domingo, 21 de agosto de 2022

Amazon Prime Video - Sombra

Costumo dizer que o cinema português está muito próximo do cinema nacional, pois gostam de trabalhar os suspenses sem causar impacto como deveria, e isso é algo extremamente perigoso, pois o público dificilmente se conecta com as histórias que querem passar, por exemplo no longa português "Sombra", que pode ser conferido na Amazon Prime Video, temos um tema complexo de desaparecimento de uma criança e o envolvimento numa possível rede de pedofilia no final dos anos 90, que daria muita intensidade em qualquer filme bem feito, criaria vértices e emoções, e até mesmo causaria muita conversa com todas as possibilidades de discutir o tema e impactar em algo a mais, porém optaram por dar as nuances cênicas para o lado da mãe em não saber nada, não ter atenção da polícia local, e muito menos uma investigação que trabalhasse ou lhe desse maiores explicações, já que o principal acusado se recusa a falar qualquer coisa, até mesmo no seu julgamento, e isso só quem entrar realmente na pele da mãe vai sentir algo, isso se o diretor conseguir transmitir muita força, o que não acontece aqui. Ou seja, é um filme que de certa forma tem um estilo próprio, mas que falta com tanta coisa para chamar atenção, que na metade eu já tinha a certeza que fecharia sem nada explicado para a mãe, e isso é um peso que o filme não conseguiu entregar.

O longa que é baseado em fatos reais, nos situa em 1998, quando a “família perfeita” de Isabel é abalada com o desaparecimento de Pedro, o filho de 11 anos. Esta é a história de uma mãe que, apesar de todos os obstáculos que encontra, não aceita desistir de lutar para encontrar o seu filho de 11 anos, que desapareceu de forma misteriosa. O filme segue a história desta mulher e da sua família ao longo de quatro anos diferentes: 1998, 2004, 2011 e 2013.

Diria que o diretor e roteirista Bruno Gascon até fez um trabalho bem denso de desenvolvimento de personagem em cima dos sentimentos da protagonista, de forma que vemos uma mãe desesperada por algo a mais, que não desiste de forma alguma de saber sobre o filho, mas que também levou muita porrada e desconfia de tudo e de todos, mas faltou ele colocar a emoção na tela, trabalhar mais a dramaticidade da protagonista para nos convencer disso, pois embora seja um filme com um certo ar denso, não nos convence nas principais situações, e isso é ruim, pois ficamos esperando muito mais de tudo, e não ocorre. Ou seja, faltou encaixar realmente se o drama era atingível ou não, pois mensurar o sofrimento de uma mãe é algo que não é fácil, mas trabalhar o inverso com o ar de acusação poderia ter sido algo muito mais chamativo e envolvente, que daria uma forma muito melhor para tudo. 

E já que tanto estamos falando do faltar envolver mais a mãe, posso afirmar que Ana Moreira trabalhou  bem sua Isabel, e a equipe de maquiagem trabalhou mais ainda, pois como a vemos por 15 anos em cena, deram muita desenvoltura na pele e no ar de acabada para ela, mas tivemos poucos atos para ela entregar realmente seu desespero, e isso valeria muito na produção, tanto que seu ato no julgamento e os olhares na cena do computador foram bem marcantes, mas nos demais foi apenas algo muito sutil para transparecer mais para o público, e isso é algo que em um filme desse porte não pode acontecer. É até engraçado que por o filme ser da mãe, nem vamos lembrar muito dos demais personagens e atuações entregues, mas tivemos alguns bons momentos com Miguel Borges com seu Mário também mudando muito ao longo dos anos, a prostituta vivida por Ana Cristina de Oliveira que pareceu não envelhecer nada no período, e até mesmo alguns atos do policial do segundo ato vivido por Tomás Alves tiveram algumas boas nuances, mas nada que fosse muito além.

Visualmente o longa foi interessante pela proposta de mostrar 15 anos na tela, mostrando algumas diferenças na polícia, na casa da família, e até mesmo no uso de computadores, mas diria que faltou um pouco mais de elementos cênicos representativos para parecer outros anos sem ser a maquiagem da protagonista, e isso teve um peso digamos complexo na trama toda, ou seja, faltou usar mais de carros de épocas diferentes, usar talvez repórteres com elementos mais chamativos, e tudo mais, pois ficou em alguns momentos parecendo ser algo até no mesmo ano, e isso não é legal para a proposta que desejavam passar.

Enfim, é um filme que volto a frisar que ou você entra de cabeça na ideia da mãe, sentir tudo o que ela está sentindo, ou você verá apenas um filme bem mediano, quase puxando para baixo, que é o que acabou acontecendo comigo, mas sei que a ideia talvez pegue algumas pessoas de outra forma, então deixo a dica para quem tem esse sentimental um pouco maior. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas amanhã espero pegar algo melhor, então abraços e até logo mais.


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