segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Amazon Prime Video - O Matemático (Adventures Of a Mathematician)

Costumo dizer para alguns amigos roteiristas que a imaginação para se fazer um filme é algo que muitos nem precisam gastar muito cérebro, pois basta pegar alguma história de vida, dar uma trabalhada nela, e pronto você consegue um filme para ser assistido e que se acertado acaba ganhando até muitos prêmios, mas aí vem a seguinte pergunta: e se a vida do "homenageado" não foi interessante? Basta dar uma movimentada que o resultado sai, basta ver o tanto de biografias sem sal nem açúcar que temos espalhadas mundo afora, e agora pude conferir mais uma bem razoável que é do matemático que ajudou na criação da bomba atômica e teve alguns grandiosos métodos bem colocados nesse entremeio complexo das bombas, mas só, sem grandes desenvolturas que valessem ter um filme dele, não teve uma vida cheia de imposições, apenas foi um judeu polonês que se mudou para os EUA, foi professor em Haward, e acabou indo para o projeto de criações de bombas, aonde teve ideias, mas nada que chamasse a atenção ou marcasse um povo, ou qualquer outra coisa imponente. Ou seja, o longa "O Matemático" até tem alguns momentos interessantes de época, mostra o desenvolvimento da bomba que matou milhares de japoneses, mas não mostra uma pessoa chamativa ou importante que merecesse um filme realmente, e isso acabou fazendo com que o filme ficasse bem mediano, afinal como costumo dizer, o mundo está cheio de pessoas medianas, que até fazem a diferença em algum ato, mas a ponto de se tornar memorável, são bem poucos.

O longa nos situa em Cambridge, EUA, 1942. Stan Ulam é um talentoso matemático judeu polonês de 30 anos, um bon vivant bonito que é rápido com uma piada. A vida de Stan se complica quando ele perde sua bolsa em Harvard, mas seu melhor amigo, o gênio húngaro Johnny von Neumann, rapidamente lhe oferece um emprego misterioso que o leva ao Novo México. Stan se muda para Los Alamos com Françoise, uma mulher francesa que ele conhece e se casa após um romance turbulento. Cercado por jovens cientistas imigrantes excêntricos e carismáticos, Stan começa um trabalho ultrassecreto em uma bomba nuclear que pode explodir o mundo inteiro. Enquanto tenta desesperadamente ajudar sua irmã a fugir da Polônia ocupada pelos nazistas, Stan se junta a Johnny para criar o primeiro computador que dá origem à era digital, enquanto a Europa explode em chamas.

Diria que o diretor e roteirista Thor Klein foi bem no que fez, mostrando basicamente a criação de uma cidade no meio do Novo México, mostrando as discussões entre os cientistas com seus devidos cálculos e se realmente valeria fazer algo do estilo com seus princípios morais, e claro toda a desenvoltura para tentar mostrar a vida desses homens que praticamente esquecem de suas famílias, doenças e tudo mais enquanto estão fechados trabalhando, o que não é muito diferente em qualquer profissão. Porém faltou para ele deixar o personagem mais interessante, com um ar mais imponente, pois mesmo sendo um dos que esteve envolvido em algo monstruoso que foi a bomba atômica, o personagem é apenas um homem comum, que veio da Polônia com o irmão menor, que deixou a família de lado para tentar conseguir ir além, e só, não foi o criador exato da bomba, não trabalhou conceitos morais, nem nada, e isso pesa na trama, parecendo a todo momento que o personagem vai ser chamativo, e não é, ou seja, o filme forçou um pouco demais o personagem, e o ator não conseguiu transmitir também esse algo a mais que talvez o diretor tivesse visto para mostrar, e assim o longa é bacana apenas como um marco histórico, que talvez pudesse ter ido mais além.

Sobre as atuações, Philippe Tlokinski trabalhou bem seu Stan, criando trejeitos e entonações bem sintéticas, que não foram marcantes o quanto poderiam, mas que acabaram dando uma boa condução para o personagem, com destaque para os atos após precisar operar, que ali já próximo ao final teve nuances mais expressivas e chamou atenção, de forma que nos primeiros atos o ator não parece se entregar, usando de olhares sérios demais para alguém que gosta de piadas e brinca com jogos de cartas, e assim sendo ficou meio que estranho de ver. Esther Garrel deu boas nuances para sua Françoise, mas a conexão deles na festa é tão jogada para as cenas seguintes que o corte acabou ficando parecendo que nem se gostaram, mas sim a jovem aceitou o acordo e deu no que deu, ou seja, ficou meio falso na história, embora a jovem atriz tenha tentado trabalhar bem os olhares e envolvimentos. Quanto aos demais, tivemos vários atores interessantes vivendo grandes cientistas, físicos, e tudo mais que trabalharam no desenvolvimento da bomba, mas claro o destaque ficou para Fabian Kociecki como o grande amigo do protagonista, Johnny von Neuman, por seu ar envolvente e bem conectado nas cenas principais, e claro para Joel Basman vivendo o insistente Edward Teller com sua bomba de hidrogênio, ou seja, conhecemos muitos personagens marcantes na trama, mas sem dizer realmente quem foram só alguns poucos vão ligar para o que veem na tela.

Visualmente o longa foi até que bacana por mostrar a criação de uma cidade no meio do nada, as famílias começando a dar as devidas nuances por ali, mas chega a ser até engraçado no meio do deserto do Novo México todos de terno e gravata, andando na maior tranquilidade, além disso tivemos bons figurinos de época, as danças tradicionais, e todo os moldes de um grupo desenvolvendo tudo numa salinha bem simples, ou seja, faltou mostrar realmente a construção da bomba, um pouco mais dos testes, e tudo o que aconteceu, afinal no final é falado que o provável câncer do amigo tenha sido devido às radiações, mas só é mostrado sua mão, ou seja, faltou, e talvez seja falta também de orçamento, o que pesou um pouco na mão do diretor.

Enfim, não é um filme ruim, porém falharam em muitas coisas, e o principal, a história do protagonista não é interessante o suficiente para manter um longa, e isso acabou agravando todo o restante, e o resultado acaba sendo um longa que quem não estiver realmente interessado por tudo, não conhecer um pouco da história da bomba e tudo mais acabará parando na metade, e isso precisa ser bem pensado. Ou seja, não digo que recomendo a trama, mas fica a dica para conhecerem um pouco mais da vida das pessoas que abandonaram suas famílias para criar algo que destruiu muitas outras. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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