Diria que o diretor Vicente Amorim pegou o texto dos roteiristas Rita Buzzar ("Olga" e "Budapeste") e João Segall e acabou queimando demais com cenas alongadas, e por vezes abertas demais, pois a cada virada de introspecção das protagonistas, ele acaba abrindo mais o fluxo para depois resolver tudo de uma forma corrida no final, e isso é uma falha gigantesca, pois poderia ter trabalhado mais o ambiente do Festival musical, poderia ter trabalhado mais a rixa das irmãs, e até mesmo o luto de todos, mas não, foi abrindo a dramaticidade, passando um ar melancólico exagerado, e com isso cansando na totalidade. Ou seja, dessa vez é bem fácil culpar a direção e a edição, pois até cenas que precisariam ter, como a de contarem para a garota quem é seu avô, acabaram cortando e do nada ela já resolve mudar seus planos, e assim sendo ficou um pouco estranho o final, parecendo algo jogado apenas, que não chega a transformar em um filme ruim de todo, mas não resultou em algo que ficasse convincente por completo.
Sobre as atuações, como sempre Marieta Severo entrega muita emoção em seus trejeitos, e aqui com sua Lúcia dominou muito bem o idioma italiano para que não soasse artificial, e doou um ar meio que incisivo para que o conflito entre as irmãs ficasse bem marcado, mas faltou um pouco mais de personalidade para que a personagem explodisse realmente, e isso não foi tanto sua culpa. Já Luisa Arraes trabalhou sua Cora com tanta melancolia que até nos seus atos mais alegres pareceu deprimida, e isso poderia ter sido melhorado, mas foi um estilo que até entendemos pelo contexto da história, e assim sendo fez bem o que lhe pediram. Giancarlo Giannini com seu Gino e Elisabetta De Palo com sua Sofia trabalharam bem os momentos familiares, e deram boas nuances nos atos mais fechados, ao ponto que até entendemos seus lados, porém o filme não entrega bem as dinâmicas deles no miolo, e no final já não nos interessamos tanto por eles. Gabriel Leone até teve alguns bons envolvimentos com seu Carlo, tentou ter uma química interessante com a protagonista, mas não foi muito além, sendo apenas uma conexão boa, mas mal usada. Maeve Jinkings ainda deve estar pensando qual era o papel de sua Isabel na trama, pois a atriz apenas aparece fala algumas poucas palavras e não flui com os olhares necessários, e isso pesa bastante. Agora se o diretor tentou vender o filme usando o astro italiano Michele Morrone com seu Marcello Bianchini, deveria ter ido mais a fundo no festival musical, pois até deu uma boa personalidade para o cantor, mas o filme deu uma jogada rápida demais para ele, e isso não sustentou. E por fim, Rodrigo Lombardi apenas falou oi com seu Marcelo e mais nada, ganhando o cachê mais fácil de sua carreira.
Visualmente a trama é bem bonita, com uma Itália clássica, com um restaurante de vila, um festival musical bem trabalhado, uma casa colonial bem interessante com vários quartos, e figurinos e elementos cênicos como câmeras, álbuns de fotos, e carros bem usados para a representar a época, soando até que bem agradável com uma fotografia quase que em tons de sépia para dar um ar antigo para o filme, e nesse contexto diria que foi o ponto mais acertado da trama.
Enfim, é um filme bem mediano, que falhou muito em vários eixos, principalmente na montagem e no desenvolvimento de um tema que envolvesse melhor o público, ficando exageradamente melancólico e não atingindo nada demais como poderia, e assim se do não tenho como recomendar a trama por completo, pois raspou a trave de me fazer dormir, e se isso aconteceu comigo imagino com quem não gosta de dramas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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