Diria que o diretor Romain Gravas chega bem imponente com seu terceiro filme, chamando toda a atenção da mídia especializada para algo forte, bem feito e que não ficou jogado de escanteio com o estilo, pois embora a proposta aqui tenha um ar politizado, a trama toda se desenrola bem pelo ar da rebeldia, do desespero, e claro aonde a ficção toma as rédeas para algo forte e bem cadenciado, afinal acabou sendo praticamente um longa de guerra civil, em um conjunto habitacional de vários prédios com os moradores mais rebeldes contra a polícia, e nesse meio de caminho os moradores comuns tentando fugir do conflito. Ou seja, temos praticamente três histórias em uma, que funcionam muito bem tanto separadas quanto juntas, que é a dos irmãos que perderam o caçula e estão revoltados, com o mais velho que vive do crime tentando esconder e proteger suas armas, o segundo que tem uma noção mais tática tentando acreditar no país e na polícia para ajudar a proteção, e o terceiro completamente rebelde criando todo o ambiente com seus amigos, temos a segunda da guerra em si e dos conflitos que ela causa nas pessoas ao redor, e claro temos a política mostrando ao final todo o ar criativo de um grupo para causar a guerra. Sendo assim posso dizer fácil que o diretor trabalhou muito bem e acertou em não fazer elas separadas, pois deu vida e ganho à tudo, com um resultado expressivo muito funcional e interessante tanto para filmes de festivais, como mantendo um ar comercial bem elaborado.
Sobre as atuações posso dizer que embora Dali Benssalah seja o protagonista fazendo muito bem o seu Abdel, cheio de trejeitos fortes, dinâmicas explosivas e principalmente um último ato inteiramente marcante, quem dá totalmente a dinâmica do longa é Sami Slimani com seu Karim, sendo daqueles rebeldes imponentes, preparados para tudo, e que mesmo fazendo atos errados sabe aonde quer estar, entregando cada nuance com muita precisão, fazendo seus atos estarem no clímax total para agradar e desenvolver, de tal forma que ficamos conectados com seus olhares e preparados para o pior a qualquer momento. Ou seja, a base toda é em cima dos dois irmãos, que simplesmente entregam tudo e muito mais, mas ainda tivemos bons atos com o policial que acaba sendo preso pelo grupo, muito bem empático e com ares desesperados bem interpretado por Anthony Bajon, e também tivemos os atos mais explosivos dos outros irmãos da trama vividos por Ouassini Embarek com seu Moktar e Alexis Manenti como o explosivo Sebastien. E claro temos de aplaudir as centenas de figurantes correndo por todos os lados, atacando, e fazendo com que o filme tivesse um conteúdo ímpar na tela.
Visualmente a equipe filmou mesmo dentro do Place du Parc aux Lièvres que é um dos bairros populacionais mais mistos da França, e conseguiu ser muito simbólico com tudo, com toda a parte explosiva, com os efeitos especiais bem colocados, com elementos sendo arremessados, ou seja, um pacote completo que impressiona bastante e que acabou trazendo um algo a mais para que o filme tivesse essa fluidez insana bem trabalhada. Ou seja, é praticamente uma guerra num local imensamente habitado que souberam ser representativos e agradar com toda a expressividade entregue.
Enfim, é um tremendo filmaço, tenso, cheio de nuances e envolvimentos, que serve tanto como uma boa trama de ação, como algo reflexivo para mostrar que rebeliões nem sempre são ganhas da maneira que seus líderes desejam, e que a loucura acaba tomando formas tão descontroladas que é difícil desacelerar quando tudo está em seu nível máximo. Ou seja, vale com toda certeza o play, e que mesmo tendo alguns momentos meio que estranhos e que poderiam ser minimizados, o resultado completo compensa bastante e vai agradar quem gosta do estilo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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