Diria que o diretor e roteirista Bruno Gascon até fez um trabalho bem denso de desenvolvimento de personagem em cima dos sentimentos da protagonista, de forma que vemos uma mãe desesperada por algo a mais, que não desiste de forma alguma de saber sobre o filho, mas que também levou muita porrada e desconfia de tudo e de todos, mas faltou ele colocar a emoção na tela, trabalhar mais a dramaticidade da protagonista para nos convencer disso, pois embora seja um filme com um certo ar denso, não nos convence nas principais situações, e isso é ruim, pois ficamos esperando muito mais de tudo, e não ocorre. Ou seja, faltou encaixar realmente se o drama era atingível ou não, pois mensurar o sofrimento de uma mãe é algo que não é fácil, mas trabalhar o inverso com o ar de acusação poderia ter sido algo muito mais chamativo e envolvente, que daria uma forma muito melhor para tudo.
E já que tanto estamos falando do faltar envolver mais a mãe, posso afirmar que Ana Moreira trabalhou bem sua Isabel, e a equipe de maquiagem trabalhou mais ainda, pois como a vemos por 15 anos em cena, deram muita desenvoltura na pele e no ar de acabada para ela, mas tivemos poucos atos para ela entregar realmente seu desespero, e isso valeria muito na produção, tanto que seu ato no julgamento e os olhares na cena do computador foram bem marcantes, mas nos demais foi apenas algo muito sutil para transparecer mais para o público, e isso é algo que em um filme desse porte não pode acontecer. É até engraçado que por o filme ser da mãe, nem vamos lembrar muito dos demais personagens e atuações entregues, mas tivemos alguns bons momentos com Miguel Borges com seu Mário também mudando muito ao longo dos anos, a prostituta vivida por Ana Cristina de Oliveira que pareceu não envelhecer nada no período, e até mesmo alguns atos do policial do segundo ato vivido por Tomás Alves tiveram algumas boas nuances, mas nada que fosse muito além.
Visualmente o longa foi interessante pela proposta de mostrar 15 anos na tela, mostrando algumas diferenças na polícia, na casa da família, e até mesmo no uso de computadores, mas diria que faltou um pouco mais de elementos cênicos representativos para parecer outros anos sem ser a maquiagem da protagonista, e isso teve um peso digamos complexo na trama toda, ou seja, faltou usar mais de carros de épocas diferentes, usar talvez repórteres com elementos mais chamativos, e tudo mais, pois ficou em alguns momentos parecendo ser algo até no mesmo ano, e isso não é legal para a proposta que desejavam passar.
Enfim, é um filme que volto a frisar que ou você entra de cabeça na ideia da mãe, sentir tudo o que ela está sentindo, ou você verá apenas um filme bem mediano, quase puxando para baixo, que é o que acabou acontecendo comigo, mas sei que a ideia talvez pegue algumas pessoas de outra forma, então deixo a dica para quem tem esse sentimental um pouco maior. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas amanhã espero pegar algo melhor, então abraços e até logo mais.
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