Diria que o diretor Robert Connolly soube brincar muito bem com o livro de Jane Harper, pois acertar a mão em um suspense policial é algo que só bons livros costumam entregar, e transportar para a tela a dúvida completa de um crime do passado que esteve envolvido, puxando várias lembranças, e ainda investigar várias possibilidades em uma cidade minúscula aonde algo mentiroso dito várias vezes acaba virando uma verdade, é algo que poucos conseguem conduzir sem deixar sua trama confusa, ou necessitar de elos jogados que muitas vezes ninguém vai entender. Ou seja, ele soube segurar tudo até o final, não entregar de forma alguma o verdadeiro criminoso, e claro o motivo do crime, e ainda para melhorar deixou as memórias do protagonista serem guiadas com muita fluidez, que até ficou meio abusivo o elemento achado bem no finzinho, mas que funcionou bem para o que a trama precisava, e o resultado empolga e dá uma grande dimensão de tensão, o que é o resultado perfeito de um filme do estilo.
Sobre as atuações, Eric Bana trabalhou semblantes sérios para seu Aaron Falk, criou boas dinâmicas e até nos trejeitos mais pensativos do passado conseguiu criar sínteses para que seu personagem fosse bem funcional, ou seja, praticamente brincou com o personagem de um modo investigativo bem interessante e intrigante como deve ser, agradando bastante e envolvendo também da melhor forma. Genevieve O'Reilly entregou também bons momentos para sua Gretchen, sendo sensual, trazendo boas lembranças para o protagonista, e até mesmo tendo alguns atos conflitivos para deixar a pulga atrás da orelha de quem está tentando enxergar um algo a mais, e ela fez isso com doçura e bons momentos. Keir O'Donnell trabalhou bem seu Raco, sendo um policial que não é daqueles imponentes, mas que tem carisma e personalidade para junto do protagonista ir entregando tudo e se desenvolvendo bem, ao ponto que funciona bastante. Sobre os personagens jovens, é claro que o destaque fica para Joe Klocek fazendo um Aaron bem fechado, mas com ares bem envolventes assim como o protagonista, vemos Claude Scott-Mitchell passando uma Gretchen bem mais saidinha que a versão adulta, e claro tivemos Bebe Bettencourt entregando nuances perfeitas de sua Ellie, brincando com todo o envolvimento com os garotos, e sofrendo muito com tudo o que tem ao seu redor, agradando bem expressivamente e também cantando, que ainda fecha o longa com sua canção, ou seja, perfeita. Ainda tivemos atos fortes com Matt Nable entregando um Grant Dow bem típico de cidades pequenas, que quer resolver tudo na mão, um James Frecheville bem misterioso com seu Jamie Sullivan, e um John Polson bem trabalhado com seu Whitlan, ao ponto que todos acabam sendo bem enxergados pelo protagonista, e se encaixam bem em tudo o que fazem no filme, isso sem esquecer dos bem colocados Julia Blake com sua Barb, Bruce Spence com seu Gerry e William Zappa com seu Mal, mas ambos apenas conectando tudo, sem ir muito além.
Visualmente o longa entrega uma Austrália pós uma seca sem chuvas de quase 1 ano, um ambiente completamente árido tanto visualmente quanto pelas pessoas que vivem ali com temores de incêndios e também desconfiadas de tudo o que aconteceu após um crime brutal aonde todos já tem suas opiniões formadas, o protagonista passeando pelas casas e campos da maioria da cidade atrás de detalhes para tentar resolver o crime, uma delegacia bem simples, um hotel sem água para o banho, um funeral, e claro muitos momentos nos rios e florestas de 20 anos atrás, ou seja, a equipe trabalhou muito bem tudo para ir misturando o passado com o presente, os interlaces no cemitério, e tudo que um bom longa policial tem de ter para ir confundindo o público sem entregar todas as peças, ou seja, um trabalho minucioso bem executado que acaba chamando muita atenção.
Enfim, é um ótimo filme do gênero, que não cansa mesmo tendo quase duas horas de exibição, que não larga nada jogado, sendo daqueles que tudo vai ser bem explicadinho, e dá para pegar todas as nuances no final, ou seja, muito bom mesmo, que talvez poderia ter sido até um pouco mais amplo em algumas situações, mas não daria o mesmo resultado, então recomendo bastante, e mesmo não sendo perfeito veria ele novamente, então deixo a dica de play para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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