Diria que o diretor e roteirista Paul Schrader quis trabalhar com dois gêneros em sua obra e acabou não acertando nenhum deles, pois a carga dramática e inteligente em cima dos jogos é bem marcante, e o fator suspense em cima do lado torturador do protagonista junto com a ideia fixa do garoto também chama a atenção, porém nenhum dos dois lados consegue atingir um ápice e o resultado acaba ficando meio frouxo no miolo, e até mesmo o final ficou parecendo que o diretor desistiu de ir mais além e optou por aquele plano desleixado das duas últimas cenas, que poderiam ser muito mais impactantes. Ou seja, é um texto razoável, inteligente e interessante, afinal os jogos de carta têm muito desse ar de conseguir analisar olhares, trejeitos e blefes para conseguir ganhar, mas faltou ele saber aonde melhor usar esses elementos no outro lado do filme, como por exemplo ali na cena do quarto do hotel com o garoto aonde dá o ultimato para ele, se usasse esse arquétipo o longa inteiro seria genial, mas não, e assim sendo falha consideravelmente.
Sobre as atuações, Oscar Isaac sempre trabalha bem demais seus personagens, colocando ares de introspecção tão marcantes que acaba sendo difícil não ficar curioso por tudo o que seu William vai desenvolver, e também colocou um pouquinho de loucura, dando umas nuances bem interessantes de acompanhar, e que claro merecia ter ido mais além. Fiquei meio na dúvida do que o personagem de Tye Sheridan queria desenvolver com sua personalidade, ou melhor, se ele entendeu a proposta do longa, pois pareceu ser apenas uma mala do protagonista que era levado de torneio a torneio, se expressando um pouco mais em algumas cenas, mas não dizendo realmente a que veio seu Cirk, e isso é muito ruim de ver em um ator tão bom. Dá mesma forma, o personagem de Willem Dafoe, Gordo, é quase um símbolo, aparecendo em alguns atos marcantes de flashback, mas as suas cenas no plano atual foram lastimáveis e bem bobas, o que não condiz com o ator que é. Tiffany Haddish até teve alguns atos bem desenvolvidos com sua La Linda, mas também não teve um ar muito fluido para que seus momentos fossem marcantes, e assim ficou em segundo plano na maior parte do filme. Quanto aos demais, se queriam destacar Alexander Barbara conseguiram, pois a todo momento seus seguidores gritando USA, USA, USA, olhamos para ele, e o jovem ator nem fez questão de trejeitos bem pontuados, então é decepcionante no quesito atuação mesmo.
Visualmente a trama até tem atos bem bacanas nos cassinos, mostrando a diversidade dos vários prédios espalhados pelo país, mas a grande sacada é mostrar o TOC do protagonista com os quartos dos motéis que fica, transformando quase que todos os quartos em prisões brancas com seus lençóis, o que é bem engraçado de ver, mas a base toda é em cima dos jogos, e claro da prisão nas cenas iniciais e nos flashbacks mostrando toda a violência dos interrogatórios, mostrando que a equipe de arte teve um bom trabalho nesse sentido ao menos do passado, pois o presente foram apenas conseguir muitos figurantes para os jogos.
Enfim, é um filme que tinha tudo para ir muito além, tem uma proposta bem interessante, mas não atingiu um ápice em praticamente nenhum momento, o que é uma pena, e sendo assim ficamos o filme todo esperando um algo a mais que não acontece. Ou seja, é o famoso mediano com cara boa, que no final nem lembraremos de ter visto algum dia. E assim sendo não recomendo ele, e fico por aqui, então abraços e até logo mais.
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