Diria que a diretora e roteirista Maria Schrader foi bem criativa em cima do livro de Emma Braslavsky, pois trabalhou toda a dinâmica de uma comédia romântica sem precisar explicitar um romance normal, sem precisar entregar toda uma melação sem limites, e principalmente sem clichês tradicionais do gênero, pois mesmo o robô tendo em seu algoritmo a ideia de um romance ideal com as vontades e ensejos da protagonista, a inversão de vontades vinha em conflito por ela não querer se entregar, e essa dinâmica acaba fluindo de uma maneira bem leve e com muita simbologia, o que agrada tanto pela reflexão quanto pela história determinada em si, e isso é algo muito bom de ser visto na tela. Claro que o estilo alemão é mais duro e frio por si só, mas ela conseguiu colocar leveza e interiorização de uma maneira tão ampla para ser discutida na trama que não vemos o ar florido em cima de tudo, e assim sendo o resultado acaba indo até mais além.
Sobre as atuações, Maren Eggert segurou bem o estilo de sua Alma, trabalhou bons trejeitos e criou as devidas dinâmicas para que fosse cética num nível bem dramatizado, não ficando artificial nem exagerada, mas condizendo bem com o estilo de uma cientista bem envolvida, e assim o resultado na tela funciona bem e encaixa aonde o filme precisava. Agora quem merece todos os parabéns sem dúvida é Dan Stevens que se entregou por completo com seu Tom, parecendo até não piscar em momento algum, fazendo movimentos de galanteio, mas sempre meio que duro e robótico, mas com nuances tão bem encaixadas e unindo uma personalidade tão marcante que rouba o filme quase que para si, e se a essência da protagonista não fosse tão forte ele conseguiria, mas formaram uma boa dupla de contrapontos, e o resultado foi único. Ainda tivemos bons momentos e diálogos bem encaixados com Sandra Hüller entregando uma terapeuta de casais com uma surpresinha bem encaixada e com um bom envolvimento e Hans Löw fazendo bem seu Julian com olhares e dinâmicas bem de conexão com o tempo da protagonista, agradando num resultado meio que secundário, mas agradável dentro do que precisavam para dar as devidas deixas para que os protagonistas se saíssem ainda melhores.
Visualmente a trama foi simples, tendo o apartamento da protagonista bem bagunçado, já que quase não passa o tempo em casa, tivemos as várias arrumações de café da manhã, banho de espumas com flores e todas tentativas de sedução do robô, tivemos atos numa floresta com animais e desenvolturas ligando o perigo ou não, tivemos a casa do pai da protagonista com a velhice bem difícil de se cuidar, um chá de cozinha/casamento do ex da protagonista, e claro várias cenas no museu aonde ela trabalha, não sendo algo muito impositivo, mas bem detalhado de elementos e símbolos, além das cenas de dança na fábrica de ciborgues, que tem muitas dinâmicas futuristas e interessantes de se pensar.
Enfim, não é um filme perfeito, não é daquelas comédias que você vai rachar de tanto rir, nem é daqueles romances que você vai suspirar aos montes, mas tem boas dinâmicas, tem uma boa reflexão sobre a vida com opostos e com tudo perfeitinho, e claro também a síntese em cima do futuro robótico, então faz valer o play agradando com uma forma simples bem colocada, e assim sendo acredito que muitos irão gostar do que verão, então fica a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...