O diretor e roteirista Pablo Moreno gosta de trabalhar bem histórias religiosas com pegadas políticas envolvidas, já vindo demonstrando isso faz um bom tempo, e aqui ele soube dosar bem a vida do padre/arcebispo de Cuba, sua desenvoltura de perdão, mas mais do que isso ele demonstrou alguém com muita conexão com os mais carentes, e suas brigas com os escravagistas, ao ponto que o diretor devia ter até intensificado mais esse desenvolvimento ao invés de colocar as guerras espanholas de segundo plano aparecendo muito na tela, pois sabemos que isso influenciou alguns momentos da vida do padre e também do escritor que refez a biografia dele, mas ao abrir o foco para dois lados o filme teve uma leve descida de ritmo toda vez que acontecia, e assim sendo faltou mais trâmites do padre, e do escritor acabamos nem nos conectando com o que está acontecendo, o que não agrada tanto. Ou seja, ficou um filme duplo e estranho de ver em alguns atos.
Sobre as atuações, vou ser bem categórico e dizer que tirando o protagonista Antonio Reyes que soube segurar toda a dramaticidade do personagem e do filme para si com seu Claret, os demais ficaram devendo muito para a tela, o que é um problema imenso, pois o filme tem seu estilo e suas dinâmicas, mas nas cenas que o protagonista não se entrega, o filme não deslancha, soando até estranho de ver as atitudes dos demais personagens, ou seja, é o famoso filme de ator único que precisaria de mais ajudas e não teve. Salvando levemente os atos finais junto de Alba Redondo com sua Rainha Isabel bem emocional e direta, e algumas pegadas fortes de Antonio Castro com seu Salustiano disposto a brigar com o padre até depois da morte.
Visualmente a trama teve algumas boas representações de paróquias dos anos 1870 em Cuba e na Espanha, alguns atos mostrando cafés dos anos 1930, e muitas guerras europeias, além de cenas de escravos das plantações sendo açoitados e toda a parte de figurino bem composta para ser representativa, mostrando os bailes da Rainha Isabel II, seus soldados e seus opositores, e toda a figuração completa do clero com elementos ostentativos e outros mais seguidores dos carentes com ares pobres, além de um primeiro ato mostrando o padre ainda trabalhando como pessoa comum nas fábricas de tecidos, ou seja, trabalharam bem tudo e acertaram de certa forma.
Enfim, é um filme interessante de proposta, que agrada por mostrar bem de forma simbólica a biografia real do padre, e sua versão alterada pelos nobres, e que funciona dentro do que foi proposto, mas certamente sem as cenas do escritor daria para trabalhar melhor tudo, e o resultado seria mais amplo. Digo que vale a conferida para conhecer mais sobre ele, mas não vá esperando um filme gigantesco, com emoções e envolvimentos gigantes, pois não é essa a proposta. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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