O diretor e roteirista chileno Sebastián Lelio sempre teve muitos filmes emblemáticos em sua carreira, mas explodiu mesmo com "Uma Mulher Fantástica" em 2017, e seu nome é conhecido como o diretor de criar polêmicas em seus filmes não iria entregar algo fácil demais para a Netflix, de forma que seu filme começa e termina nos bastidores da produção, então não se assuste ao dar play e ver algo moderno, cheio de andaimes, num salão cinza quando colocou para ver um filme dos anos 1800, pois ali vai estar uma das grandes sacadas da trama, a outra é colocar de frente à uma comunidade religiosa, que talvez dê play no filme para ver algo milagroso que acredita em pessoas fazendo jejum há meses e não morreu, e ele coloca uma enfermeira cética com certos problemas pessoais para investigar tudo. Ou seja, é um filme com nuances duplas, aonde tanto a garota acredita no que está fazendo, quanto a enfermeira também tem sua própria ideia, e nós temos a nossa, que tudo foi um belo filme tenso e denso, que funciona por brincar com coisas bem impactantes, e o resultado embora alongado chama muita atenção, mostrando mais uma vez que o diretor tem seu estilo, e vai sempre causar algo!
Sobre as atuações, Florence Pugh mais uma vez entrega uma ótima personagem com sua Lib Wright, de modo que ela pega uma essência forte de mulher e impacta com nuances bem próprias de uma enfermeira que participou de uma guerra, que perdeu um bebê e um marido juntos, e que não vai acreditar que uma garota possa viver de luz, e esse seu ceticismo é brilhante em olhares, em trejeitos e nas dinâmicas que se joga, ao ponto de acharmos até que está maluca, mas ela vai e faz muito bem tudo. Tom Burke trabalhou bem seu jornalista Will Byrne, com um ar meio desconfiado, mas astuto ao ponto de chamar muita atenção e criar as devidas perspectivas para o papel, só faltando ir um pouco além em alguns trejeitos, mas agradou no que fez. A jovem Kíla Lord Cassidy deu nuances bem marcantes para sua Anna, mesmo doente aparentou ares felizes e expressivos, dialogou com muita imposição e chamou a responsabilidade em muitos atos para as câmeras, o que mostra um futuro bem promissor na carreira. Ainda tivemos bons momentos com Toby Jones como um médico meio diferente, Ciarán Hinds como o padre da vila, Josie Walker como uma freira que acompanha também a garota e muitos outros bons atores colocados com poucas cenas, mas sem dúvida vale destacar a mãe da garotinha vivida por Niamh Algar pelo estilo duro imposto na tela, e claro por ser a narradora em alguns momentos da trama.
Visualmente a trama é bem imponente, com um ar de uma vila bem estranha, figurinos pesados, uma casa bem isolada da vila, um quarto estranho com poucos elementos, um clima meio de terror com suspense em tudo o que as pessoas fazem, e muitos símbolos espalhados nos costumes e nos ambientes, ao ponto que a equipe de arte quis fazer mistério com tudo e conseguiu, retratando a medicina antiga com elementos bem estranhos e cores bem escuras que deram um tom ainda mais pesado para o longa.
Enfim, é um filme interessante e intrigante, mas que tem um ritmo lento demais, que poderia ter sido melhor trabalhado para causar mais do que fazer o público questionar, e assim o resultado certamente seria outro, mas de certa forma não foi algo ruim, nem cansou com a forma entregue, então se você gosta de filmes polêmicos esse é um bom exemplar para dar play, mas do contrário se não gosta de pensar muito é melhor procurar outro filme. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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