Só por ser um filme do diretor e roteirista François Ozon já sabemos que vamos ver algo que muitos vão odiar, outros não vão entender nada, e poucos vão amar, mas isso faz parte de um preparo maior que já até acostumei, pois quando vi pela primeira vez um longa dele em um dos Varilux fiquei sem entender nada e saí até bravo, mas depois fui me acostumando com os demais e pegando o jeito de interpretar melhor suas ideias, porém aqui volto no que falei no começo, é uma homenagem e uma reinvenção de um filme clássico (o qual o original nunca vi, então não vou fazer comparações), mas que não se pode mudar muita coisa, e dessa forma não vemos um filme tradicional de Ozon, pois tem comicidade demais, tem ironias e humor negro demais, tem abusos sem noção alguma, e assim sendo o filme chega a incomodar em alguns atos ao mesmo tempo que diverte, e da mesma forma que faz rir, também cansa bastante. Ou seja, saímos da sessão sem ter gostado muito do resultado, e tirando alguns que vi que eram realmente fãs do diretor alemão e sabiam até que cena era de qual filme, os demais da sala não curtiram muito o resultado, sendo então algo que não foi apenas eu que não gostei do que vi, mesmo não sendo uma bomba completa por ter algumas cenas engraçadas de certa forma.
Sobre as atuações, diria que Denis Ménochet foi bem imponente com a entrega que deu para seu Peter von Kant, sendo o clássico diretor que revela atores após levá-los para cama ou vice-versa, se apaixonando tão rápido quanto odiando a pessoa, e fez olhares bem marcantes, fez expressões forçadas que encaixaram plenamente para o papel, e acabou sendo interessante de certa forma, embora não seja daqueles personagens que nos conectamos facilmente, mas ao menos teve atos bem divertidos e que funcionaram dentro do contexto da trama. Isabelle Adjani fez a tradicional "amiga" com sua Sidonie, daquelas que vem fofocar a troco de conseguir algo também, que está sempre atrás de uma vaguinha em algum filme do diretor, que dá mas recebe na mesma forma, e trabalhou com muita classe e estilo, chamando a responsabilidade cênica para si em alguns atos, mas também não indo muito além, agradando da forma que era possível. Khalil Ben Gharbia fez um Amir meio que duplo, chamando a atenção para seu estilo de olhares, fazendo nuances bem diretas para o que desejava do protagonista, e fazendo muito charme também, o que acaba sendo um personagem que num filme mais elaborado chamaria muita atenção, mas aqui mais irritou do que fez algo chamativo. Quanto aos demais, é claro que tenho de dar todo o destaque máximo para Stefan Crepon com seu Karl, que não falou uma palavra sequer, mas entregou olhares tão expressivos que falaram quase um roteiro de diversas páginas, sendo extremamente maltratado pelo protagonista, mas dando show em todas as execuções, e claro na finalização, já a filha e a mãe do protagonista só serviram para dar um fechamento e uma tentativa de mudança de ares, mas não foram muito além.
Visualmente o longa é uma peça, com o apartamento dividido em uma sala e um quarto, com alguns degraus separando os ambientes, e o mordomo sumindo algumas vezes para uma cozinha que não é mostrada, então qualquer bom diretor conseguiria adaptar perfeitamente a obra para os palcos, mas claro que rechearam de elementos cênicos como muitas garrafas de bebida, copos, carreiras de droga, cigarros, peles para cobrir os corpos nus, uma máquina de escrever, e um projetor numa sala a parte, que poderia ser facilmente usado na sala mesmo, junto com uma câmera para filmar seus atores, diversos prêmios e livros nas prateleiras, muitas fotos do seus musos e musas, e claro tudo sendo usado depois para quebradeira, ou seja, a equipe de arte encheu com tudo o que fosse possível para ser bem representativo e funcionou.
Enfim, é um filme que não tenho como recomendar, pois mesmo rindo em alguns atos, acabei cansando bastante durante a exibição e com apenas 85 minutos de projeção olhei no relógio três vezes, ou seja, demorou uma eternidade para que o filme acabasse, e assim sendo se você não for extremamente fã do diretor alemão homenageado, e gostar do estilo do diretor francês fuja, do contrário provavelmente você nem lerá o meu texto e estará revendo todos os filmes do diretor alemão. E é isso meus amigos, encerro aqui os filmes do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, mas quem curte séries a partir do próximo dia 14 estará no site do Festival e na plataforma do Looke, 4 das séries exibidas no RJ e em SP por completo, e gratuitamente, ou seja, fica a dica para todos. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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