Diria que a diretora Natalie Morales brincou demais em seu primeiro longa, principalmente por ter uma ótima conexão com Mark Duplass, com quem divide tanto o protagonismo do filme quanto o roteiro, e ambos tiveram muita sincronia nas cenas, souberam mostrar momentos de carisma, momentos de discussão, de invasão de sentimentos e tudo mais, ao ponto que chega a ser até difícil pensar como alguém poderia dirigir um projeto desse estilo, pois tudo é muito amplo, cada ato pode mudar completamente durante a gravação, e acaba sendo algo que muitos poderiam imaginar até uma versão teatralizada dos diálogos e monólogos que cada um entrega para sua câmera à distância, porém foi muito bem sacado cada uma das escolhas, e o resultado acaba surpreendendo bastante. Ou seja, a jovem mostrou muita segurança em tudo, soube ensaiar e dirigir bem o seu parceiro de cena, e claro ela mesma, e trabalhou com um tema muito na moda, então vai ser difícil quem não se conecte a pelo menos um dos atos, e assim, o resultado é rápido e flui melhor ainda com a entrega direta escolhida.
Sobre as atuações é meio que repetir o que falei da direção e do roteiro, pois Mark Duplass se entregou completamente para seu Adam, brincando em cena, fazendo cara de sono, caminhando e gravando, e até mesmo vomitando fora do esquadro da câmera (o que foi muito bom), e assim vemos ele meio como alguém muito rico que precisa se conectar fora do seu mundo, que está perdido com tudo o que está acontecendo, e o ator soube segurar isso com uma precisão tão boa que em alguns momentos nem conseguimos lembrar dele em nenhum outro filme, mas sim quase como um ator único desse projeto, e assim sendo o acerto foi demais. Da mesma forma, a diretora Natalie Morales acabou entregando para sua Cariño trejeitos mais duros, passando semblantes por vezes secos demais, outras solta demais pela bebida, e deu dinâmicas amplas tanto para o ar profissional de uma professora, como também deu abertura para que o aluno do outro lado fosse além, e assim o resultado é funcional demais, e mostra seu potencial, o que agrada bastante de ver na tela.
Visualmente nem temos muito o que falar, afinal a jovem só aparece mostrando um fundo preparado para aulas, provavelmente em um quartinho ou coisa do tipo, numa rede, tentando uma caminhada no meio de uma mata e no quintal da casa bebendo e tocando violão, já do lado do homem vemos uma casa riquíssima, com piscina, uma sala gigante, um aquário com peixes diferentes, e claro seu quarto aonde passa muito tempo com tudo bem bagunçado, e algumas andanças pelas ruas do bairro, ou seja, a equipe de arte fez um trabalho bem marcante, aonde o enquadramento do celular ou da câmera do notebook foi bem funcional para caber tudo e dar a presença cênica para os protagonistas se desenvolverem ali.
Enfim, é um filme digamos bem básico, mas tão bem trabalhado que acabamos nos conectando demais com os protagonistas, e o resultado surpreende bem com cada um dos momentos mais dramáticos colocados, ou seja, vai ser bem fácil se identificar com o que é entregue e com toda a sensibilidade da trama, claro se divertindo também em vários atos. Ou seja, é daqueles filmes que muitos vão virar a cara, principalmente por ser um "filme de celular" como muitos longas da pandemia foram chamados, mas que funciona demais e vale o play, então fica a dica de recomendação e eu volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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