Amazon Prime Video - O Homem Ideal (Ich Bin Dein Mensch) (I Am Your Man)

10/13/2022 11:07:00 PM |

Sinceramente não imaginava ver uma comédia reflexiva hoje, mas nada da minha lista apetecia (estou parecendo aquelas pessoas que falam que não tem roupa para sair com o armário cheio), e resolvi dar play na comédia alemã "O Homem Ideal", que pode ser conferida na Amazon Prime Video, e mesmo tendo atos engraçados, com um romance interessante por não ser tão meloso e uma ficção científica bem alocada, acabou indo por um rumo bem diferente para se pensar como seria a vida de uma pessoa com um parceiro ideal, criado num robô humanóide com as qualidades e anseios de sua vida para lhe tornar feliz, aonde o algoritmo se autorreplicaria entendendo suas necessidades e sempre dando amor, como sua vida seria sem precisar se adaptar já que você tem tudo ali, e tudo mais. Ou seja, ao mesmo tempo que acaba sendo gostoso de ver, também acaba sendo bem preocupante, afinal toda a essência da vida mudaria, não teríamos de nos adequar ao mundo para agradar ninguém, e vice versa, algo que é conflituoso de se pensar, mas que dentro da trama faz muito sentido, e sendo leve e bem determinado consegue agradar bastante, valendo a conferida, e claro a reflexão.

A sinopse nos questiona "E se você pudesse criar o seu par perfeito?" Criado para responder qualquer pensamento inconsciente ou consciente? No filme, para a cientista Alma Felser a resposta é ceticismo. Ela fica relutante quando uma empresa pede para ela avaliar uma nova linha de ciborgues humanóides para saber quais direitos eles deveriam ter na sociedade. Ela acredita que levaria mais de mil pontos de pesquisas para avaliar tal situação. Mas quando o financiamento da pesquisa para seus estudos no Museu Pergamon de Berlim está por um fio, então ela decide três semanas teste com Tom, que está disposto a cumprir uma ordem: sua felicidade.

Diria que a diretora e roteirista Maria Schrader foi bem criativa em cima do livro de Emma Braslavsky, pois trabalhou toda a dinâmica de uma comédia romântica sem precisar explicitar um romance normal, sem precisar entregar toda uma melação sem limites, e principalmente sem clichês tradicionais do gênero, pois mesmo o robô tendo em seu algoritmo a ideia de um romance ideal com as vontades e ensejos da protagonista, a inversão de vontades vinha em conflito por ela não querer se entregar, e essa dinâmica acaba fluindo de uma maneira bem leve e com muita simbologia, o que agrada tanto pela reflexão quanto pela história determinada em si, e isso é algo muito bom de ser visto na tela. Claro que o estilo alemão é mais duro e frio por si só, mas ela conseguiu colocar leveza e interiorização de uma maneira tão ampla para ser discutida na trama que não vemos o ar florido em cima de tudo, e assim sendo o resultado acaba indo até mais além.

Sobre as atuações, Maren Eggert segurou bem o estilo de sua Alma, trabalhou bons trejeitos e criou as devidas dinâmicas para que fosse cética num nível bem dramatizado, não ficando artificial nem exagerada, mas condizendo bem com o estilo de uma cientista bem envolvida, e assim o resultado na tela funciona bem e encaixa aonde o filme precisava. Agora quem merece todos os parabéns sem dúvida é Dan Stevens que se entregou por completo com seu Tom, parecendo até não piscar em momento algum, fazendo movimentos de galanteio, mas sempre meio que duro e robótico, mas com nuances tão bem encaixadas e unindo uma personalidade tão marcante que rouba o filme quase que para si, e se a essência da protagonista não fosse tão forte ele conseguiria, mas formaram uma boa dupla de contrapontos, e o resultado foi único. Ainda tivemos bons momentos e diálogos bem encaixados com Sandra Hüller entregando uma terapeuta de casais com uma surpresinha bem encaixada e com um bom envolvimento e Hans Löw fazendo bem seu Julian com olhares e dinâmicas bem de conexão com o tempo da protagonista, agradando num resultado meio que secundário, mas agradável dentro do que precisavam para dar as devidas deixas para que os protagonistas se saíssem ainda melhores.

Visualmente a trama foi simples, tendo o apartamento da protagonista bem bagunçado, já que quase não passa o tempo em casa, tivemos as várias arrumações de café da manhã, banho de espumas com flores e todas tentativas de sedução do robô, tivemos atos numa floresta com animais e desenvolturas ligando o perigo ou não, tivemos a casa do pai da protagonista com a velhice bem difícil de se cuidar, um chá de cozinha/casamento do ex da protagonista, e claro várias cenas no museu aonde ela trabalha, não sendo algo muito impositivo, mas bem detalhado de elementos e símbolos, além das cenas de dança na fábrica de ciborgues, que tem muitas dinâmicas futuristas e interessantes de se pensar.

Enfim, não é um filme perfeito, não é daquelas comédias que você vai rachar de tanto rir, nem é daqueles romances que você vai suspirar aos montes, mas tem boas dinâmicas, tem uma boa reflexão sobre a vida com opostos e com tudo perfeitinho, e claro também a síntese em cima do futuro robótico, então faz valer o play agradando com uma forma simples bem colocada, e assim sendo acredito que muitos irão gostar do que verão, então fica a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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