Toilet

11/14/2022 12:32:00 AM |

É sempre bacana ver uma comédia bem simples, principalmente para fechar um final de semana, e eis que resolvi dar o play em uma do Festival de Cinema Italiano que tinha uma boa nota mundo afora, e a opção foi o longa "Toilet", que além de simples é roteirizado, dirigido e atuado por um único homem Gabriele Pignotta, que foi bem sagaz com sua trama completamente econômica, ficando preso dentro de um ambiente só, sem muito o que ser usado ali, apenas dialogando e surtando pelo telefone, já que tem um grandioso contrato para assinar e o aniversário da filhinha no dia seguinte, ou seja, no começo até vai, mas depois o surto vem com tudo, e cheio de boas sacadas, algumas ideias interessantes e muitas atitudes divertidas, acabamos bem entretido com tudo, de forma que não é daqueles que você vai rir feito um maluco, mas que entrega algo bacana e é honesto dentro da proposta, de modo que dá para pensar em vários subprodutos da trama, e se algum diretor brasileiro for esperto copia o roteiro com algo bem pautado e funcional, só tendo a diferença que o banheiro não estaria tão arrumadinho como o da Itália. Vale pelo passatempo como um todo, mas está longe de ser algo brilhante.

A trama nos conta que Flavio Bretagna tem a reunião de negócios mais importante de sua vida. Entre os telefonemas dos clientes, as mensagens de voz da secretária e as ligações da ex-mulher, Flavio dirige seu carro em direção à oportunidade que há tempos esperava. Levado por uma sucessão de telefonemas, ele não percebe que tomou o caminho errado e para em uma pequena área de serviço. Ainda no telefone, freneticamente distraído, ele vai ao banheiro, mas quando tenta sair a porta está trancada. Ele grita por socorro, mas ninguém responde. Não há alma viva. Flavio está sozinho, trancado no banheiro de uma área de serviço remota e não faz ideia de onde está. Lá fora, a sua vida segue sem ele: a oportunidade de trabalho que esperava, o aniversário da filha com quem tenta recuperar a relação... O tempo passa, mas a situação não desbloqueia. Será que Flavio vai conseguir não perder tudo?

Diria que o diretor, roteirista e ator Gabriele Pignotta foi muito esperto em tudo o que entregou na sua trama, pois é um filme quase sem alegorias nenhuma, tendo apenas um cenário, e uma andada de carro, de modo que se ele quisesse daria para fazer tudo em estúdio, mas que aparentemente arrumaram um posto abandonado, deram uma arrumada para não ficar tão em destruição, e rolou tudo ali, com algumas poucas câmeras, alguns movimentos bem calculados, e ele apenas dirigindo e falando aonde deviam pegar melhores ângulos, ou seja, uma história rápida que facilmente seria ideia de um curta-metragem diretíssimo, mas que com boas conversas e algumas enrolações segurou o tempo suficiente para virar um longa bem feito, que felizmente não se arrasta, e assim o resultado até é bem interessante, tem alguns momentos divertidos, algumas boas sacadas, mas que poderia ser menor e talvez ter alguns elementos mais engraçados, mas passa e funciona, então mostrou atitude e agradou com o que fez pelo menos.

Sobre a atuação de Gabriel Pignotta posso dizer que seu Flavio é o famoso homem de negócios que não repara em nada no dia a dia, só vai correndo e fazendo tudo, e quando para e tem tempo para tudo, nem sabe o que fazer, não sabe quem convive com ele, não tem noção do tamanho dos furos que dá, e por aí vai, de forma que ele encontrou tantas nuances e expressões bem encaixadas que entretém demais durante todo o tempo, não soando artificial, nem fazendo bobeiras em cena, e assim ele acerta bem dentro do roteiro que desenvolveu e agrada demais. Quanto aos demais, só ouvimos suas vozes, mas Vanessa Incontrada foi muito bem como Marta, a secretária de Flavio e Pasquale Petrolo como Roberto, um tipo de sócio dele que está aguardando na reunião, e dessa forma deram boas entonações e desenvolvimentos para que o filme funcionasse e fluísse bem com o protagonista.

Visualmente volto a dizer que o longa foi muito barato de ser feito, pois é uma locação só, um banheiro de um posto, que não teve de ser muito enfeitado, tendo apenas as coisas tradicionais de banheiros, alguns rabiscos nas paredes, e nada mais, além do carro do protagonista e um celular para ir atendendo as ligações, ou seja, moleza total para a equipe de arte que provavelmente só precisou ficar de olho nas sequências para que nada ficasse fora do lugar durante as gravações e claro a pesquisa para encontrar um posto perfeito para isso, do resto passaram o filme inteiro dormindo.

Enfim, é daqueles exemplares de passatempo total, que você dá o play imaginando talvez algo mais aventuresco, aonde o protagonista precisaria sobreviver ali, tentar pular a janela (que pelo tamanho das grades daria para arriscar!), acontecer algo pior, mas que diverte dentro da simplicidade de tudo, e claro da boa atuação do diretor, então vale a recomendação dentro do Festival, e facilmente vai ser um filme que ao cair nos streamings vai fazer sucesso, pois tem estilo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...