Em sua primeira "ficção" após vários anos fazendo apenas documentários, o diretor e roteirista Andrew Cohn acabou derrapando um pouco no conceito de cinema para ser visto e cinema para representar algo, como é costumeiramente o uso de vários documentários, e aqui ele trabalhou algumas situações bem casuais como já disse na introdução do texto, e que muitas vezes vemos acontecer nos nossos ambientes de trabalho, que desanima muitas vezes, que falta valorização do empregado, e tudo mais, além claro da ótica digamos "racista" em cima de acusações de agir ou não em situações problemáticas. Ou seja, ele fez praticamente um docu-drama sobre pessoas que trabalham anos em empresas na mesma função, que já seguem rotinas e padrões, e juntou a isso a relativização de causas, de acusações e tudo mais, que volto a frisar que não é algo ruim, só é algo que não é digerível em um filme classificado como comédia/drama, e assim sendo posso até estar acusando o longa de algo que ele não é, o que exatamente ocorre no filme, mas acredito fielmente que faltou para ele decidir exatamente qual dos dois temas fortes que iria trabalhar e melhorar toda a situação em cima dele.
Sobre as atuações, Richard Jenkins entrega um Stanley perfeito para o papel, com nuances claras que o papel pedia, incorporando trejeitos que muitas vezes vemos até em nós mesmos, e com um envolvimento tão bem trabalhado que acaba surpreendendo bastante em tudo, porém o filme não fica só nele, e nessas quebras a trama dá uma leve desandada. E não digo que tenha desandado pela atuação de Shane Paul McGhie, pois o jovem tem estilo, tem personalidade e entrega seu Jevon com muita desenvoltura em todos os atos, criando espaços para receber a boa atuação e também entregar para o protagonista com muita atitude, não errando, nem se jogando para fora de cena, o que chama muita atenção, porém seus atos fora dali da lanchonete pareceram não se encaixar na trama, abrindo outras frentes, e isso acabou pecando um pouco no resultado completo da trama. Quanto aos demais, cada um deu as devidas frases e conexões bem encaixadas para ambos os protagonistas, mas sem grandes expressividades que marcassem suas atuações realmente, destacando claro Da'Vine Joy Randolph como a famosa gerente que dá as notícias ruins para os funcionários e Ed O'Neil como aquele amigo que te dá conselhos, e mesmo você vivendo anos com ele não os ouve.
Visualmente a trama entrega até que uma boa representação de um fast-food bem tradicional dos EUA, com um turno da madrugada tedioso e por vezes abarrotado de serviço, com bons elementos cênicos e também muitos envolvimentos que poderiam ser discutidos ali com cada coisa colocada, além de cenas bem representativas na casa dos protagonistas, nas suas formas de vida e de atitudes, e claro mostrando desde o carro que o protagonista conseguiu comprar, suas enganações e tudo mais. Ou seja, é um filme aonde a equipe de arte não pode sair muito da caixinha, mas que foi bem no que fez, valendo as cenas que estão no trailer como o jogo de lançamento de hambúrgueres congelados, e principalmente a cena do carro abrindo a porta.
Enfim, é um filme que não é ruim, mas que quis discutir tantos temas em 91 minutos que acabou não fazendo bem nenhum deles, e assim sendo vai ser difícil que muitos enxerguem algo produtivo nele, o que me faz não recomendar para nada que seja exibir ele fora de um festival ou talvez em alguma palestra empresarial sobre longevidade no trabalho, e treinar seu futuro substituto. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, e quem sabe amanhã acerto melhor no play, então abraços e até logo mais.
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