É até bem interessante a forma que o diretor e roteirista Petr Jákl quis trabalhar o seu longa, pois facilmente nas mãos de qualquer produtor americano/inglês o longa teria 80% das cenas cortadas para diminuir o nível de violência da trama, mas como é um longa tcheco nem amenizaram nada e tudo é tão realista que chega a assustar alguns golpes de maças, espadas e porretes, pois chega a ter deformações e muitos elementos que certamente a equipe de maquiagem precisou trabalhar aos montes, mas que mostra que a Idade Média não era para amadores, contando com muita desenvoltura representativa para mostrar os exércitos que o protagonista montou, suas táticas de guerra bem imponentes (a cena da armadilha é incrível de ver todo o processo!), e com isso o filme tem uma liberdade estética muito interessante de acompanhar, mas que como disse no começo, valeria ter trabalhado mais anos do personagem principal, afinal a História já disse o tanto de batalhas que viveu, e não focar apenas em uma bem complexa, pois aí o filme se desenvolveria melhor.
Sobre as atuações, é muito engraçado como Ben Foster muda completamente de acordo com o personagem que pega, sendo realmente um ator de múltiplas facetas expressivas, e aqui seu Jan é perfeito de ares brutos, de olhares diretos e que consegue se desenvolver de tamanha maneira que nem pensamos sequer em outro ator para o papel, fazendo o filme dele, e criando tudo o que se possa colocar em cena para seus atos, ou seja, perfeito. Michael Caine entregou também bons atos com seu Lorde Boresh, sendo intrigante em alguns atos, destemido em outros, mas muito mais como um interlocutor do que como um personagem marcante realmente na trama, o que é ruim de ver, afinal ele também é um tremendo ator e valeria ter trabalhado mais seus atos. Til Schweiger deu nuances fortes para seu Rosenberg, fazendo olhares intensos e bons trejeitos, mas aparece pouco, mandando mais seus homens do que indo realmente para o campo, e isso não deu grandes chances de um desenvolvimento maior para ele. Já pelo contrário Sophie Lowe é tão protagonista quanto Ben Foster com sua Katherine, de modo que o filme poderia até se chamar "A Viagem de Katherine" ou "O Sequestro de Katherine Passando Pelos Campos de uma Guerra", afinal o filme foca demais nessa batalha que a personagem virou moeda de disputa entre reis, entre sequestradores e tudo mais, e a atriz até faz olhares destemidos, alguns surpresos com o que vê fora do castelo, suas descobertas e astúcias, mas chega a cansar de ver ela no meio de tudo, pois em qualquer guerra já teria levado uma flechada com seus passeios. Tivemos muitos outros bons personagens e atores, mas sem dúvida o destaque ficou para o bruto Roland Møller com seu Torak, que encara tudo e todos em busca dos protagonistas, matando e atacando quem aparecer em sua frente, com força expressiva e de corpo, agradando bastante como um bom vilão deve fazer.
Visualmente a trama é incrivelmente bem produzida, com muitas armas, muitas batalhas, tocaias, enforcamentos, castelos, casebres de vilas, símbolos nos elementos como anéis e dentes, florestas cinzentas bem marcadas, muito sangue e pedaços de corpos voando, e muito mais que um bom filme do estilo deve ter, ao ponto que tudo se encaixa bem na época, retrata com impacto cada elemento, e o resultado acaba chamando muita atenção seja pelo que a equipe de arte conseguiu retratar, quanto pela equipe de maquiagem e efeitos pelas cenas de mutilações, e claro pela fotografia cinzenta bem densa e marcante, ou seja, trabalho completo.
Enfim, é um ótimo filme de época, muito impactante com toda a essência entregue, mas que volto a frisar que poderiam ter ido muito mais além na vida completa do personagem principal, que daria muito mais vida para a trama, chamaria muito mais atenção, e não cansaria tanto, mas são opções que os diretores costumam travar, e assim o resultado vale mais para quem gosta de uma batalha bem densa do que para quem quiser conhecer um pouco mais da história de Jan, que acabei lendo mais na internet e foi bem intensa. E é isso pessoal, ainda assim recomendo o longa, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.
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