Ingresso Para o Paraíso (Ticket To Paradise)

9/10/2022 01:57:00 AM |

Ao invés do filme se chamar "Ingresso Para o Paraíso" deveriam ter dado o nome de "Ingresso Para Ver Clooney e Roberts Se Divertindo Em Bali", pois basicamente a trama entregue até tenta passar um pouco da cultura da região, as belas praias, o pôr e o raiar lindíssimos no mar azul, mas as sacadas ficam toda nas briguinhas do casal e nas tentativas deles de não se entregar ao casamento da filha, e assim ficou parecendo faltar uma diversão maior para o público, algumas piadas mais bem colocadas, e até mesmo um envolvimento maior dos demais personagens, já que a base toda é eles nos quartos, eles em templos, eles na floresta, eles com golfinhos, eles dançando músicas anos 90, e aí vem o casamento, o ritual e algumas pegadas no meio do caminho. Ou seja, não posso dizer que seja uma trama ruim, mas faltou trabalhar um pouco mais todo o restante para que o filme tivesse uma fluência maior do que apenas um passatempo bem sessão da tarde, mas como disse o ingresso vale para ver a diversão do casal, e como bem sabemos, eles são demais!

O longa segue Lily, uma jovem recém-formada na Universidade de Chicago que acompanha sua melhor amiga Wren Butler em uma viagem de formatura para Bali. Lily se apaixona abruptamente por um local balinês, e decide se casar de forma impulsiva. A decisão inesperada da jovem faz com que seus pais, um casal divorciado, decida viajar às pressas para a ilha, para tentar impedir que a filha cometa o mesmo erro que eles cometeram, quando se casaram 25 anos atrás. Entre sabotagens e planos nem tão bem-sucedidos, o ex-casal fará de tudo para parar o casamento precipitado da filha, e esse empenho pode acabar aproximando novamente os dois, sendo uma oportunidade de repensar, a partir do casamento da filha, o próprio relacionamento.

O diretor e roteirista Ol Parker tem um estilo bem próprio de entregar suas produções, contando sempre com um terceiro ato maior do que os demais tanto nos filmes que dirigiu quanto nos que apenas entregou o texto para outros, e isso é interessante de ver, pois quando parece que vai acabar o filme, temos ainda mais alguns bons desenvolvimentos, e mesmo esse flerte ficando bem encaixado para o relacionamento nos últimos momentos, toda o posicionamento do miolo tentou soar engraçado, mas não conseguiu ir muito além, de modo que vemos ele acreditar demais que apenas os protagonistas conseguiriam ser um motivo para o filme decolar, e sabemos que ambos não são atores engraçados, mas sim gigantes com gracejos bem trabalhados, que sabem conduzir tudo para si, mas que precisam de baias engraçadas ao seu lado para desenvolver, e assim o resultado falha como uma comédia que faça rir (você deve estar achando que estou louco, mas praticamente todas as cenas que têm alguma graça estão no trailer, e elas não são tão risíveis assim!). Ou seja, é um bom filme de sessão da tarde, que tem alguns romancezinhos gostosos, ótimas atuações da dupla principal, e que passa o tempo, mas só.

Quanto das atuações é dispensável falar qualquer coisa de George Clooney e Julia Roberts com seus David e Georgia, pois ambos se divertiram demais com seus personagens, entregaram rixas e desenvolvimentos expressivos muito bem colocados, e como sempre seguraram bem a produção para que não desandasse, de forma que ambos se entregam, e fazem muitas cenas bem tradicionais de outros personagens seus, e assim não erram. Kaitlyn Dever faz a filha emocional, que ama claramente os pais divorciados, e que tem de conviver com as brigas de ambos por sua atenção, e aqui fez bons olhares emotivos para com seu par, e até deu nuances bem colocadas em alguns momentos mais dramáticos, mostrando que sabe segurar as pontas também. Se queriam algo forçado para o lado cômico deveriam ter usado um pouco mais de Billie Lourd com sua Wren, pois a garota mais maluquinha trabalhou alguns momentos que saiu do eixo, mas não foi muito além, ficando bem em segundo plano. E ainda tivemos Maxime Bouttier bem emocional, quase como aqueles galãs que não tem permissão para falar nada e ser apenas um colírio para as garotas que vão conferir, trabalhando até que bem suas cenas, mas também não fluindo como deveria ser o seu Gede. E também tentando o lado cômico tivemos Lucas Bravo forçando a barra como o piloto Paul, namorado atual da mãe, mas que é muito bobão e fora da data, então suas piadas soam bobinhas demais até para as crianças, ou seja, faltou alguém para assumir a comicidade realmente.

Visualmente o longa é incrível, mas engana bastante, pois foi filmado praticamente inteiro em Queensland, na Austrália, se passando por Bali, porém ainda assim belíssimo, com praias de cor intensa, todo um resort bem encaixado e vários atos em florestas aonde dá para ver um pôr-do-sol maravilhoso, e usando de poucos elementos cênicos para representar o quarto dos protagonistas, algumas festas e celebrações, o resultado acaba sendo bem simbólico e funcional.

Enfim, volto a dizer que não é uma trama ruim, daquelas que não conseguimos assistir por exageros e falta de envolvimento, servindo bem com a proposta de um passatempo de sessão da tarde, então se você for conferir sem esperar uma diversão para gargalhar horrores, pode ir tranquilamente que vai gostar do romancinho leve e bem trabalhado pelos protagonistas, mas se esperar muito dele vai acabar se decepcionando, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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