quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Netflix - O Enfermeiro da Noite (The Good Nurse)

Tem histórias reais que você assiste e fica indignado com o nível de psicopatia de algumas pessoas que existiram realmente, pois são situações tão comuns, personagens que parecem bonzinhos e quando descobrimos realmente tudo o que esconde chega a ser irritante, e a história do enfermeiro Charlie em "O Enfermeiro da Noite" é uma dessas que você se estressa com o personagem, mas se estressa mais ainda com os hospitais, pois antes de ser descoberto ele passou por NOVE locais anteriores, e lá matou muitos, para no final ao perguntarem qual o motivo disso, não vou dar spoilers para não atrapalhar, mas digo que o longa da Netflix é daqueles angustiantes, tensos e que você acaba até conversando com a tela com tudo o que ocorre, e que muito melhor do que a história, os atores protagonistas se entregam de tamanha forma que o filme tem ainda mais impacto. Ou seja, é daqueles filmes que você entra no ambiente, tenta pensar em como tudo ocorre, vai ficando bravo com as situações, arregala os olhos quando o protagonista começa a explodir, e no final só balança a cabeça, pois não tem reação, já que a trama aconteceu realmente, e é indignante demais.

A sinopse nos conta que Amy, uma enfermeira compassiva e mãe solteira que luta contra um problema cardíaco com risco de vida, é esticada até seus limites físicos e emocionais pelos turnos noturnos difíceis e exigentes na UTI. Mas a ajuda chega quando Charlie, um enfermeiro atencioso e empático, começa a trabalhar em sua unidade. Enquanto compartilham longas noites no hospital, os dois desenvolvem uma amizade forte e dedicada e, pela primeira vez em anos, Amy realmente acredita no futuro dela e de suas filhas. Mas depois que uma série de mortes misteriosas de pacientes desencadeia uma investigação que aponta Charlie como o principal suspeito, Amy é forçada a arriscar sua vida e a segurança de seus filhos para descobrir a verdade.

Diria que o diretor Tobias Lindholm, que conhecemos pelo ótimo roteiro de "Druk - Mais Uma Rodada", foi certinho demais para um filme que precisaria de uma imposição maior, pois sendo baseado em um livro de uma história real, a trama em si já indigna as pessoas, então talvez algumas reviravoltas e/ou mais situações ficcionais chamassem um pouco mais a trama para os personagens, mas como disse no começo ele preferiu causar a indignação do público pela aceitação dos hospitais, pois saiu de todos com as pessoas desconfiadas dele, e ninguém nunca negou seu serviço, ou seja, foram cúmplices dos crimes. E essa intensidade de ritmo e desenvolturas que o diretor optou por trabalhar foi até calma demais para um filme policial, aonde explodiram apenas as personalidades do policial em um determinado momento e do protagonista bem próximo ao final, e sendo assim apenas os atores entregaram um algo a mais, e não o filme em si. Ou seja, estou falando que o longa é ruim? De forma alguma, é um tremendo filmão, mas facilmente daria para ter transformado ele em algo claustrofóbico com muito mais intensidade do que acabou sendo feito.

E já que falei que a única coisa que não causa indignação no filme são as atuações, é fato que Eddie Redmayne acabou entregando mais uma de suas icônicas interpretações, de modo que seu Charlie parece a pessoa mais doce e calma do mundo, ajuda a protagonista com suas funções e com a doença, e imprime um ar tão meigo que confesso que pensei que teria algum tipo de reviravolta e ele não era o culpado realmente, mas na penúltima cena, sendo interrogado o ator liga a expressividade num nível tão alto, que ali quem não o aplaudir não sabe o que mais quer de atuações, pois foi perfeito. Da mesma forma Jessica Chastain entregou uma Amy bem colocada, com uma atuação ímpar em cima de uma enfermeira doente, que sofre por não ter plano de saúde e precisando muito do emprego, que num primeiro momento se encanta fácil pelo protagonista, mas que depois desconfia de tudo e entrega olhares e ensejos bem marcados de desconfiança, ao ponto que chega a soar exagerado que o psicopata confie tanto nela, mas a atriz dominou o ambiente e foi muito bem. Ainda tivemos boas entregas por parte de Noah Emmerich e Malik Yoba com seus detetives Braun e Johnson, bem impostos e com determinação marcante em cima dos atos, sem desistir e com nuances bem trabalhadas que acabaram agradando sem sobrepor os protagonistas.

Visualmente a trama entrega bons atos em um hospital, mostrando aparelhos, ressuscitações, o programa para pegar remédios, a casa da protagonista bem simples, e uma delegacia também sem grandes chamarizes, sendo a base mais nas atuações do que em qualquer outro lugar, mas as dinâmicas no hospital funcionaram para mostrar o ensejo e claro como tudo era feito, e assim a equipe de arte foi bem direcionada para não sair da linha.

Enfim, é um filme bem aflitivo, que causa tensão por ficarmos esperando o jeito que o protagonista mata suas vítimas, mas que não explode da forma que poderia, sendo mais simples do que parecia, e que funciona bem mais pelas atuações do que pela trama em si, não sendo algo forte em si, mas sim algo bem trabalhado que agrada sem errar, o que faz valer com toda certeza a conferida e a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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