terça-feira, 1 de novembro de 2022

Super Quem? Heróis Por Acidente (Super-héros Malgré Lui)

Diria que não sou nem um pouco amante dos besteiróis que existem no mundo cinematográfico, e que na maioria das vezes mais reclamo do que elogio, e costumeiramente os franceses arriscam demais nesse gênero, geralmente recaindo para o pastelão ainda por cima, ou seja, apelação sem grandes frutos que não dá para aguentar nem 30 minutos de exibição, quanto mais um longa completo. Porém, eis que hoje fui muito surpreendido positivamente com "Super Quem? Heróis Por Acidente", pois mesmo apelando em alguns atos e fazendo sátiras com os vários filmes de super-heróis que conhecemos bem, o resultado acaba sendo divertidíssimo do começo ao fim, cheio de referências e situações completamente bizarras de nível máximo, mas que funcionam muito bem dentro da proposta da trama, ou seja, faz valer demais o ingresso, e pasmem, mesmo vendo o longa dublado (afinal aqui no interior resolveram passar só dessa forma) não senti tanta bagunça no lipsync e o resultado agradou bastante com as piadas abrasileiradas. Ou seja, se você curte o politicamente incorreto nos heróis vá conferir e se divirta bastante, mas se esperar qualquer coisa séria, aí a chance de odiar é grande.

A sinopse nos conta que um ator só tem azar quando a questão é trabalho. E quando, por obra do destino, consegue o protagonismo em um filme de super-herói chamado BadMan, ele sofre um acidente e começa a viver como se fosse o personagem da história. Imerso em alucinações de sua nova vida, ele e seus amigos se veem no meio de uma grande confusão com bandidos reais e um caso para solucionar.

O mais engraçado de tudo é que o diretor e roteirista também é o protagonista, ou seja, o conjunto completo que mais costuma dar errado, e felizmente Philippe Lacheau soube brincar com tudo sem se perder, o que é raro, pois entregou de cara que iria fazer uma sátira, e trabalhou todas as possibilidades de bagunçar com cada elemento, com cada filme que o público gosta, e mesmo que apelando em alguns momentos, ele soube dosar para que não ficasse fora de eixo, ou como costumo dizer, separado por esquetes, afinal o filme inteiro é funcional, não tendo quebras, não tendo momentos soltos de comicidade, mas sim como um todo bem arquitetado e divertido, que até tem erros (muitos por sinal), mas que não atrapalham ao serem colocados na íntegra do filme, o que se difere quando temos esquetes soltas que no conjunto não entregam uma história. Ou seja, é um roteiro simples, com uma produção até que bem grande, aonde ele se divertiu e entregou diversão, algo que muitas comédias do estilo pastelão e satíricas não conseguem, então só por isso já merece os parabéns, mas foi melhor ainda, fez rir por completo, e isso é acerto para fazer até um segundo filme.

Sobre as atuações, não vou falar tanto das expressividades, afinal o filme só veio dublado para cá, e o que posso dizer apenas é que colocara boas piadas, algumas bem conhecidas dos brasileiros, e o lipsync funcionou bem, então diria que o próprio diretor Philippe Lacheau entregou muita personalidade para seu Cédric/Badman e brincou completamente em cena, não sendo um personagem imponente, mas se jogando para cenas de ação, fazendo trejeitos marcantes quando precisou, e passando bem o ar de uma dupla personalidade após um trauma, e sua bagunça funciona, o que acaba agradando sem soar falso demais no que faz. Já da sua turma não posso dizer o mesmo, pois mesmo soando engraçado em alguns momentos, Julien Arruti com seu Seb, Élodie Fontan com sua Éléonore e Tarek Boudali com seu Adam forçaram a barra com situações bem bobas, com Arruti completamente dominado por um remédio experimental, Élodie com a força e Tarek com atos bobos de amigo/namorado da mãe que soaram estranhos, mas que divertem no meio de tanta bagunça, ou seja, é o famoso forçadores de riso, que não ajudam muito, mas não atrapalham. Ainda tivemos outros muitos personagens bem colocados como a produtora maluca, o ator famoso e sua esposa riquíssimos que só estão na produção por emprestarem seu castelo, e até o pai policial que não se contenta com o fracasso do filho, mas sem dúvida o destaque desses fica para a jornalista Laure, vivida por Alice Dufour que no final ainda entrega uma boa surpresa na trama, mas que no miolo sofreu com a bagunça do protagonista.

Visualmente a trama é muito bem produzida com carrões, armas, brinquedos, perseguições, todo um aparato bem simples mas marcante para funcionar as sacadas comparativas com outros filmes de heróis, e assim sendo o resultado completo acaba chamando bastante atenção, pois se desenvolve a cada novo ato, e com trapalhadas acaba ficando tudo muito pior, ou seja, é aquela famosa equipe de arte que faz parecer tudo dar errado para que no contexto geral chame os holofotes para si, e assim sendo agrada bastante.

Enfim, é um filme que quem deseja rir e se divertir sem ligar para apelações pode ir tranquilamente para os cinemas, ou esperar ele aparecer legendado em alguma plataforma de locação, mas se eu que reclamo sempre de dublagens curti o que ouvi, posso dizer que dá para recomendar a ida mesmo com as piadas brazucas. Sendo assim, mesmo forçando a barra, o resultado agrada, diferente de muitos outros casos que já vimos a apelação ser sem graça, e assim fica a dica para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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