A Luta De Uma Vida (The Survivor)

9/09/2022 12:51:00 AM |

Acho que logo mais vou poder fazer algum curso de especialização em Segunda Guerra Mundial e ir fazer apenas as provas com o tanto de filme que ando vendo sobre o tema, e o melhor que um diferente do outro, trabalhando temas secundários bem intensos e fortes, e principalmente cada um soando mais incrível que o outro, ao ponto que o tema parece ter sido retomado em pauta e os diretores/roteiristas estão se aprimorando em boas histórias para que o filme tivesse conteúdo e soasse bem marcante na vida das pessoas. É claro que temos muitas biografias dos sobreviventes da Guerra para que os diretores trabalhem e criem suas entonações, mas algumas ficamos tão impactados que muita das vezes nem parecem ter acontecido realmente, como o filme de ontem que foi de uma partida de prisioneiros de um campo de concentração, e agora de um homem que para sobreviver aceitou participar de lutas de boxe (ou algo semelhante aonde o último que sobrasse em pé não levava o tiro final na testa, tendo lutas de mais de 30 rounds), e após isso com o trauma na mente das mortes de compatriotas que causou, usou de ter se tornado um lutador marcado como Sobrevivente de Auschwitz para agendar lutas com grandes nomes para tentar achar a namorada que foi separada dele no começo da guerra. Ou seja, é um filme intenso, com uma ótima história, com atores incríveis, com uma fotografia perfeita e que envolve demais, sendo mais um ótimo exemplar para indicar sobre o tema, e que faz valer completamente ver no cinema, afinal filmes com lutas o bacana é ouvir as vozes das torcidas, todo o impacto cênico e muito mais, então fica a dica.

No longa acompanhamos a história de Harry Haft, um boxeador que lutou contra outros prisioneiros nos campos de concentração para sobreviver após a segunda guerra mundial. Assombrado por memórias e pela culpa, ele tenta usar lutas de alto nível contra lendas do boxe como Rocky Marciano como uma maneira de encontrar seu primeiro amor novamente.

O diretor Barry Levinson andava meio sumido, principalmente de filmões marcantes, afinal suas indicações e prêmios foram em 1989 com "Rain Man" sendo vitorioso e 1991 apenas indicado por "Bugsy", depois fez muita coisa que apenas teve algum chamariz, mas sem explosões, e aqui ele volta a mostrar muita intensidade, cenas de impacto do começo ao fim, atores em diferentes fases bem marcantes, e claro uma produção grandiosa com ares de premiação, ou seja, ele pegou o roteiro baseado no livro do filho de Harry Haft, e criou algo tão marcante e tão cheio de nuances que acabamos entrando completamente de cabeça na história, fazendo com que todo o envolvimento do público ficasse junto do protagonista, e que claro seus pesadelos bem desenvolvidos. Ou seja, diria fácil que é a volta por cima do diretor, entregando um longa marcante, com um ritmo que facilmente poderia ter desandado, mas que fluiu perfeitamente, e que contando uma história bem intensa e real, vai emocionar e arrepiar tanto quem gosta do boxe como esporte quanto quem gosta de um bom filme histórico.

Sobre as atuações posso dizer que Ben Foster literalmente se entregou para o personagem de Harry Haft como um lutador mesmo, pois emagreceu 28 kilos para viver o personagem em Auschwitz e depois engordou 22 kilos em 5 semanas para fazer o papel no pós-guerra, e claro fazendo trejeitos marcantes, performances completamente convincentes, e trazendo muito envolvimento e personalidade para suas cenas, entregando realmente tudo que um protagonista com traumas de guerra simboliza, e sendo ainda mais marcante em todas suas lutas, ou seja, deu show. Billy Magnussen também entregou com muita personalidade seu Schneider, se impondo em todas as cenas, jogando sacadas e diálogos bem incorporados com cada momento, e trabalhando seus trejeitos para ao mesmo tempo passar um ar de monstro nazista e também de "amigo" do protagonista, o que acaba sendo bem intenso de ver. Ainda tivemos Peter Sarsgaard bem trabalhado em algumas cenas como o jornalista Emory Anderson, Danny DeVito perfeito como o treinador de Rocky Marciano, Charley Goldman, John Leguizamo como Pepe, o treinador de Haft, e Saro Emirze bem envolvente como o irmão do protagonista Peretz Haft, mas sem dúvida alguma o destaque ficou para Vicky Krieps com sua Miriam doce e bem marcante, passando os olhares certeiros de alguém que se apaixonou, e ainda tendo atos bem trabalhados nas últimas cenas que encaixaram como uma luva na dinâmica completa do filme, ou seja, foi muito bem em cena e agradou demais.

Visualmente o longa está realmente incrível, trabalhando praticamente três épocas diferentes, sendo a primeira com o protagonista lutando nos campos de concentração, muito bem representados cenograficamente, com uma fotografia em preto e branco lindíssima, e com cenas bem imponentes de lutas quase livres e claro mostrando também corpos sendo queimados, fuzilados e também nas câmaras de gás; a segunda época com o protagonista já fazendo suas lutas profissionais, mostrando alguns personagens conhecidos do boxe mundial, todo o processo do personagem apanhando bastante nas lutas, e claro a matéria forte que saiu no jornal sobre ele ter matado vários judeus em lutas; e o terceiro ato com o protagonista já velho com família e ainda com a amada na cabeça, tendo cenas no comércio dele, em sua casa, com filhos e voltando para a cena da praia que inicia o longa para alguns atos bem bonitos também. Ou seja, um pacote completo envolvendo ótima fotografia e cenografia na medida para marcar.

Ainda tivemos uma trilha sonora bem imponente, marcante, dando o ritmo perfeito para que o longa não soasse cansativo, aonde claro que Hans Zimmer deu seu tom tradicional, cheio de entonações bem colocadas que agradam demais do começo ao fim, no estilo clássico que o compositor não erra.

Enfim, é um tremendo filmaço que recomendo demais tanto pelo lado histórico e biográfico muito bem representado da época com corpos magérrimos mortos espalhados pelo cenário nos atos em Auschwitz, lutas bem imponentes, e tudo mais que uma boa trama histórica deve trabalhar, sendo que recomendo demais para todos verem nos cinemas pelo ambiente e claro a telona, mas como foi um filme feito pela HBO, acredito que muito em breve entre na programação do streaming no Brasil. Só não falo que foi uma trama 100% perfeito por alguns atos serem um pouco alongados, e alguns momentos faltarem com um pouco de alma, mas de resto é incrível de ver, arrepia e agrada demais. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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