Netflix - Lou

9/25/2022 06:55:00 PM |

Costumo dizer que um bom suspense policial não necessita de ter realmente policiais ou detetives, mas sim pessoas dispostas a socar várias caras, caçar rastros e enfrentar os personagens inimigos de uma maneira que faça o público acreditar no que é mostrado, e principalmente deixar para o mais derradeiro final a surpresa da motivação do crime, pois aí a reviravolta soa ainda mais interessante. Dito isso, posso complementar que "Lou", que estreou recentemente na Netflix, entrega bem todas essas situações, e apenas revela um pouco cedo demais a motivação, mas que serve para as lutas finais serem bem encaixadas. Ou seja, é um filme que muitos vão achar que não foi muito além, que serve apenas como um bom passatempo, mas que de certa forma causa uma leve tensão, temos bons personagens, e talvez brechas até para uma continuação ou prequel, mas isso quem dirá é o tempo, e por enquanto vale apenas a dica para o play.

A sinopse nos conta que uma enorme tempestade se alastra. Uma jovem é sequestrada. Sua mãe, sem outra opção, se une à misteriosa mulher mais velha ao lado para perseguir o sequestrador em uma jornada pelo deserto que testará seus limites e exporá segredos sombrios e chocantes de seu passado.

A diretora Anna Foerster depois do trágico, mas não ruim, "Anjos da Noite - Guerras de Sangue", que foi seu primeiro longa, conseguiu um bom primeiro roteiro das mãos de Maggie Cohn e trabalhou ele para que ficasse intenso e cheio de nuances bem colocadas, de forma que acabamos entrando completamente no clima do filme, nos envolvemos com as duas personagens, e nos atos finais já estamos torcendo para que consigam pegar o sequestrador, consigam escapar, e claro que vivam felizes como uma família, e a jogada disso tudo é que ela aprendeu bem a brincar com cenas de ação na sua estreia, e aqui ela ponderou bem as brigas corpo a corpo para que não ficassem jogadas. Ou seja, é um bom filme, que tem um estilo bem trabalhado, e que até poderia ter ido mais longe, mas que funciona bem, empolga e cria a tensão devida, e tem poucas falhas, o que agrada ainda mais.

Sobre as atuações, Alisson Janney veio bem imponente com sua Lou, sendo inicialmente misteriosa, depois se revela como espiã, para somente bem perto do final se entregar completamente para a outra protagonista, criando assim um vínculo de desenvolvimento bem interessante, com lutas bem encaixadas, com olhares tensos e duros, e se jogando bem nos atos mais fortes, o que acaba agradando sem soar falso demais. Jurnee Smollett trouxe um ar meio impositivo demais para sua Hannah, ao ponto que em algumas cenas até chega a sobrepor a protagonista, algo que é ruim de acontecer, mas soube ser criativa, e trabalhou bem os seus atos, sendo dinâmica e encaixando as nuances que precisava. Logan Marshall-Green já trabalhou seu Phillip com o famoso ar de loucura de guerra, ao ponto que até acreditamos nos seus atos, mas por vezes pareceu mais bobo do que psicótico mesmo, e isso é um perigo para falhar, por sorte suas cenas são poucas, então fez elas bem ao menos. A garotinha Ridley Asha Bateman trouxe uma Vee bem doce, bonitinha, carismática, e preparada como uma boa criança com família violenta deve ser, com seus códigos e tudo mais, e aqui ela representou bem isso, e agradou.

Visualmente o longa foi bem trabalhado numa floresta completamente enlameada pela chuva, aliás acredito que só filmaram a chuvona nas casas para não parecer estranho a floresta estar tão enlameada, tiveram atos bem misturados de ação e envolvimento dentro de grutas, em pontes quebradas, num farol abandonado, numa praia bem dimensionada, com ângulos bem ousados por vezes, e claro com muita luta corporal, principalmente na cena dos personagens secundários amigos do vilão que tomaram uma coça imensa com a protagonista usando tudo o que tivesse ao seu redor, desde latinhas, facas, panelas e tudo mais, ou seja, tudo bem colocado em cena para se desenvolver na mão dela.

A banda Toto deve estar com os bolsos bem recheados, afinal já é o segundo ou terceiro filme que usam "Africa" e "Hold The Line" como canções de uso dramático, e o resultado aqui dá um bom tom para as cenas, sendo bem colocadas e agradando, não entrando tanto no contexto do filme, mas serviram para bons encaixes.

Enfim, é um bom filme, tem pegada, tem tensão e tem uma história intrigante de sequestro que já vimos tantas outras vezes, mas que serve como um passatempo bem trabalhado de fim de semana, sendo daqueles que talvez até lembremos quando passar em alguma TV (coisa difícil já que é uma produção da Bad Robot tão tradicional, mas direto para a Netflix), então fica a recomendação, e eu fico por aqui agora, então abraços e até logo mais.


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