síntese completa é a mesma em cima da "lei de talião", que inicialmente não pegamos tanto a ideia mostrada, mas se juntarmos todas as peças no final quando o protagonista está discursando sobre seu livro e também na cena da conciliação trabalhista, juntamos exatamente com a explicação dada no começo de como a lei deveria funcionar, e aí é sucesso completo, afinal tudo passa a ter muito sentido, e a loucura da personagem vai embora, afinal sabemos que ela já sabia exatamente como estava funcionando, e assim sendo o diretor trabalhou muito bem o texto, deu uma amplitude boa para o longa ter um conteúdo investigativo, e só não diria que foi perfeito pela excessiva quebra cênica, aonde estamos no fim, aí vamos pro começo, passa pelo meio, volta pro começo, vai pro fim, ou seja, um samba completo, e talvez diminua um ponto também pelo final ser algo que irrite mais do que feche bem, sendo o verdadeiro final que incomoda mais do que agrada, mas como não é um longa manso, diria que foi muito bem colocado da forma escolhida.
Sobre as atuações, o grande destaque claro é para Diego Peretti com seu Kloster imponente, cheio de trejeitos e entonações, e colocando como um elo quebrável pela protagonista, ele reverte tudo de uma forma tão precisa que chega a dar medo, além de que sua cena junto de Juan Minujín é daquelas que você pensa que ele será desarmado facilmente, mas também reverte com um jogo de cintura único e incrivelmente preciso, ou seja, o ator segurou a trama com poucos atos e acertou em cheio tudo o que precisava fazer. E falando de Juan Minujín, seu Esteban tem um carisma meio fechado, em um bom tom para um jornalista investigativo, mas em certos momentos ele é quebrado muito facilmente pelos demais, e isso precisaria ter sido melhorado para nos convencer, pois mesmo ele não tendo desapontado no que faz, faltou aquele algo a mais que esperamos de personagens desse tipo. E para finalizar o trio de protagonistas é claro que tenho de falar de Macarena Achaga, que dominou sua Luciana de um modo inicialmente bem disposta, cheia de vontades, depois desesperada com o assédio, deprimida ao saber das mortes, e a partir daí a dúvida entre loucura e surto de emoções atinge com tudo e vemos alguém quase em pânico em todos os momentos, ao ponto que ela segura muito bem seus atos e tem um ótimo domínio em todas as dinâmicas com os demais, agradando e mostrando um potencial que poderia até ser mais usado. Quanto aos demais deram as devidas conexões para os três, mas sem grandes expressividades.
Visualmente o longa é bem imponente, e trabalhado no mistério, com a casa do escritor bem ampla, com um escritório bem montado aonde ele e a jovem digitam seus livros, um andar superior com uma banheira e o quarto todo cheio de detalhes para mostrar os remédios da esposa que depois ficamos sabendo de detalhes da vida dela, tivemos a casa da família da protagonista bem comum mas interessante com um ar mais rústico e detalhado, com a cena do jantar já preparando para o que iria acontecer, a cena da praia também montada no desenvolvimento de algo ruim, e até o surpreendente assassinato no hospital bem violento de ver, além do ato no teatro/livraria bem chamativo e cheio de explosão com um fechamento incrível ali. Também tivemos a editoria do jornal e o apartamento do jornalista, mostrando seus vícios e claro o crematório aonde muitos vão odiar o final, mas foi colocado para as diversas mortes que ocorrem.
Enfim, é um filme que vai ter muitos amantes e muitos odiando, mas que entrega bem o que promete de ser um suspense policial intrigante, e que faz valer o tempo de tela, não sendo alongado nem curto demais, na medida certa, só poderia ser melhorado com uma edição menos bagunçada, que aí sim ficaria perfeito. Sendo assim indico ele mais para os amantes de longas argentinos, que já conhecem esse estilo meio conflituoso deles de entregar algo mais simples, mas quem curte o gênero ficará contente também mesmo com a bagunça temporal. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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