Algumas semanas atrás o diretor Joseph Kosinski conseguiu a façanha de entregar o melhor filme do ano até agora, "Top Gun: Maverick", que ainda segue em cartaz arrebatando uma boa fatia das bilheterias mundo afora, então aproveitando a grande onda, a Netflix lançou seu novo filme nas telinhas para também tentar angariar um bom público, só que diria que aqui ele se empolgou demais na criatividade e não conseguiu ir tão além da ideia de um conto curto de George Saunders que Rhett Reese e Paul Vernick adaptaram para algo maior, pois o filme tem uma essência rápida que não consegue ser ampliada, e assim entendemos bem rapidamente qual é a ideia que está sendo passada, mas quando o protagonista descobre o que está sendo realmente testado ele não cria muita coisa, não explode nada, apenas faz a denúncia e foge, ao ponto que valeria bem mais cenas durante a finalização do que todo o miolo em si. Ou seja, Kosinski fez um bom trabalho de direção, afinal temos uma boa ambientação e momentos bem dirigidos dentro do complexo e toda a desenvoltura é funcional, o que é ruim (ou melhor, não tão bom) é o roteiro, que não tem grandes ápices, nem diálogos amplos que fossem usados para algo a mais, e assim o resultado final fica sendo fraco para tudo o que poderia ser usado.
Sobre as atuações, posso dizer que Chris Hemsworth se divertiu demais com o papel de seu Steve Abnesti, pois entregou trejeitos leves, desenvolturas dançantes, e dinâmicas bem marcadas ao ponto de não recair para ele nenhum estilo de vilão ou de cientista maluco, mas sim uma pessoa bacana, que dá para trocar umas ideias, e isso foi algo bem trabalhado no personagem que deu nuances diferentes do usual para o papel. Já estou cansando de falar o quanto Miles Teller melhorou na sua forma de atuar, e aqui novamente ele abrilhantou o papel de seu Jeff, conseguindo dominar o ambiente por completo, tendo interações marcantes com todos, e principalmente sendo expressivo com a forma ampla que o personagem pedia, ao ponto que mesmo que a cena não seja sua ele conseguia se destacar de alguma forma, e assim sendo volto a frisar que vamos ver ele explodindo em papeis marcantes daqui para frente e logo mais vai ser prêmio atrás de prêmio. Jurnee Smollett fez bem também sua Lizzy, com um ar doce e envolvente, trabalhando bem as dinâmicas mais emotivas, e sendo bem impactante nos atos finais, ao ponto que poderiam ter até trabalhado melhor ela para ter cenas ainda maiores, mas não quiseram. Mark Pauio aparentemente tinha um outro nome na produção, Verlaine, mas no filme inteiro todos chamam ele de Mark então vai entender, mas tirando esse detalhe o jovem foi bem colocado como auxiliar do vilão e fez ares emotivos interessantes em seu rosto, mas não trabalharam tanto seu ato explicativo de como foi parar ali, e isso pesou um pouco para o seu final. Quanto aos demais tivemos bons ensejos da maioria, fazendo expressões fortes e interessantes no uso das drogas, e também bons momentos dos flashbacks do protagonista, mas sem dúvida a que mais se entregou na cena de maior impacto foi Tess Haubrich com sua Heather, principalmente na sua última cena usando a potente droga 16, e ali a jovem se jogou por completo e foi bem forte de ver.
Visualmente o longa foi muito bem produzido, com uma instalação interessante bem no meio do nada, em uma ilha diferente com um mar belo rodeando tudo, mas principalmente tendo por dentro uma prisão bem nada usual, com carpetes, quartos com aparelhos de som e diversos elementos para a diversão dos presidiários, uma sala de testes simples com duas poltronas e câmeras espalhadas, e por trás do vidro todo um grandioso aparato de câmeras e controles pelo celular, além das drogas terem cores bem diferentes e interessantes em vidrinhos que vão sendo trocados no implante das costas de cada prisioneiro, ou seja, tudo feito com muito detalhamento para realçar o ambiente, as cores, as intensões e toda a dinâmica da trama com barcos e aeronaves ricas do lado de fora. Sendo assim podemos dizer facilmente que a Netflix gastou bastante no feitio visual da trama, e isso deu um bom peso para o filme.
O longa conta com uma trilha sonora de primeiríssima linha que envolve e dita bem o ritmo, tanto nas canções orquestradas por Joseph Trapanese quanto nas cantadas por diversos cantores muito bem selecionados, que não achei uma playlist completa, então deixo aqui o link das canções do filme para depois ouvirem separadas.
Enfim, é um filme bem interessante, com uma pegada tensa bem trabalhada, mas que certamente poderiam ter ido muito mais além, valendo como um bom passatempo e pelas boas atuações, mas que muitos irão se decepcionar pelo fechamento rápido sem grandes explosões nos personagens. E assim deixo a recomendação livre, de não ser algo ruim, mas também não ser algo impactante como deveria ser, então eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos.
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