Era Uma Vez Um Gênio (Three Thousand Years of Longing)

9/03/2022 10:00:00 PM |

Gosto muito de filmes bem dialogados, daqueles que você quase participa da discussão toda e no final está brigando com os protagonistas pelas situações, então imaginar algo bem trabalhado aonde conhecemos as diversas passagens de um gênio pela Terra ao sair de sua garrafa que sempre foi aprisionado por alguns erros e pedidos de seus antigos amos, certamente seria agradável e bem divertido. Aí vem um trailer completamente insano, cheio de situações e envolvimentos, coloca em letras graúdas o nome de dois grandiosos atores do cinema, numa fonte maior ainda o nome de um grandioso diretor, o que você pensa? Que vai amar o filme no mínimo! Mas ledo engano, a junção de um roteiro cheio de histórias dentro da História, de diversas fábulas e personagens, mas principalmente sendo quase que uma narração gigantesca dos protagonistas de "Era Uma Vez Um Gênio", o resultado acabou ficando tão cansativo que acabamos nem entrando no clima entregue. Claro que o filme tem seus pontos bons, como muitas representações de grandes ícones das fábulas como Sabá, Salomão, entre outros, e um visual bem bacana pelas histórias contadas, mas faltou um pouco mais de explosão para ser marcante, e isso pesou demais no resultado final.

A sinopse nos conta que enquanto participava de uma conferência em Istambul, a Dra. Alithea Binnie encontra um "djinn", o que no ocidente, é comumente denominado como “Gênio". A criatura lhe oferece três desejos em troca de sua liberdade, e isso apresenta dois problemas: primeiro, ela duvida que ele seja real, e segundo, por ser uma estudiosa de histórias e mitologia, ela conhece todas as histórias de advertência sobre desejos que deram errado. O djinn defende seu caso contando histórias fantásticas de seu passado e, eventualmente, ela é seduzida e faz um desejo que surpreende os dois, o que leva a consequências que nenhum dos dois esperava.

O mais engraçado de tudo é que é um filme de George Miller que não tem algo implosivo, pois mesmo seus filmes infantis ("Happy Feet" e "Babe") tem uma boa pegada cheio de ações e desenvolturas, e aqui ao trabalhar mais com os desejos de um gênio, e com uma historiadora, o foco ficou no ato de contar suas histórias e desenvolturas, seus amores e suas vontades, com uma pegada quase de um divã, o que fez o filme mesmo tendo personagens sanguinários no meio ficasse morno de ensejos. Ou seja, é um filme grandiosamente produzido, mas que não usa desses artifícios, e menos ainda de algo no mundo atual com o relacionamento do gênio com a historiadora, ao ponto que ficou parecendo que o diretor estava cansado de longas com muita ação, e apenas fez algo para se divertir antes de voltar aos filmes mais pegados, e assim sendo o resultado final ficou muito cansativo de conferir, não sendo algo ruim, mas que quem não tem o costume de tramas faladas ao excesso vai mais reclamar do que curtir tudo.

Sobre as atuações, é até engraçado que mesmo sendo a protagonista, Tilda Swinton tem uma participação até que pequena demais no longa com sua Alithea, servindo como alguém que tem um vasto conhecimento sobre a mitologia, mas não se desenvolvendo em expressões, nem indo a fundo na relação com o gênio, ao ponto que realmente foi usada como se fosse uma psicóloga ouvindo apenas tudo o que seu paciente tem para falar, e isso é algo muito pequeno para uma atriz do porte dela, ou seja, faltou o diretor usá-la com maior presença na trama, e ela também não quis ousar muito, ficando bem no meio do caminho. Já Idris Elba entregou tudo e muito mais com seu gênio, fazendo um personagem completamente diferente dos demais que já vimos interpretando algo do estilo, empostando sua voz para os atos mais fortes, e sendo bem sedutor nos atos necessários, brincando bem com cada elemento da História, e sendo sutil com os atos menos fortes, ao ponto que sabemos bem do seu potencial, e a cada vez que passa ele tem melhorado a barra para algo ainda mais chamativo, dando ao menos seu show. Quanto aos demais personagens, cada um foi usado de maneiras bem diferentes para serem representativos para as diversas histórias, mas sem grandes destaques.

Visualmente o longa é bem rico, afinal passa por várias histórias no melhor estilo dos contos das 1001 noites, mostrando algumas orgias, algumas lutas, mistérios e heróis, com muita desenvoltura e simbolismos, brincando com locações grandiosas e bem trabalhadas, que chamam bem a atenção, e mesmo o ambiente pequeno do quarto dos protagonistas foi bem organizado para todo o filme. Ou seja, a equipe de arte teve um trabalho imenso, com muitas garrafas, cenas violentas de mortes, e tudo mais, mas para elos, e isso mostra a trabalheira que é fazer um filme, pois muitas vezes não usam nem 10% do que gastam nos ambientes e a cena vai em 2 minutos embora para quase nada.

Enfim, é um filme mediano que talvez quem for conferir sem esperar muito dele se apaixone de certa forma, mas como fui esperando muito pelos atores, pelo diretor e pelo trailer, acabei bem decepcionado com o que me foi entregue, dando inclusive um pouco de sono, já que é um filme levemente lento, então fica a dica para ir conferir sem estar cansado, pois senão é acordar só com os créditos subindo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui com essa dica, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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