terça-feira, 16 de agosto de 2022

45 Do Segundo Tempo

Conforme os anos vão passando muitas vezes ficamos pensando como andam alguns amigos que deixamos de ter contato após o colégio, e a junção para uma foto acaba sendo nostálgica a tal ponto que muitas das vezes acaba batendo muitos sentimentos na pessoa, ainda mais quando se está numa maré de problemas, que aí vem toda aquela conversa que temos com nós mesmos sobre como foi a nossa vida, se atingimos o que esperamos e tudo mais, e isso emociona quando é bem transmitido em um filme como é o caso de "45 Do Segundo Tempo", pois não bastasse todo esse saudosismo em uma temática bem trabalhada, o longa ainda contou com um trio de feras nacionais, que conseguiram dar ênfase na vivência deles, e trabalhando emoção e bons momentos acabam nos levando para uma viagem entre os lugares que passaram boas épocas na época da escola. Diria que se tivessem formatado ele talvez como um road-movie daria ainda mais envolvimento, mas as escolhas dos temas trabalhados, junto da sutileza nos atos cômicos que podem até soar apelativos pelo estilo para alguns, acabou resultando em algo que quem for mais velho certamente irá se emocionar ao pensar em tudo da mesma forma.

Na trama vamos conhecer a história de Pedro Baresi, um palmeirense roxo e dono da tradicional cantina italiana Baresi, que reencontra depois de 40 anos seus amigos de colégio, Ivan e Mariano, para recriar uma foto tirada na inauguração do metrô de São Paulo, em 1974. Pedro ama futebol, ama a culinária italiana e ama sua vira-lata Calabresa, mas as dificuldades financeiras e a falta de esperança o fazem refletir sobre sua própria existência. Nessa comédia emocionante sobre escolhas, amizades e redescobrimento, Pedro, Ivan e Mariano revivem memórias dos melhores dias de suas vidas e seguem em busca de Soninha, a musa da infância dos três.

O último longa do diretor e roteirista Luiz Villaça, "De Onde Eu Te Vejo", foi um dos poucos filmes que dei nota máxima, e até hoje recomendo o longa para todos, e aqui ele soube novamente trabalhar muito bem um tema emotivo com doses dramáticas e cômicas bem colocadas, não fazendo nem grandes explosões, nem exagerando em cenas pacatas para segurar demais o envolvimento, e isso é algo muito acertado que os europeus costumam fazer em suas comédias dramáticas, pois puxa a emoção do público ao mesmo tempo que lhe dá algo para sorrir, e o resultado flui muito mais fácil. Porém aqui temos alguns exageros demasiados nas personalidades dos protagonistas, que não é errado de ser colocado, pois temos muitas pessoas dessas formas, mas poderiam ter sintetizado melhor para que o filme não necessitasse de tantas aberturas. Ou seja, a emoção funciona, a história é boa, mas temos algumas pequenas quebras que serviram para certos gracejos que não marcaram tanto, e assim essas derrapadas vão fazer graça, mas poderiam ter sido melhoradas para algo menos digamos forçado. Mas ainda assim é uma das melhores direções nacionais, e assim faz valer muito a ideia passada no contexto completo.

Sobre as atuações é fato que o trio de protagonistas entrou nas gravações afiados demais, ao ponto que praticamente vemos eles com seus papeis de carreiras em cena, o que é maravilhoso de ver, e claro que Tony Ramos se joga de tamanha forma para seu Pedro Baresi que emociona nos atos, grita e xinga como todo descendente de italiano, tem trejeitos fortes e bem claros, e consegue passar sua emoção em todos os atos dramáticos, seja sentado com sua cadelinha divagando sobre a vida, em cima de uma caixa d'água com os amigos, ou até mesmo quando desce do ônibus, para aí voltar no final com uma narração futebolística emocional do melhor estilo possível, ou seja, deu show. Cássio Gabus Mendes ficou mais seco com seu Ivan, demonstrando o clássico advogado de empresários sério e bem duro, com nuances mais fechadas e descrentes, mas sempre bem colocado entre a razão e a emoção se conectando como um bom elo entre os demais, o que acaba agradando e envolvendo também. Já Ary França foi colocado como o ponto cômico da trama com seu padre Mariano, fazendo trejeitos bem colocados, entregando desapontamentos com sua vida na igreja, mas desesperado pelo amigo, o que foi bem dosado nas cenas de bebedeira, e que claro divertem também. Os demais foram apenas conexões, com pouco uso de Denise Fraga e Filipe Bragança, e um ar mais emotivo para a o papel de Louise Cardoso, mas sem grandes cenas para o trio secundário.

Visualmente o longa foi bem trabalhado com uma cantina bem organizada por dentro, mas com um fundo desastroso, que diria que no interior poderiam ter dado uma "estragada" para mostrar o desgaste do tempo, tivemos uma festa de 25 anos de empresa bem requintada, tivemos uma igreja bem tradicional, e claro tivemos a viagem em um ônibus e uma cidade que praticamente parou no tempo com casas bem tradicionais, incluindo a casa que vão visitar e tudo está de ponta cabeça com a senhora sozinha e o filho sem fazer muita coisa, que até foi bem representativo, ou seja, a equipe de arte foi simbólica em alguns elementos, mas deixou a maior parte por conta dos diálogos mesmo, o que faz valer o envolvimento e simbolismo, além claro da ótima cena final misturando o passado com o presente que ficou bem bacana de ver.

Enfim, é um filme muito gostoso, com nuances emotivas e nostálgicas para quem já não é mais tão jovem e tem as lembranças com os amigos do colégio, e que tem uma boa dosagem de comédia e drama que fará todos entrarem bem no clima do protagonista, então digo que mesmo não sendo uma obra perfeita como foi o longa anterior do diretor, esse também dá para recomendar com toda certeza, então vá aos cinemas no final de semana de estreia, pois vai valer a pena, afinal o resultado acaba mostrando que é um diretor que segue bem seu estilo e sempre nos entregará bons longas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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