Diria que o diretor Mikhaël Hers foi bem amplo no desenvolvimento de sua trama, exibindo bem o sentimento das personagens, a conexão familiar, as dúvidas, e claro toda a conexão que os insones tem de um mundo aonde os demais lhe enxergam, ao ponto que conseguimos ver muito de uma família, o fundo do poço por onde a protagonista viveu, e como ela se enxergou na jovem garota que leva para casa, e claro na locutora que lê cartas das demais pessoas madrugada a dentro, mas isso segura um espectador? Não sei, pois eu tenho a proposta de ver tudo o que começo até o fim, mas se o longa recair apenas para o streaming como foi o caso dentro do Festival, acredito que muitos irão parar na metade e nunca mais voltarão para saber o final, então lhes conto: é exatamente como tudo o que foi mostrado, pois a vida em si é um ciclo rotineiro, e a trama entrega bem isso, sem grandes mudanças, sem grandes explosões, apenas vivemos e isso cansa de certa forma, parecendo até alongar o filme que tem apenas 111 minutos, mas que pareceu ter pelo menos umas 5 horas, mas não de coisas ruins, envolvendo e funcionando, ao menos para aqueles que gostam do estilo novelesco.
Sobre as atuações, Charlotte Gainsbourg parece ser sempre a mesma personagem em todos os seus filmes, e isso é algo bem estranho, não demonstrando grandes ensejos interpretativos que fizessem dela uma atriz diferenciada, e acho que é bem isso que os diretores procuram quando a colocam em um filme, ao ponto que aqui sua Elisabeth tem um certo ar calmo, mas também entrega uma melancolia tradicional e por vezes até parece ser normal demais, mas não consegue acolher o público, e isso soa até engraçado de ver como uma mãe de família, ou seja, faz boas cenas, mas não nos convence em momento algum do que está entregando, e isso é bem ruim de ver. A jovem Noée Abita trabalhou sua Talulah de uma forma bem enigmática, como uma garota sem pé fixo em lugar algum, que se droga para tentar mudar de vida, mas que acaba sempre recaindo, e que até deu ares diferentes para a família que se meteu, mas não fluiu muito dentro de tudo, ficando sempre abaixo de algo explosivo, que talvez daria um tom melhor para o longa. Quito Rayon Richter estreou até que bem com seu Mathias, sendo um grande elo tanto para a mãe quanto para a jovem, entregando ares da juventude em sua personalidade, mas também criando um vínculo responsável que o papel pedia, ou seja, floreou bem seus atos e chamou atenção no que fez ao menos. Quanto aos demais, cada um permeou um pouco da vida da protagonista, desde a filha vivida por Megan Notham com seus ares políticos bem marcados, até a apresentadora com um semblante seco e voz doce feita pela sempre boa Emmanuelle Béart, mas ficou parecendo faltar alguém que quebrasse tudo na trama, e isso pesou um pouco.
Visualmente a trama até que tem um bom estilo clássico dos anos 80, e a equipe foi muito sábia em focar nas cenas com os protagonistas em espaços pequenos de estúdio mesmo como o apartamento, a rádio, a biblioteca e a escola, e nos atos nas ruas procurou mostrar imagens de arquivo bem trabalhadas e que representassem bem a época, de forma que ficou mais a cargo da equipe de figurino e cabelo para dar as devidas nuances e conseguir ambientar tudo, e funcionou ao menos para ser bem representativo.
Enfim, é um filme bem tradicional, sem grandes reviravoltas, que quem gosta do estilo novelesco pode ser que entre mais no clima, mas que não é ruim, pois tem todo o ar dos anos 80, toda a personalidade familiar da trama, e que funciona ao menos com o que foi proposto, então se você se encaixa nesse estilo fica a dica, senão passe bem longe dele. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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