Netflix - Garotos de Bem (La Scuola Cattolica) (The Catholic School)

9/18/2022 06:36:00 PM |

Costumo dizer que filmes que dão muitas voltas para tentar justificar comportamentos explosivos de pessoas com algum tipo de má índole ou psicopatia como alguns ainda classificam, só servem para enfeitar o doce, pois sempre dá para um filme ir direto ao ponto e desenvolver melhor os atos, desenvolver o pós, e claro aí ir colocando nuances do passado dos criminosos, pois do contrário apenas tentam justificar o injustificável, e o resultado acaba mais cansando do que causando, o que é sempre ruim para dramas com pitadas realistas. Ou seja, facilmente o longa italiano da Netflix, "Garotos de Bem", vai causar alguns gatilhos em pessoas mais frágeis e/ou que já vivenciaram algum tipo de abuso do tipo, mas ficou o foco demais na narração do livro de um dos personagens que nem se envolveu tanto com tudo do que realmente tentar mostrar algo mais explosivo, e assim sendo ficou parecendo que o jovem queria defender seus amigos de atos criminosos por terem vivido em uma época violenta apenas, e não por já terem seu ar psicótico dentro da mente deles. Então talvez um filme com uma pegada mais densa sobre o crime mesmo faria mais diferença e impactaria realmente, mas de certa forma não é uma trama ruim, só exagerou um pouco demais em personagens que nem precisariam estar na trama.

O longa nos conta que La Scuola Cattolica é prestigiada por vários pais de classe média, onde colocam seus primogênitos para estudar em uma escola só de meninos, acreditando que vão dar uma melhor educação e afastá-los das ruas de Roma. Mas na madrugada entre os dias 29 e 30 de setembro de 1975, um acontecimento chocante abalou as paredes de crenças que seguravam tanto uma escola tão prestigiada: O massacre Circeo. O que choca mais é o fato de que os culpados são ex-estudantes da escola. Edoardo, um homem que também frequentou a escola, tenta explicar a razão de tanta violência e o que possa ter causado ela.

Diria que o diretor Stefano Mordini gosta desse estilo de filmes que envolvam crimes, e que ele possa dar um algo a mais para os personagens culpados desenvolvendo tudo ao seu redor, e aqui trabalhando o livro de Edoardo Albinati que estudou junto com os garotos culpados pelo massacre tenta mostrar que vivenciaram muitas coisas numa escola reclusa, viram situações e desenvolturas de várias partes, e simbolicamente tentou mostrar de onde veio tanta explosão e anseio pelo sexo e pela tortura em geral, sendo que poderia ser mais diferenciado de uma forma bem melhor. Claro que o diretor não diz que eles não são culpados, mas também abre possibilidades para culpar o sistema da época, os diversos problemas da cidade, e claro mostrar que por trás de uma comunidade rica e aparentemente sem problemas, tudo pode e tenta ser escondido para não atacar os grandes nomes. Ou seja, é um filme sincero e forte, que facilmente poderia ter ido muito mais além se o diretor quisesse explodir o crime, e não o ambiente "certinho" da época.

Sobre as atuações diria que todos os jovens trabalharam bem seus trejeitos, demonstraram o nível dos hormônios no máximo, todas suas emoções sendo bem passadas nos olhares, mas claro que o destaque ficou para Emanuele Maria di Stefano fazendo seu Edoardo, que observava cada um com suas sínteses, trabalhou cada emoção de uma forma e foi digamos um pouco tímido demais para com tudo o que estava acontecendo, tivemos também muita explosão e um ar de psicopatia marcante em cima de Luca Vergoni com seu Angelo, e Francesco Cavalo também entregou bem as dinâmicas de seu Gianni, chamando pouca atenção, mas implodindo bem nos atos, além claro das cenas finais com o ex-presidiário Andrea que foi vivido por Giulio Pranno de uma forma bem coerente com o crime. Ainda tivemos as garotas que foram abusadas de todas as maneiras possíveis, destacando Benedetta Porcaroli com sua Donatella e Federica Torchetti com sua Rosaria, ambas bem expressivas e com muita disposição para as cenas mais fortes, entre outros momentos e personagens marcantes, mas que não valem tanta discussão, afinal o filme já fez todo esse cerco e abriu até demais as possibilidades.

Visualmente o longa retrata bem o ano de 1975, os encontros de carros, os jovens nas escolas mais fechadas separadas de meninos e meninas, as ânsias nos encontros, o turbilhão de pensamentos, grandiosas casas de encostas, e claro todo o âmbito da tortura, do mal impregnado seja nas retratações artísticas ou até mesmo nos atos e cultos, ou seja, a equipe de arte fez tudo muito bem colocado para algo a mais do que apenas o filme precisava, e isso foi bem válido para retratar e deixar o espectador dentro de tudo o que acontece.

Enfim, é um filme até que tenso pela mensagem e pelas atitudes da trama, mas que poderia ser muito forte e direto se trabalhasse mais o ato em si, e tudo o que aconteceu depois do que apenas tentar chegar nos motivos que levaram os jovens a cometer os atos, mas ainda assim vai chocar muitos, e fazer alguns refletirem também o momento, então acaba valendo o play. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...