Diria que faltou um pouco mais de atitude para os diretores Alberto De Toro e Javier Ruiz Caldera para colocarem o texto do livro "Noche de Difuntos del 38" de Manoel Martin em um patamar maior, pois visualmente o filme é recheadíssimo de elementos cênicos, de ambientes propícios para uma história imensa, mas eles fizeram o básico "bem feito" de filmes de zumbis, ao ponto que tudo é entregue com dinâmicas corridas e tiros, mas sem grandes atos cômicos, sem atos que empolgassem com muita desenvoltura, e principalmente sem atos extremamente chamativos como é o caso da maioria dos longas do estilo, parecendo que apenas gastaram o orçamento para as cenas finais, lotando de figurantes correndo maquiados e o resultado acabou soando simples demais, o que não é ruim, mas também acaba não sendo bom. Ou seja, volto a frisar que talvez amanhã nem lembre mais de ter visto o filme pela história em si, mas certamente vou lembrar da essência de inimigos unidos por um inimigo maior juntos, e claro pelos ambientes, o que mostra que a equipe de arte sobressaiu a de história.
Sobre as atuações, posso dizer que o protagonista Miki Esparbé soube trazer para si a responsabilidade completa da maioria das cenas com seu Jan, ao ponto que entramos na trama com ele exageradamente cômico, vemos ele interagir praticamente com todos os demais e ir se tornando um líder mais preparado e bem dosado, de forma que até mereceria um algo a mais no final, mas que não quiseram colocar para que o fechamento fosse mais realista. Luis Callejo foi o líder do outro lado, com cenas mais trabalhadas e envolvimentos mais diretos com seu Sargento, e conseguiu criar as devidas nuances junto do protagonista, ser explosivo e impositivo nos atos necessários e sem ir muito além acabou agradando com o que fez. Aura Garrido entregou uma personagem mais fechada com sua Matacuras, não sendo nem sensual nem dura, com uma personalidade marcante, mas ficando muito em segundo plano na trama, ao ponto que só deslanchou mesmo nas últimas cenas junto do protagonista, e isso acabou pesando um pouco para que ela não despontasse, o que é uma pena, pois é uma boa atriz. Quanto aos demais, diria que cada um foi bem colocado em cena, mas sem grandes nuances chamativas, desde a freira explosiva vivida por María Botto, o jovem soldado medroso vivido por Manuel Llunell, o ex-piloto agora sniper bem colocado por Álvaro Cervantes, e claro o mouro bem marcante que Mouad Ghazouan se colocou em cena, entre outros.
Como já disse, o melhor do filme ficou a cargo da equipe de arte, que entregou cenas gigantescas, com muitos elementos cênicos, vilas, florestas com zumbis vindo de todos os lados, cada um em um estilo bem propício para o ambiente, armas e explosões bem colocadas, e claro uma instalação de trens no final muito bem trabalhada que deu um envolvimento a mais para detalhar tudo. Claro que temos alguns problemas técnicos nesse sentido, pois o sangue explodindo dos tiros nos zumbis pareceu fumaça, mas foi talvez uma opção alegórica para o que o diretor desejava da trama, porém tirando esse detalhe temos boas maquiagens, figurinos e todo uma cenografia bem detalhada de elementos e ambientes, que chama muita atenção.
Enfim, é um filme até que bem feito, que de cara vemos que possui uma história maior que merecia uma melhor adaptação, mas que funciona dentro do que foi proposto, e assim o resultado acaba funcionando como um bom passatempo, mas que como já disse no começo é bem capaz que amanhã nem lembre mais de ter visto ele, pois não tem nada muito marcante, e isso é uma pena, pois o texto aparenta ter muito mais para ser entregue. E assim sendo recomendo ele com todas essas ressalvas, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.
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