Como de praxe lá vou eu reclamar de ser a primeira direção de Camille Griffin em um longa metragem, e como costumo falar, o gênero de suspense é um dos mais complexos de trabalhar, ainda mais com elos de dramédia trabalhados no miolo, de tal forma que sua história não é ruim, muito pelo contrário, sendo daquelas que vemos um tema intenso, cheio de abrangência, e que claro põe em cheque em quem confiar, se as informações de uma doença ou tragédia realmente chegam de forma limpa para sua população, se devemos seguir o que quem confiamos fala ou se argumentar e talvez ir por outro caminho não seja a melhor ideia, e assim o resultado da discussão toda é perfeita, e valeria muito mais o conflitivo diálogo entre todos os personagens, do que apenas algumas danças, algumas pontadas de coisas do passado, xingamentos exagerados e apertos marcados de tudo em cima das pessoas, que a diretora optou por trabalhar. E assim seu filme é daqueles que certamente deva cair nas mãos de um grande diretor no futuro que fará algo muito mais imponente, pois é bem escrito.
Sobre as atuações, todos entregaram cenas bem tradicionais das festas de final de ano, aquela alegria maquiada e a falsidade comendo solta, aonde os protagonistas demonstraram carisma e envolvimento com seus personagens, tendo os três filhos da diretora aparecendo bastante, com Hardy e Gilby sendo apenas elementos clássicos de gêmeos que comparam tudo, mas fazendo bem básico e claro Roman Griffin Davis dando seu show tradicional, mostrando que não foi apenas mero acaso o que entregou em "Jojo Rabitt", mas sim um ator jovem que tem estilo, sabe conduzir olhares e dinâmicas, e aqui seu Art foi daqueles jovens que sabem entregar atos marcantes, tendo praticamente todos os seus algo que vale a conversa. Keyra Knightley foi uma boa hospedeira para com seus convidados, fazendo boas sínteses desde o começo com sua Nell, e trabalhando a expressividade com os olhares e atitudes, pois sabendo o que vai rolar já joga as roupas escondidas apenas para não atrapalharem o caminho, coloca os raminhos de decoração e tudo como se fosse ser o melhor Natal da vida de todos, e assim acaba agradando. Tivemos ainda bons atos marcantes com os homens da festa, cada um transbordando suas ânsias de forma diferente, desde Matthew Goode como o dono da casa apenas impositivo e desesperado com o que vai rolar, passando por Rufus Jones como um pai de menina mimada e casado com uma mulher meio doida, já aceitando tudo, até chegarmos em Sope Dirisu que como médico oncologista poderia ter umas vertentes maiores em cima do tema, mas que apenas ficou em segundo plano com tudo de seu James. Dentre as demais mulheres, tivemos claro a perua desvairada que quer aparecer vivida por Annabelle Wallis com sua Sandra, tivemos Lucy Punch e Kirby Howell-Baptiste como um casal bem diferente, com a primeira mais secona e a segunda mais puxada para atos irônicos bem colocados, e claro tivemos Lily-Rose Depp meio que em segundo plano faz bem suas controvérsias de tudo e acaba chamando um pouco a atenção para si nos atos principais.
Visualmente o longa é bem fechado, com a mansão bem preparada para a festa, com uma mesa enorme bem decorada, uma despensa com somente o necessário para a noite com muita bebida e pouca comida já que os mercados estavam sem muita coisa, poderiam ter mostrado a cena dos homens assaltando o mercado para conseguir o pudim da garotinha, mas claramente os atos mais importantes foram na floresta no final, e embora os efeitos visuais sejam péssimos, o resultado acaba sendo bem marcante como um todo.
Enfim, é um bom filme que até envolve, mas que faltou muito para causar a reflexão que pedia, e que causaria com algo mais caótico. Mas ainda assim vale a conferida, então quem tiver Telecine em casa ou Globoplay pode conferir na programação do Festival do Rio, mas quem não conseguir hoje, deve aparecer muito brevemente por lá, já que estreou em alguns lugares no final do ano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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