A Mulher Rei (The Woman King)

9/23/2022 01:18:00 AM |

Pois bem, já faz algum tempo que andam tentando empurrar filmes com protagonismo feminino descendo a porrada nos homens, e alguns até meio sem noção falhando bastante, então os roteiristas andaram pensando em como fazer algo decente usando algo mais imponente, e a resposta veio rápido com um pouco de pesquisa histórica, ao chegarem no exército de mulheres africanas que lutaram contra a venda de escravos durante o período da colonização, brigando contra colonizadores e até mesmo contra outras tribos que obrigavam outras tribos a darem tributos para vendas. Ou seja, muitos vão falar que isso não existiu, outros vão pontuar como apenas inserção feminina em um mundo que não é bem assim, mas o resultado de "A Mulher Rei" é tão imponente seja pela grandiosa produção, pelo ótimo texto e ou pelas ótimas atuações, que no final só sabemos de uma coisa, que o resultado acabou sendo daqueles tão fortes e bem feitos que gostaríamos até de mais continuações, pois ver Viola Davis comandando um exército fortíssimo foi tão bom que não dá vontade nem de sair da sala depois, e adianto para não saírem mesmo, pois logo no começo dos créditos tem uma cena extra de um ritual bem bacana, então espere uns minutinhos.

O longa acompanha Nanisca que foi uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África entre os séculos XVII e XIX. Durante o período, o grupo militar era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram os colonizadores franceses, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. Conhecidas como Agojie, o grupo foi criado por conta de sua população masculina enfrentar altas baixas na violência e guerra cada vez mais frequentes com os estados vizinhos da África Ocidental, o que levou Dahomey a ser forçado a dar anualmente escravos do sexo masculino, particularmente ao Império Oyo, que usou isso para troca de mercadorias como parte do crescente fenômeno do comércio de escravos na África Ocidental durante a Era dos Descobrimentos, o que fez com que mulheres fossem alistadas para o combate.

Se você viu o trailer e pensou que o longa tinha alguma ligação com "Pantera Negra", já adianto que não propriamente, mas as Dora Milaje foram baseadas nas famosas guerreiras Agojie, já que ambas defendem seus reis e claro o reino, então diria que a diretora Gina Prince-Bythewood foi muito precisa em sair do elo dos filmes da Marvel, e claro de heróis também já que seu último filme "The Old Guard" envolveu também uma pegada de HQ, indo para algo mais histórico mesmo, mostrando todo o processo de vendas de membros das tribos ou inimigos para os colonizadores como escravos, todas as dinâmicas dos treinamentos sendo bem representativas, e com isso ela nos fez ter um carisma ainda maior por todos os personagens, fez com que nos envolvêssemos bem na trama da protagonista, e mesmo o arco relacional da protagonista com a garota sendo um pouco exagerado e forçado, o resultado final acaba agradando bastante, fazendo com que o público curta cada momento entregue, e queira até saber mais dos personagens reais, afinal sabemos bem pouco da história dos escravos pelos livros da escola, e aqui a intensidade deu o tom, mostrando que tanto o roteiro quanto a direção pesquisou bastante para criar algo de ação empolgante e de certa forma realista.

Sobre as atuações nem tem como dizer que a maioria do público irá aos cinemas ver o longa por conta de Viola Davis, e a presença dela na trama diz tudo, afinal sua Nanisca é determinada, é forte, tem imponência nos atos, e sem pestanejar entregou tanta desenvoltura física (que talvez tenha sido mais dublês, ou não?) quanto expressiva para cativar cada momento seu na tela, fora toda a ótima conexão com as demais personagens, fazendo com que tudo se encaixasse muito bem e criasse um carisma presencial muito bem marcado. Não conhecia a atriz Thuso Mbedu, mas fez de sua Nawi uma garota tão atirada, tão cheia de vontade nas cenas, que posso dizer que vai fazer muito sucesso em todos os filmes que lhe colocarem, pois soube fazer todos os tipos de trejeitos e agradar com muita simplicidade cênica, e isso é bem raro de ver, ou seja, cativou o público. Agora falando em carisma, sem dúvida alguma Lashana Lynch é o nome da vez, pois já tinha ido muito bem no último "007", e agora com sua Izogie foi daquelas que torcemos, envolvemos, e que queríamos ainda mais cenas dela, pois a atriz pegou o papel e se jogou, lutou, encarou lança no peito e tudo mais, sendo perfeita, e claro passando muito envolvimento para com as demais garotas. Ainda das mulheres vale destacar as caras sérias e tensas de Sheila Atim com sua Amenza, meio que a mulher dos cultos, mas muito mais que isso, uma grandiosa amiga e confessora da protagonista, encaixando olhares fortes em meio de cenas calmas, e agradando bem com isso. Quanto dos homens da produção, diria que John Boyega foi meio secundário demais com seu rei, faltando um pouco mais de explosão e dinamicidade, parecendo que não estava satisfeito com algo, o que é uma pena, pois é um grande ator, já Jordan Bolger entregou um Malik bem cheio das nuances, com um envolvimento bem trabalhado com a garota protagonista, e acabou chamando bastante atenção pelos olhares colocados em cena, e por fim Hero Fiennes Tiffin merecia algo um pouco pior para o seu Santo, ao ponto que ambos mandaram até que bem no português, mas foram bem simples de entregas.

Visualmente a trama tem um ambiente muito bem trabalhado, mostrando o palácio separando a parte das guerreiras aonde nenhum homem sem ser os eunucos entram, com uma piscina imensa para as jovens se lavarem e relaxarem após as batalhas, tendo também o lado das reuniões do rei com suas diversas mulheres ostentando riquezas, cenas bem intensas de treinamento e de uma competição marcante, atos fortes mostrando o mercado de escravos, e também alguns atos bem imponentes da violência contra as mulheres capturadas, além de um flashback do passado da protagonista, e claro muitas batalhas fortíssimas, mas que economizaram um pouco no sangue, que dava para explodir mais a cada facada nas cabeças.

Enfim, é um tremendo filmaço, com uma história imponente e que agrada bastante, que chama a atenção tanto para o conteúdo histórico, mas claro deixando a ação em primeiro plano, e isso vai fazer com que o público curta mais tudo. Então com certeza recomendo o longa, mas dizendo que não é perfeito, pois mesmo os 135 minutos passando voando, alguns atos ficaram meio que repetitivos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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