Mais Que Amigos, Friends (Bros)

10/07/2022 09:34:00 PM |

Quem for conferir o longa "Mais Que Amigos, Friends" esperando algo diferente do que uma comédia romântica certamente irá se decepcionar, e não digo isso com qualquer pesar, pois se podemos ver centenas de comédias românticas heterossexuais super clichês no cinema, porque não podemos ver homossexuais também? Afinal, cada um gosta de uma coisa e não devemos nos importar com isso, pelo contrário todos tem de se ver na tela do cinema e não ser apenas algo normativo. Ou seja, o filme é cheio de romance, de flerte, de bobagens amorosas, e muito carinho e relacionamento como todo filme do gênero, o que acaba soando divertido e gostoso de ver, tendo uma boa entrega e um roteiro b inteligente envolvendo tudo sem precisar parecer estranho, e é sobre isso que temos de falar, não como mostram na trama de uma produtora de cinema que resolve fazer todos os filmes héteros em versões gays, mas sim algo normal de ser visto, de casais que briga pelo jeito diferente, de romances, de encontros e conflitos, ou seja, é um filme sobre tudo que já vimos, e funciona justamente por ser assim, com musiquinha e tudo mais, então se você faz parte do grupo ou apenas não tem preconceitos, a dica é boa, divertida e envolvente, agradando pelas boas sacadas e desenvolturas, mesmo sendo simples.

O longa segue uma amizade improvável entre dois homens que lentamente se apaixonam pelo outro. Em um clube gay em uma noite qualquer, Bobby Leiber esbarra em Aaron - que está sem uma camisa. Os dois começam a conversar e acabam construindo um relacionamento sobre sua superioridade sarcástica sobre a insipidez dos gays do clube que os cercam. Aaron é um advogado corporativo, mas fora de contato com a cultura queer e política - fazendo com que Bobby duvide seriamente se Aaron é realmente gay. Inicialmente, não há exatamente muita química ou conexão entre os dois, exceto em seu desconforto compartilhado com a vulnerabilidade. Mas com o tempo passando, os dois acabam se abrindo para si mesmos, contando sobre suas vidas, aspirações e vulnerabilidades. O longa também retrata suas famílias, a dinâmica familiar de uma família queer bagunçada, onde pessoas discutem visões sobre política de identidade.

Diria que o diretor Nicholas Stoller escreveu junto com o protagonista Billy Eichner uma trama tão bem alocada que muitas vezes poderíamos até pensar que um dia esse estilo de filme não funcionaria, mas que convenhamos que vai sofrer muitas críticas negativas por parte de um público extremamente conservador, mas que souberam trabalhar um romance leve e do jeito deles de se amar, de querer confiança, de se expor, e tudo mais, tendo estilo e dinâmicas que podem incomodar por não ser o normal que muitos estão acostumados a ver, mas que existe, que se olharmos a fundo é amor da mesma forma, é bobo como qualquer pessoa apaixonada, e que assim como dizem se completam nas diferenças entre si, e assim as sacadas do roteiro fluem tentando ser forçadas para não se prender, e agradam aonde soam simples, o que é ótimo de ver. 

E se elogiei Billy Eichner pelo ótimo texto desenvolvido, falar de sua atuação é ainda mais fácil, pois seu Bobby Leiber é completamente explosivo, e da mesma forma que é seguro para passar suas idéias, também é muito inseguro consigo mesmo, e o ator soube passar toda essa síntese de uma maneira ampla e bem desenvolvida, que agrada e funciona. Já Luke MacFarlane é completamente o oposto com seu Aaron, sendo daqueles que muitos jamais colocariam como um personagem gay, tendo sínteses e essências de tradicionais machões, mas que funcionou bastante como contraposto na trama, passando bem o personagem e fluindo com olhares e intensidades que agradam bastante. Poderia falar de muitos outros personagens do filme que entregaram fluidez e passaram as devidas mensagens, mas o filme é sobre os dois, e ir para quaisquer outros lados é se distanciar do protagonismo perfeito de ambos que acertaram nos trejeitos, e todos os demais apenas deram os passes para que chutassem quase sem goleiros pro gol, e assim o placar foi bem grandioso sem precisar citar qualquer outro personagem ou ator.

Visualmente o longa é cheio de impactos, como um museu LGBTQ sendo criado, ligações com podcasts, paradas de orgulho gay, boates, encontros, festas, reuniões tradicionais e tudo mais que um filme do gênero, com boas locações, personagens representativos, e até mesmo situações casuais diferenciadas, além claro das sacadas dos filmes invertidos, que soam bacanas e forçados. Ou seja, a equipe soube brincar bem, e isso funciona na trama sem soar exagerada, mas bem encaixada.

Enfim, já tivemos outros filmes com a temática, mas não tão representativos dentro da comédia romântica com essa pegada leve e direta, que funciona. Claro que muitos vai olhar torto, outros nem vão passar perto, e ainda terá aqueles que vão criticar sem nem ver, mas quem der a chance vai se divertir bem, e isso já faz valer a representatividade, que mesmo não sendo um filme perfeito, tem estilo, graciosidade e envolve bastante. E sendo assim digo para os amigos LGBTQ lotarem as salas, e também para os amigos héteros conferirem sem preconceitos, afinal tantos gays já viram filmes "normais", agora também vamos ver os deles. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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