Diria que o diretor Andreas Dresen soube pegar a história completa dos 1786 dias desde a mãe ver que o filho saiu de casa para ir ao Paquistão até o desfecho do processo, e compilou os momentos mais icônicos, os que tiveram maiores intensidades, e certamente pegando bons depoimentos dos verdadeiros personagens conseguiu trabalhar sua trama para que não ficasse cansativa, e ainda fosse bem representativa, pois processos judiciais na maioria das vezes são chatos, o fato do advogado estar defendendo alguém que nem chegou a conhecer é uma incógnita, e todos os elementos representados poderiam ser até alegóricos para não chamar toda a atenção para a mãe, mas tudo foi tão bem orquestrado que acabamos nos envolvendo com os dois protagonistas, e mais do que isso, ao final quando vemos as fotos originais, vemos que as escolhas dos atores foi primorosa demais, pois são idênticos, e assim sendo tudo acaba soando divertido e gostoso de ver. Ou seja, é um filme que dá uma angústia por tudo, e uma raiva ao final quando ficamos sabendo alguns detalhes do processo, mas que funciona bem e agrada dentro da proposta completa, mas que o diretor poderia ter criado alguns atos mais explosivos, isso sem dúvida poderia.
E já que falei da semelhança dos atores com os verdadeiros donos da história, tenho que claro pontuar sobre as atuações de Meltem Kaptan com sua Rabiye perfeita, com um senso de humor incrível que mesmo enfrentando tudo e todos aparentava estar sempre com um sorriso por dentro, e principalmente conduziu as dinâmicas da personagem com um gás gigantesco, sem errar e sem destoar do que provavelmente foi a verdadeira, ou seja, deu show. Da mesma forma Alexander Scheer que é quase um rei dos disfarces pelas ótimas personificações que pega e entrega com uma semelhança incrível, fez de seu Bernhard alguém que estava sempre disposto a tudo, com uma precisão nas falas em vários idiomas bem trabalhados, e principalmente expressando isso com olhares e sínteses perfeitas, o que fez dele quase que mais protagonista até que a mãe, o que era um grande perigo, mas acertou no jeito de tudo. Quanto aos demais, foi bacana ver o crescimento dos garotos, do marido que parecia não estar gostando da esposa saindo tanto para resolver tudo, mas sem nenhum grande destaque expressivo realmente, mostrando que o diretor quis realmente colocar todo o foco nos dois apenas, e conseguiu.
Visualmente o longa passeou bastante pela Alemanha, Turquia e Estados Unidos, tendo boas dinâmicas e locações bem representativas para funcionar e simbolizar todo o processo da trama, afinal foram mais de 6 anos com o jovem longe da mãe, e toda a movimentação para trazer ele de volta para casa, ou seja, a equipe de arte focou bem nos atos marcantes, sempre mostrando na tela a quantidade de dias passados, toda a vida da família se estruturando para não explodir, e sendo marcante com poucos lugares abertos, para assim concentrar melhor tudo, e claro o destaque fica para a equipe de cabelo e maquiagem por conseguir deixar os protagonistas idênticos aos verdadeiros, e assim o acerto foi bem grande.
Enfim, é um filme bem denso, mas com um ar leve e descontraído pelos personagens principais, mostrando que não é só com caras fechadas que se faz um bom longa de julgamentos, e assim o resultado funciona bem dentro da proposta, apenas para pontuar algo maior, poderiam ter mostrado mais dos atos com outros personagens, mas o foco era apenas a dupla e o resultado acabou agradando assim também, então vale a dica de conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma dica do Festival do Rio no Telecine, então abraços e até logo mais.
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