Amazon Prime Video - Meu Policial (My Policeman)

11/06/2022 07:32:00 PM |

Sabemos que hoje o mundo ainda não é as mil maravilhas para o público homossexual, mas nos anos 50/60 bastava uma denúncia simples, e lá iam para cadeia pelo simples fato de sua opção ser pervertida, e o drama da Amazon Prime Video, "Meu Policial", trabalha não só esse fato, como a amizade de um trio na época, suas desventuras em lugares artísticos, e claro o caso entre os dois homens que causou ciúmes na namorada do outro, levando ela a denunciar o caso, e depois viver com remorso até sua velhice quando traz de volta o amigo para o seu lar. Ou seja, é um filme denso, mas também bem bonito pela forma expressiva, pelo capricho das cenas transmitindo emoção por todos os lados, e que chega até nos envolver com ela lendo toda a história do caso deles já bem velhos, com o amigo já bem debilitado pelos anos na cadeia. Diria que é daqueles filmes mais artísticos que muitos nem gostam de ver, mas que sabiamente foi bem dirigido para não soar cansativo e ainda representar bem tanto o lado da amizade, como o lado da sedução, e até mesmo como o ciúmes pode quebrar alguns laços, e assim a trama funciona bem e resulta em algo que quem gostar do estilo vai se emocionar bastante.

A sinopse nos conta que Marion e Tom Burgess se encontram na costa de Brighton nos anos 1950 e se apaixonam. Todavia, surge em suas vidas Patrick Hazelwood, um curador do Brighton Museum, que acaba desenvolvendo sentimentos pelo policial Tom. Os homens iniciam um caso apaixonado – apesar da homossexualidade ser ilegal naquele período. Por um tempo, o trio abraça uma dinâmica em comum, até que o ciúme destrói o acordo. Muitos anos depois, Patrick retorna à vida dos agora casados Marion e Tom, desenterrando sentimentos e questões mal resolvidas deixadas de lado - mas que ainda possuem o poder de assombrar a vida dos três. 

O filme é uma adaptação do romance de 2012 de Bethan Roberts, que o diretor Michael Grandage soube desenvolver com um ar emocional interessante, aonde vemos o envolvimento funcionar de maneira bem simples e afetiva, com cenas marcantes tanto pelo ar artístico, como pela criatividade cênica bem colocada, aonde tudo é bem desenvolvido e tem pegada. Claro que por ser um drama não tão tradicional, e com uma história que já vimos ser desenvolvida de várias maneiras nos cinemas, alguns podem não se conectar tanto, mas o ar emocional que o diretor conseguiu pontuar, com um elenco bem trabalhado, e principalmente com uma montagem bem simbólica e funcional, o resultado passa a ser cativante e bem marcado. Ou seja, é um filme bonito, emocional e envolvente com um elenco bem coeso, mas que já vimos tantos filmes com histórias parecidas, que ficou sendo apenas mais um do estilo, e talvez pudessem ter incrementado algo a mais para soar diferente, não sendo um filme ruim, mas que não foi muito além.

Sobre as atuações, posso dizer que tanto os personagens jovens, quanto os sêniores mandaram muito bem em cena, cada um passando um estilo de expressividade, mas o mais bacana é que ambos fizeram movimentos muito semelhantes, o que acaba chamando muita atenção e agrada bastante ver o estudo de todos. Dito isso muitos vão ver o filme pelo cantor Harry Styles, e ele tem melhorado bastante seu modo de atuar, ao ponto que seu Tom tem um ar bem carismático, faz as cenas com muita intensidade, e desenvolve bem a personalidade entre o desejar e o fazer, agradando com cenas que poderiam até impactar mais, mas faz o básico bem feito, e isso é um bom acerto, já sua versão velha, interpretada por Linus Roache foi bem colocada, mas ficou muito em segundo plano, tendo alguns atos emocionais bem trabalhados, mas mais evitou que foi além. David Dawson foi muito marcante com o ar charmoso que deu para o seu Patrick, trabalhou bem o diálogo e a expressividade, foi eloquente e cheio de nuances, conseguindo chamar muita atenção para seus atos, e sua versão velha ficou forte por ver tudo o que acabou acontecendo com ele nos atos mais duros na prisão, trazendo um Ruppert Everett intenso e bem doente na cama, com um olhar duro e cheio de problemas, que chega a dar dó. Já Emma Corrin trabalhou bem sua Marion, fazendo uma moça tradicionalista bem bobinha, com anseios e desenvolturas meio que jogadas, mas bem colocada e expressiva, ao ponto que acaba agradando sem ir muito além, e sua versão mais velha caiu perfeita com uma Gina McKee perfeita de expressividades, revendo sua vida completa durante os poucos dias que vai lendo os diários de Patrick, ou seja, um elenco de peso muito bem encaixado que agrada demais.

Visualmente o longa tem boas cenas em museus, em um apartamento refinado e muito bem decorado para mostrar o bom gosto do curador de arte, temos a casa simples dos protagonistas, e vários passeios bem marcantes no passado, com tons de cores quentes bem elaboradas e cheias de desenvolturas, enquanto do outro lado vemos o ar cinza da família na casa depois de velhos, em uma praia chuvosa e com um mar revolto, tudo que parece não ter alegria após anos juntos, ou seja, a equipe de fotografia trabalhou muito bem em conjunto com a de arte para ser simbólica e fazer tudo chamar muita atenção.

Enfim, é um filme bonito, mas seguro do que desejavam passar, sem grandes chamarizes ou momentos que saiam da base, e que dessa forma ficou sendo mais um sobre o tema, porém temos atuações de um elenco tão bem afiado com a proposta, que o resultado acaba mais agradando do que errando, e assim acaba sendo um bom filme para conferir, valendo a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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