Como falei no começo, a diretora e roteirista Lais Bodanzky soube trabalhar bem usando as dinâmicas de uma ideia maior que talvez tenha vindo em sua mente e que de certo modo permitiu que o ambiente se desenvolvesse, porém em alguns momentos toda a loucura não tem um eixo para que o público acredite no que é mostrado, sendo assim uma ficção que força acreditarmos ou não no ela criou, e isso pesa bastante, pois usando uma montagem bem bagunçada mostrando o presente no navio e o passado em vários lugares tudo acaba conflitando demais, o que é um tremendo problema. Ou seja, ela acaba nos entregando algo incomum que até agrada mas que acaba perdendo a força no miolo, e assim sendo não empolga como deveria, mas que não acaba sendo ruim de ver por completo.
Quanto das atuações, diria que o foco primordial é todo de Cauã Reymond com seu Pedro, de forma que o ator soube desenvolver bastante trejeitos de delírios, trabalhou uma impressão bem intimista ao criar as personificações junto das diversas mulheres, e foi direto ao ponto para que o público mantivesse o olhar completamente em suas nuances, o que acabou sendo um bom acerto, mas talvez um pouco mais de explosão agradasse mais. Luise Heyer com sua Leopoldina, Victoria Guerra com sua Amélia, e Rita Wagner com sua Domitila, brincaram bastante com as devidas nuances das várias mulheres de Pedro, sendo acertivas nas personificações e agradando nos seus momentos mais tensos, que soaram marcantes claro pela sensualidade e pelos atos mais carnais bem feitos. Quanto aos demais, tivemos encenações bem trabalhadas de Francis Magee com seu Comandante Talbot, Welket Bunguê como o Contra Almirante Lars e Sergio Laurentino bem desenvolvido como Chef, entre vários outros que apenas tiveram algumas passagens pelo navio, e vale também as cenas mais dialogadas com Isac Graça fazendo Dom Miguel.
Visualmente a trama foi bem montada dentro de um estúdio que simulou bem os movimentos de um barco para as cenas internas, tudo bem recheado de muitos apetrechos que a corte fugiu levando, vemos muitas cenas de um grandioso barco, várias cenas nos palacetes, e claro tudo muito simbólico para juntar numa trama realista de ambientes e maluca de essências, valendo pela equipe de arte criativa que não economizou em nada na grandiosa produção.
Enfim, é um bom filme que talvez pudesse ter ido mais além, que agrada pelos atos marcantes e bem cheios de devaneios, mas que saímos da sessão parecendo ter faltado algo, e isso é um peso que poderiam ter minimizado. De certa forma recomendo ele com algumas ressalvas, mas vale como um retrato de nossa História que não é tão bem contada. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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