Usando entrevistas e documentos do FBI, o roteirista C. Robert Cargill ("O Telefone Preto", "Doutor Estranho", "A Entidade") assinou essa produção com o pseudônimo de Kit Lesser e trabalhou muito bem toda a trama histórica bem detalhada para que a diretora Amber Sealey criasse mais do que apenas um filme de confissões e diálogos entre dois homens, mas sim uma abertura da mente, de olhares e envolvimentos, que fluísse e chamasse toda a centralidade para conhecermos e entendermos mais sobre a mente de um assassino, trabalhando toda a dinâmica nas presenças e sensibilidades que conseguiriam retratar ali. Ou seja, é um filme que se olharmos bem a fundo não é explosivo e chamativo como poderia, tanto que as cenas finais são bem mais fortes e entregam muito mais do ar doentio do protagonista, que passa bem toda sua força para o outro com um texto denso e forte, mas que de certa maneira chama a atenção pelo contexto completo e acaba agradando até mais do que outros filmes feitos sobre o assassino, mostrando um grande acerto da equipe completa.
Sobre as atuações, ambos os protagonistas se entregaram completamente para seus papeis, com olhares, gestuais, e principalmente tons de voz, ao ponto que vamos sentindo tudo ao redor deles, toda a intensidade e calma de cada um, e até mesmo suas respirações conseguem demonstrar o ar frio do assassino e o sentimento do agente suando pensando em tudo e como contra argumentar toda a história sem parecer o que realmente era sua missão. Ou seja, Elijah Wood foi primoroso com o envolvimento que deu para seu Bill Hagmaier, trabalhando muito o envolvimento do personagem e se jogando para não criar um agente tradicional que chegasse lá e já botasse tudo a perder, tanto que foi o único que teve mais contato com o assassino e conseguiu extrair muita informação dele, e o ator soube passar exatamente a mesma essência. Mas o filme é quase que todo dominado por Luke Kirby, pois ele fez seu Ted Bundy com uma imponência bem marcante, com olhares fortes e intensos, sabendo se portar com tanta simetria que sentimos ele com ares tão presentes que nem tem como saber o que está pensando, assim como foi com o assassino, e assim sendo ele acertou em cheio com o que fez. Ainda tivemos alguns bons momentos com outros atores, mas quase nenhum tendo grandes destaques, afinal o foco completo do filme são a dupla, então vale destacar apenas Aleksa Palladino mostrando como uma advogada de um assassino se porta, afinal muitos perguntam como alguém aceita defender uma pessoa que sabem que é culpada, e a jovem fez muito bem sua cena de argumentação.
Visualmente o longa é bem simples, pois se passa praticamente todo dentro da área de visitas da prisão, tendo alguns poucos atos na agência do FBI, alguns outros no carro com o protagonista podendo se imaginar no lugar do assassino, algumas imagens soltas para serem representativas, e claro algumas encenações de violência para mostrar o conteúdo de algumas revistas citadas, mas nada que chamasse muita atenção, além claro de vários momentos dos momentos reais mostrando a população em grandiosa torcida do lado de fora da cadeia esperando o assassino ser frito na cadeira elétrica. Ou seja, a base é quase teatral, e o resultado acaba sendo funcional nesse sentido.
Enfim, é um filmão bem intenso, com boas nuances do começo ao fim, e que principalmente faz os protagonistas se destacarem demais de tudo, porém tem dois defeitos que devo pontuar, o ar teatral fechado, que poderia ser mais representativo e amplo para não focar somente ali no ambiente fechado, e o fato de somente no clímax final termos o ar explosivo e assustador da mente doentia do assassino, que praticamente se ocultou o tempo todo até saber que lhe faltava poucos dias para morrer realmente, pois isso poderia ter dado ainda mais força para o filme, mas de forma alguma diminuiu o valor da trama, e o resultado funciona muito, valendo a indicação para quem quiser dar o play na Netflix. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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