Diria que o diretor novelista Gustavo Fernández até se saiu bem em sua primeira direção de longas, pois depois de tantas novelas gigantes ele acabou entregando algo num formato bem trabalhado e com várias nuances, porém como está bem acostumado em poder alongar tudo de uma trama, acabou se perdendo um pouco no tempo, e certamente a equipe de edição precisou cortar muita coisa filmada, e acelerar outros processos, ficando nítido isso nos atos do meio para o fim, o que acaba sendo um problema grande, mas que não ficou de todo ruim, afinal o texto de Jaqueline Vargas foi bem dimensionado, e principalmente bem encaixado nas épocas, e assim o resultado flui bem. Claro que volto a frisar que como não conhecia absolutamente nada sobre cirurgias espirituais, muito menos quem foi Dr. Fritz e Arigó, acredito que ficou faltando um pouco mais de introdução para explicar um pouco quem foi ele, como chegou no jovem, e tudo mais, afinal sempre é bom passar mais informação para o público, mas como optaram por mostrar mais a multidão que o médium atendia, o resultado acabou sendo mostrado dessa forma com menos explicações.
Sobre as atuações, tenho de falar que Danton Mello deu um bom tom para Arigó, e que sendo mineiro nem precisou mudar seu sotaque, mantendo visualmente o envolvimento e trabalhando bem alguns trejeitos quando incorporado pelo médico, porém a equipe de maquiagem falhou um pouco, já que o os filhos do personagem cresceram nesses 20 anos que o filme se passa, e o ator aparentou estar da mesma forma, apenas engordando um pouco, não tendo nem rugas, nem mudanças de cabelo, e isso pesou um pouco, mas como as fotos do verdadeiro personagem pareceram muito com ele vamos aceitar. Juliana Paes entregou também bons atos emotivos de sua Arlete, transpondo algumas emoções bem interessantes, mas também sofreu problemas com a maquiagem, parecendo em alguns anos até mais nova do que nos anteriores, mas isso não é um problema da atriz, que entregou bons momentos e foi bem marcante nos atos principalmente com o padre da cidade. E falando no padre, Marcos Caruso fez trejeitos bem fortes e diretos, mostrando bem toda a ira da igreja católica na época tentando de todas as formas acabar com a prática do espiritismo, da mesma forma vemos também Marco Ricca como um juiz que não se abala com as curas do médium, condenando o protagonista, e fazendo expressões bem rígidas e interessantes de ver. E basicamente o longa foca mais nesses, mas tivemos muitos outros bons momentos com os filhos, com os amigos do centro, com vários pacientes, tendo claro o destaque para Chateaubriand e o Senador Lucio Bittencourt que foi um dos primeiros trabalhos do médium, muito bem interpretado por Alexandre Borges.
Visualmente o longa foi bem representativo, usando de muito material de arquivo para recriar a casa, o centro, o presídio, o julgamento, e claro os personagens, fazendo com que a equipe fosse bem minuciosa com elementos, com personagens nos ambientes, com os carros da época e tudo muito mais, fazendo com que o filme tivesse um ar muito interessante do começo ao fim, agradando pelo espaço por completo, e claro foram bem fortes nas cenas das cirurgias, mostrando em detalhes alguns cortes bem marcantes, que muitos certamente não vão ter estômago para ver, mas que foi um bom acerto realístico.
Enfim, poderiam ter focado mais na história do médium, do médico, e mostrado algumas cirurgias apenas, alguns focos rápidos na família, e claro no julgamento e na prisão, para que o público realmente se envolvesse com os personagens, sentisse a emoção tradicional dos filmes espíritas, e assim certamente o resultado teria ido muito além, mas como já falei não tenho como mudar um filme depois de feito, e assim vale a dica para conhecer um pouco mais do que aconteceu na época, pois não é ruim de forma alguma, não é daqueles lentos que cansam só de imaginar (pelo contrário é até acelerado demais), e assim fica valendo a ideia para algum diretor fazer algo diferente depois. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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