A Queda (Fall)

9/30/2022 01:25:00 AM |

Antes de mais nada, se você tem qualquer problema com altura, fuja totalmente desse filme, pois se eu que não tenho nenhum medo de altura saí com as mãos suadas de desespero, imagino quem tem sequer uma pontinha de medo. Dito isso, confesso que fui assistir "A Queda" esperando um filme bem bobinho, quase idiota que apelaria apenas para a altura, sem nada para ser desenvolvido, que a hora demoraria uma eternidade para passar, mas pelo contrário, é um tremendo filmaço, cheio de desenvolturas e diálogos bem contundentes, além de situações que só sendo bem maluco mesmo para fazer um programinha desse, aliás a moça estando de luto ainda após a morte do marido fazendo alpinismo, o que ela vai fazer, vai subir numa torre caindo os pedaços só porque a vida é curta e merece ser aproveitada, garanto que se tivesse saído para comer um rodízio de pizza teria ficado muito mais feliz. Brincadeiras à parte, o longa tem boas surpresas, diálogos interessantes e um envolvimento incrível num único cenário, tão minúsculo mas tão gigante ao mesmo tempo que chega a assustar, e cada ato as coisas vão fluindo tanto que nem pensei em olhar para a hora durante todo os 107 minutos de exibição, e quando ocorre o estouro nos atos finais o impacto vem em cheio, ou seja, é um filme tão bom e tão simples que não duvido de criarem alguma continuação em breve, o que é desnecessário, pois o filme já foi perfeito o suficiente para um só.

A sinopse nos conta que afogada em um mar de tristeza, 51 semanas dolorosas após o incidente que a marcou para toda a vida, a alpinista emocionalmente frágil Becky relutantemente decide enfrentar seus medos. E quando sua amiga caçadora de emoções volta a entrar na vida arruinada de Becky, as duas alpinistas experientes embarcam em uma aventura de escalada de alto risco até o topo da torre de TV B67 abandonada de 2.000 pés (609,6m): uma construção indutora de ansiedade e vertigem de metal castigado pelo tempo e rebites barulhentos no meio do deserto de Mojave. No entanto, quando a escalada perigosa não sai como planejado, as mulheres devem reunir toda a coragem e força para elaborar um plano para um retorno seguro para casa - ou morrer tentando.

Diria que o diretor e roteirista Scott Mann foi incrivelmente preciso na ideia que desejava passar, pois cada ato seu parece inicialmente ingênuo, sem nenhuma proposição, para em segundos virar algo intenso, ou seja, tem de se prestar atenção em como o marido conversava com a esposa, tem que observar os abutres, como carregar um celular sem tomada, e por aí vai, pois tudo será muito bem usado nas cenas seguintes, e o principal, conseguiu ter um foco incrível para o ambiente parecer muito realista, os envolvimentos segurarem o público, e tudo mais, já que a base do filme é somente a torre, então o resultado funciona sem soar apelativo, e muito menos cansativo, o que é um luxo para um longa de um único ambiente.

Sobre as atuações, ambas as jovens deram um show de expressividade e souberam conduzir toda a trama com desesperos, loucuras, insolações, sangramentos, sede e tudo mais, num ponto que não necessitamos de mais ninguém em cena, e isso é ótimo, tanto que os atos que temos cenas do marido, ou do pai, ou até mesmo das pessoas lá embaixo da torre acabam por vezes desconectando o fluxo, então poderiam até ter diminuído mais isso que melhoraria ainda mais o filme. Dito isso, Grace Caroline Currey conseguiu entregar uma Becky frágil, mas determinada, com muitos medos e desesperos, porém acertou em cheio com toda a desenvoltura expressiva que precisava nas cenas, ao ponto que em certos momentos até torcemos por ela, e isso é bacana de ver em um filme. Da mesma forma Virginia Gardner se entregou como destemida para sua Hunter, fez cenas imponentes e cheias de ação, e ainda sobrou tempo para uns olhares enigmáticos bem colocados, o que acabou surpreendendo muito nos atos finais.

Visualmente sabemos que as protagonistas não filmaram em cima de uma torre imensa, mas a computação gráfica foi tão boa que o resultado praticamente nos coloca realmente nas imagens que foram feitas preparando tudo para que as inserissem lá, de tal forma que tudo é muito bem pensado, parafusos em detalhes, abutres preparando seu bote, luzes, e tudo mais, só falharam num detalhe imenso: um celular durar tanto tempo a bateria sem ter sinal, pois sabemos bem que saiu da rede, em 2 minutos a bateria já evapora, ou então a protagonista carregou o drone e também o celular com um tê, e está tudo certo. Diria que a profundidade cênica do ambiente foi algo muito meticuloso para impressionar e causar vertigem até mesmo em quem não tem medo de altura, e esse acerto de ângulo foi o melhor possível.

Enfim, é daqueles filmes que certamente lembraremos quando pedirem um filme para surtar tanto com o ambiente quanto com as reviravoltas, além de ser bem barato no quesito locação e artistas, então é o famoso pacote completo para se envolver e sair feliz (ou enfartado) da sessão com o resultado completo, e assim sendo recomendo ele com toda certeza para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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