Amazon Prime Video - Georgetown

7/24/2022 11:38:00 PM |

Hoje vai parecer engraçado o que vou falar, pois vai contradizer a maioria dos meus textos anteriores, afinal o primeiro trabalho de Christoph Waltz como diretor foi brilhante, em um dos gêneros mais complexos de se acertar a mão que é o suspense dramático, ou seja, se já o considerávamos como um dos melhores atores de todos os tempos, com papeis brilhantes e atuações ímpares, agora ele também quer se mostrar como alguém que dirige filmes de uma forma incrível também, e jogar ainda mais sal nos meus textos, ele ainda atua brilhantemente como protagonista no longa "Georgetown", ou seja, duas das coisas que costumo falar que é dar 100% de errado, e ele provou a capacidade de tirar de letra, agradar demais e fazer com que eu tivesse todas as atenções concentradas nas milhares e milhares de mentiras que foi colocando para enganar não apenas a esposa, como vários chefes de gabinetes dos maiores países do mundo. E para piorar, baseado em uma história real, que claro foi muito bem incrementada no artigo do jornal The New York Times, "O Pior Casamento de Georgetown", de Franklin Foer. Sendo assim, vá conferir e se prepare para as diversas surpresas e conversas incríveis que o diretor e protagonista irá lhe contar, pois vale cada segundo da trama de 100 minutos.

O filme acompanha Ulrich Mott, um alpinista social excêntrico e de fala mansa que parece ter todo mundo em Washington, DC em suas mãos. Mas quando sua esposa rica, bem relacionada e muito mais velha aparece morta em sua casa, sua filha Amanda suspeita que Ulrich pode não ser tudo o que parece. E conforme a investigação policial começa a descobrir uma mentira maior que a outra, tudo acaba indo mais fundo do que qualquer um jamais imaginou.

Chega a ser brilhante toda a sacada e o desenvolvimento que Christoph Waltz fez em sua estreia na direção, pois ao escolher capitular toda a trama, acabou arriscando de ser repetitivo e cometer gafes em vários pontos, mas não pegou o ótimo roteiro que David Auburn escreveu em cima do artigo de Franklin Foer, e trabalhou algo que até daria para ser linear, mas não impactaria da mesma forma com as revelações acontecendo aos poucos e com cada desenvoltura mais impressionante possível, de tal maneira que pode se preparar para dirigir muitos outros filmes desse estilo e deixar sempre com a sua cara, fazendo intensas reviravoltas, incisões perfeitas de conexões malucas, e ainda assim resultar em um filme perfeito, aonde vamos ficando indignados com o tanto de mentiras e relacionamentos que o protagonista cria, e como era realmente sua vida. Ou seja, o resultado é tão grande quanto o personagem em si imaginava, que mesmo tendo um bom tanto de realismo, afinal isso aconteceu mesmo em menores proporções, não conseguimos imaginar sequer que partes poderiam ter acontecido mesmo, pois esse estilo de pessoa é imprevisível, e a loucura é gigante de tal forma que vamos lembrar sempre de tudo o que vimos, o que é muito raro para um primeiro trabalho na função. 

Sobre as atuações é até difícil falar do que Christoph Waltz faz com seu Ulrich, pois ele acaba sendo daqueles que não tem inseguranças no tom de voz, nem nos trejeitos, pegando cada elemento que está a sua disposição para criar ambientações, usando um nome para se conectar com outro, fazendo envolvimentos e tudo mais com tanta facilidade, que acabamos acreditando completamente nele, e isso é brilhante de ver, sendo mais um grandioso personagem na carreira do ator. Vanessa Redgrave traz para si uma Elsa marcante, que mesmo com muita idade ainda tem disposições para ajudar o alpinista social com suas várias conexões, e que de uma forma bem graciosa se coloca vulnerável num primeiro momento, mas está sempre preparada para tudo, o que acaba sendo bem marcante no capítulo final com a verdade toda, ou seja, deu show também. Annette Bening é sempre marcante nos papeis que faz, e aqui só não foi mais além por sua Amanda ser bem secundária nos principais atos, mas sempre com olhares tensos e bem incisivos consegue ser forte e direta em todos seus atos, se colocando com muita intensidade e indignação nos atos de julgamento. Ainda tivemos bons atos com Corey Hawkins fazendo o advogado do protagonista e Alexander Crowther com um papel surpreendente com seu Matthew em duas situações bem embaraçosas, mas a grande base é a que todos foram muito bem enganados pela lábia do protagonista.

Visualmente a trama é muito bem sacada, com várias reuniões e jantares diplomáticos, uma casa bem tradicional com vários ambientes interligados aonde vemos as festas bem colocadas em cada ângulo nas mesas bem preparadas, vemos as várias representações do protagonista em suas missões na guerra, em auditórios e até mesmo em salas bem reservadas, e claro atos mais comuns dos protagonistas em seus cafés da manhã e em atos juntos em hotéis e recepções, de forma que tudo acaba sendo bem simbólico e marcante, e que claro juntando tudo mostra bem o resultado da preparação completa da equipe de arte e fotografia para tentar enganar o público.

Enfim, é um tremendo filmaço do gênero que até tem alguns pontos que poderiam ter sido melhorados, mas como é seu primeiro longa como diretor Christoph acabou simplificando para não errar, e isso é ótimo, pois acabou entregando bem mais do que qualquer um esperava, e o resultado acabou sendo perfeito demais, valendo tanto a conferida quanto a indicação para quem gosta do estilo. E é isso meus amigos, fui muito surpreendido pelo primeiro trabalho do ator como diretor, e se seguir sempre assim certamente iremos ver logo mais algo memorável de sua parte, então fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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