Diria que o diretor Tobias Lindholm, que conhecemos pelo ótimo roteiro de "Druk - Mais Uma Rodada", foi certinho demais para um filme que precisaria de uma imposição maior, pois sendo baseado em um livro de uma história real, a trama em si já indigna as pessoas, então talvez algumas reviravoltas e/ou mais situações ficcionais chamassem um pouco mais a trama para os personagens, mas como disse no começo ele preferiu causar a indignação do público pela aceitação dos hospitais, pois saiu de todos com as pessoas desconfiadas dele, e ninguém nunca negou seu serviço, ou seja, foram cúmplices dos crimes. E essa intensidade de ritmo e desenvolturas que o diretor optou por trabalhar foi até calma demais para um filme policial, aonde explodiram apenas as personalidades do policial em um determinado momento e do protagonista bem próximo ao final, e sendo assim apenas os atores entregaram um algo a mais, e não o filme em si. Ou seja, estou falando que o longa é ruim? De forma alguma, é um tremendo filmão, mas facilmente daria para ter transformado ele em algo claustrofóbico com muito mais intensidade do que acabou sendo feito.
E já que falei que a única coisa que não causa indignação no filme são as atuações, é fato que Eddie Redmayne acabou entregando mais uma de suas icônicas interpretações, de modo que seu Charlie parece a pessoa mais doce e calma do mundo, ajuda a protagonista com suas funções e com a doença, e imprime um ar tão meigo que confesso que pensei que teria algum tipo de reviravolta e ele não era o culpado realmente, mas na penúltima cena, sendo interrogado o ator liga a expressividade num nível tão alto, que ali quem não o aplaudir não sabe o que mais quer de atuações, pois foi perfeito. Da mesma forma Jessica Chastain entregou uma Amy bem colocada, com uma atuação ímpar em cima de uma enfermeira doente, que sofre por não ter plano de saúde e precisando muito do emprego, que num primeiro momento se encanta fácil pelo protagonista, mas que depois desconfia de tudo e entrega olhares e ensejos bem marcados de desconfiança, ao ponto que chega a soar exagerado que o psicopata confie tanto nela, mas a atriz dominou o ambiente e foi muito bem. Ainda tivemos boas entregas por parte de Noah Emmerich e Malik Yoba com seus detetives Braun e Johnson, bem impostos e com determinação marcante em cima dos atos, sem desistir e com nuances bem trabalhadas que acabaram agradando sem sobrepor os protagonistas.
Visualmente a trama entrega bons atos em um hospital, mostrando aparelhos, ressuscitações, o programa para pegar remédios, a casa da protagonista bem simples, e uma delegacia também sem grandes chamarizes, sendo a base mais nas atuações do que em qualquer outro lugar, mas as dinâmicas no hospital funcionaram para mostrar o ensejo e claro como tudo era feito, e assim a equipe de arte foi bem direcionada para não sair da linha.
Enfim, é um filme bem aflitivo, que causa tensão por ficarmos esperando o jeito que o protagonista mata suas vítimas, mas que não explode da forma que poderia, sendo mais simples do que parecia, e que funciona bem mais pelas atuações do que pela trama em si, não sendo algo forte em si, mas sim algo bem trabalhado que agrada sem errar, o que faz valer com toda certeza a conferida e a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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