Como já disse o diretor Oriol Paulo fez grandes filmes originais para a Netflix, e aqui ao pegar um livro para adaptar ao seu estilo acabou exagerando em algumas reviravoltas desnecessárias, confundiu mais do que surpreendeu os espectadores, e acabou entrando um final meio simplório demais para uma trama sua, e não que o longa seja ruim, pelo contrário toda a maluquice nos pega, mas ficou faltando ser algo mais intenso, com pegada que tanto gostamos de ver nos seus filmes. Claro que temos algumas surpresas no caso dos gêmeos, no crime se repetindo quase da mesma forma, e até mesmo com o desenrolar da cena final, mas pareceu levemente artificial essas mudanças bruscas, não fluindo como é o tradicional estilo do diretor. Ou seja, é daqueles filmes que talvez no livro você fique desesperado folheando rápido para saber o final, mas no longa tudo se repetiu tanto que mais cansa do que empolga.
Sobre as atuações, acho que erraram na escolha da protagonista, pois Bárbara Lennie é uma tremenda atriz, mas não aparenta a idade que lhe foi jogada, ao ponto que ficou um pouco estranho algumas facetas de sua Alice em cena, mas conseguiu dominar muito bem seu texto, trabalhou devidamente cada nuance e marcou o território com ares duplos sem titubear, e assim agradou, mas talvez uma atriz mais velha chamasse mais atenção, ou jogar sua personagem para algum estilo mais jovial que também agradaria. Eduard Fernández foi bem direto com seu Samuel, de modo que o diretor do hospital sabe bem como manipular e como ser forte nos atos, não deixando de lado a personalidade por nenhum momento, e isso era o que tinha de fazer, claro que soou exagerado em alguns momentos, mas precisava disso. Loreto Mauleón pareceu estar meio que assustada em todas as cenas de sua Montserrat, ao ponto que mesmo nos atos finais que se impõe um pouco mais, seus olhares ficavam sempre duvidosos de tudo, e isso pesou, pois o papel necessitaria de alguém um pouco mais forte de estilo. Já com Javier Beltrán já foi exatamente o inverso, pois seu César tinha tudo para ir muito mais além na trama e acabou travado nas cenas menos expressivas, ao ponto que suas duas cenas de dueto com a protagonista foram intensas e bem marcantes, e valeria ter usado mais ele. Dentre os demais, ainda vale destacar Pablo Derqui com seu Urquieta que tem problemas com água, mas é refinadíssimo dentre os malucos do sanatório, temos Samuel Soller muito bem encaixado com seus Rômulo e Remo, e Francisco Javier Pastor como Homem-Elefante que nem precisou falar nada para se impor, mas ver Federico Aguado tomando pauladas com os diálogos da protagonista para cima de seu Ruipérez foi o melhor logo no começo da trama.
Visualmente arrumaram provavelmente um hospício realmente bem amplo para filmar, com várias alas, muitos figurantes (ou malucos realmente!), bons elementos cênicos para chamar as nuances investigativas da trama, e todo um contexto de época interessante de ver, principalmente nas lembranças ou montagens fora do hospital, com uma casa bem rica, uma festa de final de ano chique e alguns jogos de polo, ou seja, tudo bem rico de detalhes, que até valeria ter ido um pouco a mais para funcionar melhor, mas foi bem representativo com as cenas de "tratamento".
Enfim, é um filme demasiadamente longo pela proposta entregue, com repetições de atos para tentar confundir, várias versões entregues, e algumas nuances de personagens que não acabaram chamando a atenção que deveria, ficando um filme morno que dava para cortar pelo menos uns 20 a 30 minutos, e isso em um suspense é errar a mão. Sendo assim, volto a frisar que não é algo ruim, talvez eu tenha esperado um pouco a mais dele por gostar do trabalho do diretor, mas que não me surpreendeu em nada, então fica a dica apenas como um passatempo para quem estiver com muito tempo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...