Irmãos de Honra (Devotion)

12/09/2022 12:42:00 AM |

O bacana de alguns filmes baseados em histórias reais é que acabamos nos envolvendo muito com as dinâmicas entregues e também conhecemos mais de algumas histórias que praticamente nunca havíamos ouvido de tal forma que tudo passa a ser simbólico. E com a trama de "Irmãos de Honra", muitos vão acreditar que o longa seja um "Top Gun" requentado, mas aqui temos as histórias reais de alguns pilotos que lutaram na Guerra da Coreia, e claro com isso a história do primeiro piloto negro da Marinha americana, o qual acabou sendo homenageado aqui pelo filho do segundo piloto negro, no caso o diretor J.D. Dillard. E é uma trama bem dimensionada, tem histórias bem trabalhadas, e um desenvolvimento clássico da história para que ela tivesse rumos maiores do que apenas a história contada no livro de base, de tal forma que inicialmente o longa parece muito fechado, quase sem atos expressivos, e que de certa maneira até chega a cansar um pouco, porém quando tudo se desenvolve de forma maior, o filme encaixa o conteúdo completo e o resultado acaba agradando bastante, ou seja, talvez desse para cortar uns 20 minutos da trama para ganhar ritmo, mas acabaríamos não nos conectando tanto à ele, e assim sendo vale pela história toda, por atos espaçados bem fortes, e que mesmo sendo o tradicional longa patriótico americano não incomoda tanto.

O longa conta a história de dois pilotos de elite durante a Guerra da Coreia. Jesse Brown e Tom Hudner são aceitos em um esquadrão de elite da Marinha norte-americana, para treinamento. Hudner é um soldado impecável, e Brown é um piloto talentoso, que se tornaria o primeiro homem negro a voar em combate pela Marinha dos Estados Unidos. No esquadrão VF-32, eles serão levados ao limite para se tornarem os melhores pilotos enquanto formam uma forte amizade, que será testada no campo de batalha. Enquanto isso, o conflito entre o norte e o sul da Coreia começa e o esquadrão se posiciona para destruir um par de pontes no rio Yalu entre a China e a Coreia do Norte, mas apenas podendo atirar do lado coreano, o que será uma tarefa difícil.

Como falei no começo, o diretor J.D. Dillard é filho de um piloto negro da Marinha americana, que no caso foi posterior ao que Jesse Brown desencadeou na mudança de rumos, então conhecendo bem todo esse meio da aviação de guerra, ele pegou o livro de Adam Makos e soube trabalhar com minúcias para homenagear seu "herói", e todo esse elo de homenagens, de primeiras vezes, e claro até de conteúdo patriótico é levado ao máximo dentro da trama, o que certamente pode incomodar algumas pessoas, mas se entrarmos bem no clima que é trabalhado da personalidade de um homem que sempre foi colocado contra o sistema, de lhe empurrarem para não conseguir seus feitios, a história em si faz todo o sentido e nem podemos dizer que entre dentro do politicamente correto da atualidade. Ou seja, é um filme que tem toda uma essência, mas que também tem grandes defeitos, o principal é o ritmo lento no começo que exageraram para tentar criar um clima, mas temos alguns elos de atos forçados também, principalmente no final na cena que a atriz não parece estar com o sentimento necessário para o ato, ficando levemente artificial, mas que entre créditos e débitos, o resultado agrada, e o diretor conseguiu sair muito melhor aqui do que seus longas anteriores.

E já que comecei a falar das atuações, Glen Powell já deve estar pronto para pilotar aviões de guerra caso seja convocado para uma eventual guerra futura, afinal já é o seu segundo filme como piloto de caça nesse ano, e novamente entrega muita personalidade, de forma que seu Tom Hudner tem estilo, tem carisma sobrando e consegue chamar para si a responsabilidade de muitas cenas, ou seja, acertou em cheio com o que precisava fazer. Já Jonathan Majors tem crescido muito em Hollywood nos últimos anos, e no ano que vem vai aparecer em dois dos maiores blockbusters do ano, ou seja, já mostrou muita qualidade de atuação, e aqui seu Jesse Brown é o nome a ser homenageado, então diria que pegaram leve em algumas cenas, deram algumas forçadas para comover com alguns atos, mas o ator soube ser chamativo, e isso mostra que ele tem personalidade e desenvoltura, ou seja, talvez pudesse ser um pouco menos marrento, mas acertou no tom e agradou. Ainda tivemos atos bem marcantes de Thomas Sadoski como Dick Cevoli que comandou toda a operação com trejeitos bem leves e interessantes, Joe Jonas foi simples mas divertido com seu Marty Goode, e dentre as mulheres da trama tivemos Serinda Swan belíssima como a atriz Elizabeth Taylor num cassino francês, mas sem dúvida os ares mais fechados foram bem trabalhados por Christina Jackson como a esposa do protagonista, Daisy Brown que foi segura e bem direta nos atos que o diretor precisou dela.

Visualmente o longa foi muito bem trabalhado, com boas cenas de guerra, vários atos com aviões bem marcantes, algumas dinâmicas bem colocadas mostrando o alojamento minúsculo dentro do porta-aviões gigantesco, alguns bons momentos em Cannes nas praias e cassinos, e claro muito simbolismo de figurinos de guerra e de gala para os soldados, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem na forma representativa e conseguiu chamar atenção.

Enfim, é uma trama que impressiona pelo tamanho, mas que diria que escolheu talvez o ano errado para o lançamento, afinal "Top Gun - Maverick" demorou anos para ser lançado e explodiu como um dos melhores filmes de 2022, e vir com algo bem semelhante agora, mesmo com uma história real sendo contada vai ser algo extremamente comparativo, mas é bem bacana todo o resultado, a música final de Joe Jonas e Khalid emociona bem, e assim sendo vale a recomendação para todos, então fica a dica. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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